
Arte e ciência costumam andar lado a lado na vida das pessoas, seja para contemplação ou explicação dos fenômenos do cotidiano. E a maneira como ambos são inseridos em um contexto podem chamar fãs da sétima arte para reflexão. “Termodielétrico”, de Ana Costa Ribeiro, possui esse intuito e proporciona uma viagem pelo passado e traça um paralelo com o presente.
A obra é inspirada na trajetória de Joaquim da Costa Ribeiro, pioneiro da Física no Brasil e inventor do Termodielétrico, objeto de discussão do documentário. Ana Costa, neta de Joaquim, traz imagens de arquivo e reais, visita plantações de palmeiras, jazidas minerais e laboratórios, e convida o espectador a pensar sobre os fenômenos naturais que norteiam nossa vida.
A narração off de Ana Costa, bem como as imagens das viagens de seu avô e os trabalhos desenvolvidos por ele no campo da Física são os principais ingredientes de ˜Termodielétrico”. Perguntas acerca da energia solar, eólica, os comportamentos experimentados diante de adversidades, bem como os relatos da própria diretora acerca dos ensinamentos aprendidos com o avô Joaquim tornam prazerosa a experiência de acompanhar o documentário, de setenta e dois minutos.
Além da estrutura de narração off e perguntas direcionadas da diretora ao público, a fotografia com cores frias também é outro elemento chamativo. O espectador faz uma emocionante viagem no tempo, se deparando com um Brasil em desenvolvimento nos anos 40 e 50, e realiza um retorno abrupto ao presente, se surpreendendo com as mudanças que o campo da Física proporcionou no dia a dia das pessoas. Em dados momentos, temos uma narração em forma de poesia, tendo em vista as belezas que podemos contemplar e as maravilhosas experiências que a vida oferece.
“Termodielétrico” não é apenas didático, é uma carta de amor ao cinema, com ponte entre passado e presente, memórias inesquecíveis e reflexões pertinentes sobre o que fazemos, poderíamos ter feito e o que se faz necessário para um futuro diferente e de melhor contemplação. Uma obra contagiante e necessária.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota