Poltrona Resenha: Chocante/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Resenha: Chocante/ Cesar Augusto Mota

Que tal um filme nostálgico, para matar as saudades das boy bands dos anos 80 e 90, mas em forma de sátira, com o antes e depois de celebridades até então instantâneas e que precisaram seguir rumos opostos em decorrência das circunstâncias da vida? Com tudo isso exposto, parece que ‘Chocante’, da Imagem Filmes, é um filme com roteiro rico, atores em sintonia e uma história com muitas risadas. A última parte sim, mas o restante, não é o que parece.

A trama acompanha a trajetória de Tim (Lúcio Mauro Filho), Clay (Marcus Majella), Téo (Bruno Mazzeo) e Tony (Bruno Garcia), quatro amigos que já estão na faixa dos quarenta anos e há duas décadas formaram um conjunto que fez sucesso por cerca de oito meses e no estilo Dominó e Menudos: Chocante, que intitula o filme. O quinto integrante, Tarcísio, falece, e todos se reúnem em seu funeral para relembrar os tempos de fama e resolvem voltar e fazer um show, como nos velhos tempos. Mas antes de um possível reencontro com o público, ficamos a par da vida de cada um deles, e a sensação de que todos eles lamentam muito terem uma trajetória de um relativo sucesso interrompido.

As pequenas subtramas que são apresentadas, com Clay sendo promoter em um supermercado; Téo como cinegrafista de filmes independentes, Tim vivendo em Macaé e trabalhando como médico do Detran e Tony como motorista; de Uber em um momento e de táxi em outro, todas parecem soltas, sem nenhuma ligação. Há pouco aprofundamento e personagens são um tanto apáticos. Quem traz um pouco de entusiasmo na história é a fã apaixonada e ensandecida Quézia (Débora Lamm), a encarregada por reunir o grupo e cuidar das lembranças do passado, como fotos, vídeos, produtos que levaram o nome do grupo. Quézia é quem se prontifica a dar um ânimo a todos, que mais se lamentam pelo passado perdido e o present e decepcionante, do que relembrar com alegria e saudosismo de uma época em que foram felizes e fizeram pessoas se divertirem e sorrirem.

E onde está o conflito na história? Parece que não existe, a narrativa não apresenta muita emoção, e os personagens secundários, como o empresário Lessa (Tony Ramos) e Dora (Klara Castanho), filha de Téo, ambos com pouco espaço na tela. Mas apesar da mínima exposição, eles possuem importância e nos brindam com momentos muito divertidos. As locações e figurino são de ótima qualidade, nos fazem relembrar a década de 80 e 90 e fazemos uma viagem no tempo, e a música do grupo, Choque de Amor, além de ter uma letra que lembre sucessos do Menudo e do Dominó, tem um refrão chiclete e de fácil memorização, o público gosta e rapidamente se empolga.

Cada ator se destaca de um jeito diferente, Marcus Majella pelo personagem divertido e espalhafatoso, seja no Chocante ou no supermercado, com venda de peixes, Bruno Garcia com sua exposição caricata, Lúcio Mauro Filho e Bruno Mazzeo são um pouco mais dramáticos e focam mais na emoção, eles nos mostram dois irmãos com suas diferenças e mágoas, porém unidos. E menção honrosa para Pedro Neschling, que interpreta Rod, uma espécie de quinto elemento do grupo Chocante, que irá fazer uma forte crítica ao mundo das celebridades com seu personagem. Um elenco de primeira linha, que ainda terá participações para lá de especiais.

Se ‘Chocante’ não nos traz um grande enredo, consegue cativar o público mais saudosista e nos diverte bastante. Mesmo com uma música um tanto cafona, é difícil ficar parado.

Avaliação: 3,5/5 poltronas.

 

 

Por: Cesar Augusto Mota