A famosa boneca possuída por um espírito maligno que sempre necessitou de um corpo para sobreviver está de volta. Annabelle foi trancada em uma redoma de vidro pelo casal de demonólogos e especialistas em bruxaria, Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Varmiga), dentro de uma sala com os mais variados e sinistros artefatos no porão da casa do casal. Para Lorraine, o mal está contido e não há mais o que temer. Será mesmo? Com a presença dos atores principais da franquia e também de Invocação do Mal (The Conjuring), ‘Annabelle 3: De Volta pra Casa’ (Annabelle Comes Home), sob a direção de Gary Dauberman (A Freira), vem com o intuito de provocar mais sustos e fazer ainda mais barulho, mas sem depender tanto assim da boneca. Um desafio e tanto.
O casal Ed e Lorraire Warren, antes de sair de viagem, chama um padre para abençoar o local onde a boneca Annabelle foi trancafiada e para ter a certeza de que ela não irá mais incomodar ninguém. E para cuidar da filha Judy (McKenna Grace), os Warren a deixam sob os cuidados de Mary Allen (Madison Iseman), uma jovem carismática e responsável, que também traz para a mansão a amiga Daniela Rios (Katie Sarife). Por conta de uma curiosidade de Daniela, sobre uma matéria que sai em jornal sobre a veracidade ou farsa dos trabalhos realizados pelos Warren, referentes a estudos sobre espíritos e até mesmo sessões de exorcismo, a jovem resolve investigar o local onde o casal guarda os mais estranhos objetos e acaba por descobrir algo que vai mexer com os rumos da história: Annabelle, mesmo trancada, consegue atrair espíritos e fará despertas a ira de novos demônios, como ‘A Noiva’ e ‘O Barqueiro’, duas figuras horripilantes e que trarão ainda mais combustível e tensão à narrativa. E o alvo principal deles passa a ser justamente Judy, a filha de 10 anos dos Warren.
O roteiro, também assinado por Dauberman, apresenta uma história centralizada nas três personagens femininas, Daniela, Mary Ellen e Judy, e boa parte das ações concentrada na mansão Warren. Os momentos de humor ficam a cargo de Bob (Michael Cimino), balconista de supermercado e crush de Mary Ellen. Cada demônio tem o seu espaço, devidamente bem explorado, todos eles apresentam bons sustos e os jump scares utilizados reforçam o quão eles foram bem encaixados na história, e o recurso não soa repetitivo. Os CGIs e efeitos especiais são de excelente qualidade, e a ambientação utilizada mostra que a franquia segue firme e forte e com possibilidade de ir além.
Mas, mesmo em se tratando de um filme do gênero terror, o humor também ganha espaço, e de uma forma exacerbada. A abordagem sobre bullying e a zombaria das demais crianças com a pequena Judy por conta da profissão dos pais são compreensíveis, mas a presença de piadas chulas sobre namorados e o apelido jocoso dado a Bob acabam por minar um pouco o clima de tensão instaurado, tendo em vista que em boa parte do tempo as pessoas mais riem do que sentem medo ou tomam sustos. Apesar de o foco ser nos jovens, segundo James Wan (Invocação do Mal), o produtor do filme, a tensão e o terror psicológico não podem ficar em segundo plano. Um ponto negativo da produção.
O espectador, nessa sequência, terá mais motivos para se preocupar, pois há mais entidades com as quais ele vai se deparar e se assustar. Além de Annabelle, temos ‘A Noiva’, muito parecida com ‘A Freira’, tanto na caracterização e na maneira como aparece’, ‘O Barqueiro’, com duas moedas sobre os olhos, e diz a lenda que se você não o pagar, sua alma vai levar. Em cada cômodo da casa, uma criatura, uma nova surpresa e, sem dúvida, nervosismo às alturas, sons altamente estrondosos e muitos objetos destruídos.
As atuações são positivas e todo o elenco se mostra coeso. Vera Farmiga (Godzilla II: Rei dos Monstros) e Patrick Wilson (Aquaman), apesar do pouco tempo em que aparecem, continuam a mostrar um casal forte e imponente e disposto a enfrentar tudo, desde o caos e ameaças dos espíritos em sua casa, como o olhar desconfiado da vizinhança e da imprensa em relação ao ofício que possuem. O destaque maior fica com a pequena McKenna Grace (Capitã Marvel), ela se mostra segura e desinibida com uma personagem que precisa se mostrar contida em boa parte do tempo e convencer com seus gritos e sustos em um universo sombrio e que se mostra quase que sem saída para ela. Uma grata surpresa da trama.
Numa dose de humor e horror, ‘Annabelle 3: De Volta pra Casa’ brinda os espectadores com entidades sinistras, dispostas a tudo para abocanhar almas, além de nos mostrar que a icônica Annabelle ainda desperta arrepios e tem muito chão pela frente. Que possa ser numa sequência ou até a presença em Invocação do Mal, que se estabeleceu no gênero e mostrou ser uma das melhores obras de horror da história. Fica a expectativa.
Cotação: 3,5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota
