Sucesso de audiência no serviço de streaming Netflix, a série alemã ‘Dark’ chega a sua terceira e última temporada e com a missão de fechar com chave de ouro um projeto que chamou bastante a atenção do público no tocante à narrativa apresentada no gênero ficção científica. Assuntos como a ciência e a religiosidade se fizeram presentes em todos os episódios e também aparecem nos oito episódios finais. Desta vez nos perguntamos: Existe apenas uma realidade ou há realidades paralelas? Tudo acontece por conta do destino ou os acontecimentos ocorrem em decorrência das escolhas feitas pelas pessoas?
A história é situada Winden, que está prestes a vivenciar o apocalipse, numa série de colisões que vão acontecer entre dois mundos, o da luz, onde vive Marta, e o da sombra, de Jonas. A missão de ambos é a de salvar o máximo de vidas possível, mesmo que aconteça o inevitável. Mas será que eles vão conseguir? Há ainda algum segredo que não foi desvendado? Viagens no tempo de 33 anos no passado e no futuro se fazem necessárias, mas a produção vai além e consegue mostrar uma sociedade do século XIX, do ano de 1888, representada por ancestrais dos personagens da série, além de um futuro com uma Winden sombria e cheia de destroços em 2050.
A narrativa é atrativa e envolvente, as árvores genealógicas representadas na parede de um bunker ilustram que as histórias de todos os personagens são importantes, não há peças soltas, e uma analogia interessante é feita, como a de peças em um jogo de xadrez. Se houver alteração em uma delas, tudo irá mudar, e as consequências são graves, não só para os que vivem os conflitos, mas toda a humanidade. Um artefato valioso também ganha holofotes, além das famosas passagens na caverna para mundos tão distópicos e ao mesmo tempo chamativos, com os característicos “eus mais velhos” dos personagens.
Os efeitos visuais e as montagens são outros ingredientes para a última temporada funcionar bem e encerrar um ciclo que já se iniciou caótico. As descaras elétricas e a desintegração de partículas atômicas são ilustradas com perfeição e a sensação é a de fim de mundo, porém algumas reviravoltas ocorrem e deixam a trama ainda mais empolgante. Há também muitos paradoxos que são abordados, os principais no que concerne ao tempo e ao espaço e o visual também ajuda a mostrar isso, com tela dividida entre passado e presente, além da narração off.
Por fim, os personagens tornam a trama interessante e atiçam a curiosidade do espectador para quais passos serão ou não dados e o que o futuro os reserva. Jonas passa por altos e baixos, e quando você pensa que ele está derrotado, um grande salto é dado por ele que desde o início de sua aventura, na primeira temporada, tenta consertar tudo do seu jeito. E Marta passa a ser mais explorada, com grande importância na temporada derradeira. Se a história já é impactante e os personagens com comportamentos questionáveis, há abordagens científicas importantes, sobre a origem do caos, a conexão entre passado e presente explicada por meio de analogia dos nós e os erros que os seres humanos cometem, além de seus desdobramentos em suas vidas.
‘Dark’ mostrou que ainda há muito a ser explorado no comportamento humano e seus desdobramentos, além de discussões importantes e que rendem muito assunto, no campo da ciência, da filosofia e da religião. Um ciclo muito bem encerrado e com um desfecho que deixou o espectador impressionado com as inúmeras abordagens feitas e as possibilidades que a ciência pode proporcionar. Vale a pena assistir.
Cotação: 5/5 poltronas.





