Poltrona Cabine: Jogos de Sedução/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Jogos de Sedução/Cesar Augusto Mota

Relacionamentos amorosos já proporcionaram importantes debates na sétima arte, seja pelos altos e baixos que podem acontecer durante o convívio ou pelas consequências em razão de inseguranças, falta de sintonia ou até mesmo de paciência e compreensão do casal. O cineasta alemão Jonas Rothlaender  aborda uma relação que vai além dos limites e explora o conceito de masculinidade nos tempos modernos. “Jogos de Sedução” traz todas essas premissas e uma interação dramática e ambiciosa dos protagonistas no norte da Finlândia.

Robert e Saara vivem um amor que foge às convenções sociais e papéis tradicionais na sociedade moderna, e dispostos a buscar um redirecionamento resolvem ir para uma ilha deserta na Finlândia, colocando seus ideais, medos, inseguranças e emoções à prova. Na medida em que o tempo passa, o casal sente que precisa superar traumas do passado e passar por uma espécie de ressignificação, tendo em vista que os conflitos físicos e ideológicos já estavam colocando em risco a sobrevivência dos dois.

O convívio entre Robert e Saara é um misto de atração e rejeição, opressão e submissão. Apesar da vida sexual ativa, ambos entram em choque conflito no tocante a visão de mundo. Para Robert, o homem deve sempre estar no controle de tudo, já Saara prefere uma relação mais casual, sem grandes responsabilidades e sem criação de filhos. As grandes divergências de ideias e os desejos reprimidos acabam por levar a uma relação abusiva, com forte violência física e psicológica.

Apesar das cenas fortes, com sadomasoquismo, sexo explícito e muita violência física, o filme se encarrega de colocar o dedo em feridas que ainda não cicatrizaram no casal protagonista e em muitos casais da vida real, como o preconceito de uma sociedade patriarcal, valores morais como respeito, confiança e companheirismo e outros que vêm se perdendo atualmente. O papel do homem e da mulher em uma relação, aliados aos valores morais e à força mental são os pilares dessa produção, que apresenta um bom ritmo, embora apresente poucas novidades.

“Jogos de Sedução” é uma experiência incrível, que requer grande força psicológica, nervos de aço e paciência.  Uma trama que permitiu não só uma pulsante imersão do público como também a resiliência dos protagonistas.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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