Poltrona Cabine: O Natal dos Silva/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: O Natal dos Silva/Cesar Augusto Mota

Reunir a família e celebrar o Natal no fim do ano não só significa manter uma tradição sagrada e milenar, como também é um período de agradecimento, amor, compaixão e generosidade.  Na série “O Natal dos Silva”, de Gabriel Martins, uma família mineira, cuja matriarca morreu recentemente, se reúne ainda em clima de luto e os conflitos parecem inevitáveis.

Bel (Rejane Faria), a filha mais velha, chama os irmãos para celebrarem o Natal na casa onde vivia com a mãe, que faleceu há poucos meses, porém estes têm a intenção de vender o imóvel. O sentimento de perda e saudade são latentes, porém a discordância sobre herança e direitos acabam por quebrar o clima que deveria ser de paz e harmonia na família Silva.

A escolha por rostos novos e atores de Minas Gerais foram propositais, pois o objetivo é ilustrar a realidade não só de uma, mas de várias famílias brasileiras. As cenas foram inspiradas em situações reais, com pessoas com instabilidade emocional alta, reféns dos próprios problemas e sem um rumo não para resolvê-los, mas para, pelo menos, administrá-los.

Na medida em que a sequência cronológica dos fatos vai se desenvolvendo, é possível perceber que os membros da família Silva têm dificuldades e não conseguem expressar seus sentimentos, com choros e gritos como válvulas de escape. O plano-sequência é variado, com cada integrante retratado individualmente e sob um prisma diferente, alguns são mais contidos, outros, mais explosivos.

A dificuldade em separar as situações e buscar um equilíbrio é o ponto alto dessa obra, pois mostra o quão a mente é complexa e pode o ser humano tomar rumos inimagináveis. As cenas são vibrantes, os personagens transmitem uma alta dramaticidade e as performances são naturais, fazendo o público se identificar. O Natal não deixa de ser destacado, mas o destaque fica na vulnerabilidade humana, tanto por problemas sociais, como a dificuldade de se lidar com o luto.

Uma série com potencial, de explorar a natureza humana sob diferentes prismas e ilustrar que os protagonistas são como gente como a gente, com problemas e sentimentos,

Cotação: 5/5 poltronas. 

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