PROTAGONIZADO POR CHARLOTTE RAMPLING, A MATRIARCA ESTREIA NOS CINEMAS

PROTAGONIZADO POR CHARLOTTE RAMPLING, A MATRIARCA ESTREIA NOS CINEMAS

Atriz interpreta uma ex-correspondente de guerra, que precisa se conectar com o neto rebelde num filme que combina drama e comédia
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ig5c00vyrZg

A MATRIARCA, longa-metragem de Matthew J. Saville, protagonizado pela atriz inglesa Charlotte Rampling chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 28 de março, com distribuição da Pandora Filmes e classificação indicativa de 16 anos. O filme estreia nas seguintes cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Florianópolis, Recife, Porto Alegre, Vitória, Salvador, Ribeirão Preto, Curitiba, Manaus e São Luís.

Rampling, atriz de blockbusters, como “Duna: Parte 2”, e filmes independentes, como “45 Anos”, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, interpreta Ruth, uma famosa correspondente de guerra que agora está aposentada e com problemas com álcool. Ao ser expulso do internato, seu neto, Sam (George Ferrier), se surpreenderá ao encontrar aquela mulher que, até então, ele não conhecia, morando na antiga casa da família. O encontro entre os dois, num primeiro momento, é violento, mas, quando são obrigados a passar um tempo juntos, suas vidas irão se transformar.

Saville, que também assina o roteiro, conta que partiu de experiências pessoais para criar esse seu primeiro longa. “Quando eu tinha 17 anos, minha avó alcoólatra quebrou a perna e se mudou da Europa para morar na Nova Zelândia, na casa de sua família. Ela viveu uma vida incrível, esteve na Espanha durante a Guerra Civil Espanhola, enfrentou a África e bebeu gim suficiente para conservar um elefante. Na verdade, quando a conheci, ela bebia dois terços de uma garrafa de gim todos os dias. Ela era afiada, charmosa, engraçada e rude. Ela levou todos nós às lágrimas, mas também às gargalhadas. ”

Em A MATRIARCA, confessa, partiu dessas experiências e de seu relacionamento com a avó para criar um filme que “trata de alguns dos temas mais fortes a que somos confrontados como humanos: vida, amor, morte, tristeza, vergonha e nossa própria mortalidade. Este é um filme sobre a escolha que fazemos como humanos de viver e morrer, como lidamos com a dor e como aceitamos vida. Embora os temas sejam sombrios, seu tom é cômico e o drama não tem nada de sentimentalismo.”

Desde o começo, ele queria Charlotte para o papel principal. “Eu nunca tive certeza de que poderia convencê-la, mas também me senti confiante de que se ela lesse o roteiro, ela poderia se interessar.” Já a atriz confessa que o roteiro chamou sua atenção logo que começou a ler, e o fato de ser uma produção independente a animou. “Eu gosto de fazer filmes com uma equipe de produção menor também. Você sente que pode embarcar em uma aventura de uma maneira que você não pode com uma grande produção.”

Saville aponta que, mesmo partindo de suas experiências pessoais, A MATRIARCA traz uma história universal. “Espero que o filme seja uma experiência transformadora para o público. A história contém temas sombrios, mas acho que as pessoas sairão com um sentimento de esperança e acreditando que podemos superar as coisas que nos separam.

Em entrevista recente para o jornal O Globo, Charlotte Rampling reflete sobre a atuação e a relação que tem com os personagens que costuma interpretou. “Com todos meus personagens, eu gosto de sentir que aquela é uma vida que eu poderia levar, que eu poderia ser aquela pessoa. Dessa forma, acredito no que estou fazendo (…). Gosto de refletir as qualidades humanas que acho interessantes. Talvez eu não tivesse a coragem de viver uma vida como a de Ruth, mas ao fingir você acaba vivendo emoções reais”.

Ganhador do Prêmio de Atriz no BIFEST – Bari International Film Festival, o longa tem recebido diversos elogios. “O filme tem charme espinhoso, em grande parte por causa da agressiva Rampling, cuja personalidade de ‘ice queen’ aqui abrange humor seco e tragédia fulminante”, escreveu Beatrice Loayza, no The New York Times. Já Erick Massoto disse no The Colider: “O filme é um daqueles que encapsula lindamente experiências de vida”.

Sinopse
Ruth (Charlotte Rampling) é uma ex-correspondente de guerra, agora entediada na aposentadoria com um problema com bebida e uma perna recentemente fraturada. Sam (George Ferrier) é seu neto rebelde, recentemente expulso do internato e sofrendo com a morte de sua mãe. Quando os dois são reunidos sob o mesmo teto, eles formam um vínculo inesperado.

Ficha Técnica
Direção: Matthew J. Saville
Roteiro: Matthew J. Saville
Produção:  Desray Armstrong, Angela Littlejohn
Elenco: Charlotte Rampling, Marton Csokas, George Ferrier, Edith Poor
Direção de Fotografia: Martyn Williams
Desenho de Produção: Mark Grenfell
Trilha Sonora: Mark Perkins, Marlon Williams     
Montagem: Peter Roberts
Gênero: drama, comédia
País: Nova Zelândia
Ano: 2021
Duração: 94 minutos

Sobre a Pandora Filmes 
A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos recentes incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e os vencedores da Palma de Ouro de Cannes “The Square: A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e “Parasita”, de Bong Joon Ho.Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Ruy Guerra, Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo Galvão, Armando Praça, Helena Ignez, Tata Amaral, Anna Muylaert, Petra Costa, Pedro Serrano e Gabriela Amaral Almeida.
Poltrona Cabine: A Matriarca/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: A Matriarca/Cesar Augusto Mota

Pequenos gestos podem não ser nada, mas significar muito para pessoas se sentirem suficientemente acolhidas e abraçadas. Com essa premissa mergulhamos no filme ‘A Matriarca’ (Juniper), obra escrita e dirigida por Matthew J. Saville, com Charlotte Rampling como protagonista. Um filme reflexivo, cômico e recheado de emoções.

Rampling vive Ruth, uma correspondente de guerra que está aposentada e possui problemas de saúde decorrentes do consumo de álcool. Após ser expulso de um internato, o neto Sam (George Ferrier) irá se surpreender ao encontrar a avó que não conhecia, na antiga casa da família. O encontro entre eles inicialmente não é nada amistoso, mas são obrigados a conviver e suas vidas dão importantes reviravoltas.

Com uma personalidade rude e difícil, a protagonista passa por um complexo arco dramático, sejam nas cenas solo ou nas em que interage com o neto Sam, com os nós aos poucos sendo desatados. Segredos do passado de Ruth são ao pouco revelados, que passam a fazer diferença na relação com Sam, e que vão impactar na relação com os demais personagens da trama. E Sam, além dos problemas que possui com o pai, oriundos de um relacionamento distante, passa a compreender que ele pode fazer a diferença não só na vida de sua avó, mas na de si próprio.

Temas importantes e que podem ser pesados, como solidão, morte e dor, são abordados com muita sutileza e bom humor, o que acaba por ser bem recebido pelo público, que passa a debater sobre as formas como enxergamos a vida e maneiras de resolver os problemas cotidianos. O uso do drama é preciso, sem exageros ou apelação para o sentimentalismo, e a simplicidade das ações e o carisma dos personagens são outros pontos altos, tornando a experiência mais agradável.

A química entre os atores é impressionante, com a impressão de que Charlotte Rampling e George Ferrier já se conhecem há um longo tempo, e a atuação de um completa a do outro, sem deixar pontas soltas na história e com uma conclusão satisfatória. Quem acompanha a história sente empatia pelos personagens e torce por eles, numa montanha russa de emoções.

‘A Matriarca’ oferece uma experiência épica e inesquecível, com lições para toda a vida. Uma jornada que merece ser conferida e compartilhada.

Cotação: 5/5 poltronas. 

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Operação Red Sparrow/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Operação Red Sparrow/ Cesar Augusto Mota

Acostumada a todo tipo de produção, desde as que focam em emoções e conflitos amorosos, bem como as que exploram fortes sequências de ação com muita adrenalina, Jennifer Lawrence segue sua trajetória de sucesso, agora em um longa que a fará sair da zona de conforto e que exigirá dela total entrega ao personagem. Com cenas que vão explorar sua inteligência, sensualidade e, principalmente, sagacidade, ‘Operação Red Sparrow’, produção da Fox Films dirigida por Francis Lawrence (da franquia Jogos Vorazes), fará Jennifer enfrentar um grande desafio, a de convencer com uma personagem inserida num cenário de corrida espacial entre Estados Unidos e Rússia, mesmo que tenha entrado nesse contexto na marra.

O enredo nos mostra Dominika Egorova (Lawrence), jovem bailarina da Companhia Bolshoi, que sofreu um repentino acidente enquanto se apresentava no palco e se vê forçada por seu tio Vanya (Matthias Schoenaerts) a se tornar uma espiã e se tornar “útil” ao seu país. Ela é levada para treinar na academia dos pardais, como são conhecidos os espiões russos, mas os métodos utilizados são um tanto peculiares, que utilizam métodos de tortura e degradação e outros que primam por empregar o charme, a luxúria e a perversão, tudo para a obtenção de informações sigilosas de espiões inimigos, sedução de rivais e, em diversas oportunidades, para desmascarar ou assassinar os alvos. E sua primeira mira é Nate Nash (Joel Edgerton), agente da CIA responsável por administrar a infiltração mais delicada da agência russa de inteligência. Nash saiu da Rússia de forma misteriosa e deixou pistas de que recebe o apoio de um informante, traidor do Kremlin. Ao se conhecerem, os dois entram em uma enorme espiral, que vai desde o encantamento até a decepção, colocando em risco suas carreiras e a segurança de Estados Unidos e Rússia. Uma enorme onda de tensão que vai mexer com os nervos dos espectadores.

Por se tratar de um filme de espionagem, comparações com ‘Atômica’ e ‘SALT’ sem dúvida vão surgir, mas ‘Operação Red Sparrow’ passa bem longe e não lembra nem um pouco o universo dessas duas superproduções. O roteiro não foca em cenas de ação, não há nenhuma durante os 139 minutos de projeção, mas destaca a questão da sobrevivência, já que Dominika precisa cuidar de sua mãe doente e não vê saída para desistir de seu novo trabalho, além das operações secretas, as sessões de tortura e todo o esquema de vigilância montado para a captura e o interrogatório dos suspeitos até a chegada aos alvos, o agente Nate e o informante que o acoberta. O ritmo ditado pela narrativa é irregular, só a primeira parte leva cerca de 30 minutos antes de apresentar a protagonista como espiã, há uma série de reviravoltas que prejudicam a história, mas seu desfecho corrige as imperfeições e traz ao público um fechamento digno de uma trama de altos e baixos.

Se a história apresenta problemas, não se pode dizer o mesmo da parte técnica. O diretor Francis Lawrence, já acostumado a trabalhar com Jennifer Lawrence desde a franquia Jogos Vorazes, soube muito bem explorar as capacidades físicas e psíquicas da atriz, com o auxílio de interiores opacos e planos bem abertos e enquadramentos que valorizam as atuações dos protagonistas e dos atores secundários. A fotografia é de uma extrema elegância, o espectador passeia por diversas paisagens da Rússia ao mesmo tempo em que convive com a atmosfera angustiante, tensa e frenética dos espiões em busca de seus alvos.

Com uma personagem que oferece diversos atrativos, Jennifer Lawrence consegue se destacar em um filme cheio de sobressaltos, indo além dos seus limites e ilustrando uma personagem fora do universo ao qual ela está acostumada a interpretar. Ela carrega a produção e permite aos outros atores se destacarem, como Joely Richardson, mãe de Dominika, e Charlotte Rampling, a treinadora dos Red Sparrows. Joel Edgerton tem uma atuação discreta e entrega tudo o que seu personagem permite, e Jeremy Irons, mesmo que presente em poucas cenas, brilha intensamente. E menção honrosa também para Matthias Schoenaerts, ator belga que já havia se destacado em produções como ‘Ferrugem e Osso’, de Jacques Audiard, e Suíte Francesa(2015), de Saul Dibb, além de ter participado de Garota Dinamarquesa (2015), filme com várias indicações ao Oscar 2016. E ele não faz feio, interpretar o Vanya Egorov, tio da protagonista, foi um grande desafio, o personagem que provoca os acontecimentos mais tensos da trama, além de ser a peça chave da máfia russa contra os espiões norte-americanos, uma atuação de primeira.

Uma superprodução com um roteiro impreciso, que peca pela ausência de ação e abusa das cenas com luxúria, mas que é compensado pelas atuações de seu elenco e pela bela representação visual, ‘Operação Red Sparrow’ é um filme mediano e que poderia ter sido mais bem desenvolvido para seu público. Um gênero que prima pela dinâmica e empolgação, que faltarem nesse longa, uma pena.

Avaliação: 3,5/5 poltronas.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota