Maratona Oscar: Melhor Ator/Anna Barros

Maratona Oscar: Melhor Ator/Anna Barros

Vi todas as atuações dessa categoria e confesso que os desempenhos foram espetaculares. Joaquin Phoenix se supera em Coringa: perde peso, traça um perfil psicológico de alguém que é doente mental, vive à margem da sociedade e acaba virando psicopata. Uma performance sensacional que arrebatou todos os prêmio até aqui. Mas ainda prefiro o Coringa de Heath Ledger. Minha torcida vai para Adam Driver que é espetacular em História de um Casamento. um homem egoísta, egocêntrico, que trai a mulher e coloca seu casamento em risco acabando por se divorciar. Daí o casal trava uma batalha sem fim pela guarda do filho. Adam é demais. Traz tanta profundidade e verdade a um papel denso e difícil.

Jonathan Pryce brilha demais como o Papa Francisco no belíssimo Dois Papas, filme do nosso Fernando Meireles. Seu olhar, seu gestual, seu andar, suas expressões, todas invocam Francisco. Jonathan arrebenta.

Também gosto de Era uma Vez em Hollywood e do desempenho de Leonardo Dicapprio como o ator decadente que se apega os papéis em westerns para sobreviver com sua arte. Sua melancolia e quase depressão cativam. E também a extraordinária história de Tarantino que é uma ode ao cinema. Um filme que me tocou muito. Mesmo sabendo que Brad Pitt como coadjuvante rouba a cena de DiCapprio e deve levar a estatueta dourada no dia 9 de fevereiro.

Antonio Banderas, o ator espanhol preferido de Almodóvar vive o alter ego do cineasta e simplesmente arrasa. Sua performance é profunda, sensível e de uma tocante construção de alguém que busca se reinventar e fazer a pazes com seu passado ao relembrar a infância, sua mãe e o início de sua carreira como cineasta. Mostra também seus vícios e fragilidades físicas. É um desempenho muito bom.

A categoria está muito bem representada e todos mereciam ganhar um pedacinho do Oscar.

A posta é Joaquin Phoenix. A torcida continua com Adam Driver. Achei eu desempenho difícil, complexo mas terrivelmente humano. O desempenho de Phoenix é sensacional mas a impressão que tenho é que o filme é centrado nele, o roteiro faz com que ele se destaque com a finalidade de ganhar o prêmio. Ma realmente deve levar. Levou o Globo de Ouro. o SAG Awards, o  Bafta e o Ocar é a coração de um ano perfeito.

Felizes somos nós, cinéfilos, amantes do cinema, que podemos ver atuações tão maravilhosas sob a batuta de atore tão talentosos, dos mais diferentes estilos

A conferir!

Maratona Oscar: História de um Casamento/Anna Barros

Maratona Oscar: História de um Casamento/Anna Barros

O filme fala de um casal que decide se separar após a descoberta da traição do marido. Essa poderia ser mais uma história de um casal brigando por um divórcio mas é mais do que isso. Mas vai além disso: há uma discussão de relacionamento profunda entre Nicole e Charlie acrescentando a briga pela guarda do filho, Henry. O filme é tipicamente americano e  parece um Antes do Amanhecer modernizado com um roteiro bem feito e uma direçao bem realizada. Você vê o filme e mesmo eu sendo solteira e nunca ter me casado, me sinto impactada.

As atuações são soberbas. Scarlett Johanson se esforça muito e consegue sua indicação ao Globo de Ouro como Melhor Atriz e torçamos para o Oscar. Adam Driver arrebenta como o marido Charlie. Manipulador, egoísta e egocêntrico que, para não perder em definitivo a guarda do filho Henry, acaba se descascando com uma cebola, perdendo camadas, mesmo, e mostrando seu lado mai sensível e humano. A atuação é magnífica e pode dar arrepios  na pretensões de Joaquim Phoenix como Coringa, também indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator e ao zarão Antonio Banderas por Dor e Glória. A atuação é espetacular, visceral. Outro destaque e pule de dez na categoria Melhor Atriz Coadjuvante é Laura Dern, como a advogada de Nicole que quer tirar o tubos de Charlie e impo~e um discurso de empoderamento feminino e seus direitos. Você vê o filme e já imagina nas premiações que ela irá concorrer. Ela é espontânea, profunda e flui numa dobradinha com Scarlett muitas vezes colocando-na em segundo plano. A atuação de Adam Driver também eclipsa um pouco Scarlett mas ela resiste e brilha também.

No final, percebemos que apesar das brigas e declarações muitas vezes usadas pelos advogado, percebe-se que as duas parte acabam dispostas a se tornarem flexíveis para talvez resgatar seu amor ou preservar a sanidade e um bom ambiente para o filho, Henry.

História de um Casamento concorre ao Oscar, certamente. Será a minha torcida no Oscar tamanha a complexidade e o brilhantismo do filme. Mais um gol de placa da Netflix que também concorre com O Irlandês e O Dois Papas em parceria com Fernando Meirelles. A meu ver, melhor que O Irlandês.

Minha torcida é por Adam Driver como Melhor Ator mas essa categoria é barbada: Joaquin Phoenix deve levar por Coringa. Um dos melhores filme da temporada. Um roteiro muito bom com desempenhos espetaculares. Scarlett Johanson concorre a Melhor Atriz ma deve perder para Renee Zellwegger que está estupenda em Judy.

A meu ver, o único Oscar que levará será o de Melhor Atriz Coadjuvante para Laura Dern, que tem abiscoitado todas as premiações da temporada, inclusive Golden Globes, SAGA Awards e também o BAFTA entregue na noite dete domingo, 2 de fevereiro.

Façam suas apostas e corram para ver História de um Casamento onde facilmente o encontramos no vasto catálogo da Netflix.

 

http://www.youtube.com/watch?v=uZ0GpIBdsWQ

 

Festival do Rio: Infiltrado na Klan/ Cesar Augusto Mota

Festival do Rio: Infiltrado na Klan/ Cesar Augusto Mota

Dotado de capacidade de realizar grandes debates acerca dos temas que são abordados em seus filmes, o emblemático e consagrado cineasta Spike Lee (Malcom X) mais uma vez vem para mobilizar o público e lhe dar um tapa na cara com uma produção que fala de supremacia branca e manipulação. ‘Infiltrado na Klan’ (BlaKKKlansman) conta com um roteiro de alta qualidade, perfeita produção cinematográfica e um grande elenco.

A narrativa conta a história real de Ron Stallworth (John David Washington), um policial negro que conseguiu se infiltrar dentro da Ku Klux Klan, em 1978, com a ajuda de seu amigo e parceiro Flip (Adam Driver), no intuito de desmontar a organização e proteger Patrice (Laura Harrier), uma militante estudantil do movimento negro. Ron se passa por um branco racista ao telefone, começa a estreitar relações com o chefe do grupo, David Duke (Topher Grace), e quando precisa comparecer pessoalmente aos cultos, Stallworth pede ao seu colega Flip para que assuma seu papel.

O roteiro traz uma premissa tão interessante que faz o espectador rir de algumas situações que beiram ao absurdo e se revoltar com as atrocidades que são ilustradas. Além disso, o filme não fica restrito a registrar algo que ocorreu no passado, o tema racismo ainda é bastante atual, com a existência de diversos grupos que disseminam supremacia da raça branca, realizam discursos de ódio e são capazes de se alastrar mais rapidamente. E além do racismo, há também a questão da lavagem cerebral e a capacidade de manipulação de quem está ao redor, e isso é muito bem retratado na figura de David Duke, líder do Klu Klux Klan e com claras aspirações políticas.

Spike Lee, ao realizar um filme como esse, o faz de uma maneira ímpar e mostra a todos que ainda existem pessoas com mente retrógrada, conservadora e que enxergam o negro como um ser inferior e ameaçador aos seres humanos. E também pondera que pessoas com esse perfil podem estar onde você menos espera, inclusive no seu círculo de amizades ou até mesmo em seu seio familiar e que todo o cuidado deverá ser pouco e a luta contra a opressão não pode parar.

Os atores fogem dos perfis caricatos, todos imprimem seriedade em suas atuações e um pouco de veia cômica em situações pontuais. Há ficção dentro da ficção, com pessoas se passando por outras, no caso um branco assumindo o lugar de um negro e um negro de um branco. Esse ponto diferencial faz o filme ganhar ainda mais força e se transformar numa espécie de comédia política. Mais um trabalho diferenciado e qualificado de Spike Lee.

John David Washington (Monster) tem o mérito de assumir uma postura cômica no início da trama e transparecer diferentes faces de fúria diante das adversidades e dos inimigos. Há veracidade em suas intervenções, o público compra sua postura e torce para ele conseguir desconstruir o forte esquema opressor liderado por David Duke. Adam Driver (Star Wars-Os Últimos Jedi) também se destaca, e traz outra questão importante e até hoje discutida, a intolerância religiosa. Ao interpretar um judeu, foi possível perceber que ainda existem grupos resistentes ao judaísmo e que o combatem fortemente, lamentavelmente. A naturalidade de Druver impressiona e complementa o personagem de John David Washington, a dupla funciona e faz a tr ama se movimentar de maneira eficiente e intensa.

Um filme forte, necessário e provocativo, ‘Infiltrado na Klan’ não só merece ser assistido como também se fazer presente nas rodas de debate. Spike Lee toca em um ponto ainda longe de ser pacificado e que requer persistência e lutas constantes para que possa ser severamente combatido, a intolerância. Um filme que não é mera sugestão, mas obrigatório.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota