
É inegável o papel do cinema na vida das pessoas, podendo ser informativo, explicativo, político, social ou até mesmo filosófico. Várias ferramentas podem ser utilizadas, como uma boa montagem, fotografia e figurino fiéis ao momento retratado, ou a função metalinguística, como um filme dentro de um filme. A produção bósnia “A Perfect Love History (Where Nothing Goes Wrong or Does It?)”, de Emina Kujundzic, utiliza dessa metalinguagem e promove reflexões acerca da vida após fuga de um cenário caótico e a busca por liberdade e autoconhecimento.
O enredo se dá inicialmente na cidade cinzenta de Sarajevo, na qual uma aspirante a artista e um exilado jornalista francês fogem após assalto a um banco na busca por independência, mas em meio a incertezas se atingirão o objetivo ou se a aventura irá desembocar em outra jornada em meio a belas paisagens nos balcãs e nas águas cristalinas do mar da Croácia.
Assuntos importantes são debatidos logo de início, como machismo e misoginia, presentes no discurso do produtor acerca do longa que a jovem cineasta pretende fazer. A realização do filme acaba por ser seu objetivo maior e que irá conduzir boa parte da trama. Diferenças de etnias, culturas e classes também são exploradas, e esses temas ficam mais latentes durante a entrada de novos integrantes na equipe de filmagem mais preocupados com a reação do público do que com o filme em si.
Em meio a paisagens paradisíacas, questões sobre a essência humana são colocadas pelos protagonistas e questionamentos pontuais são feitos: apesar das adversidades que a vida impõe, vale tudo para chegar ao seu objetivo? O amor é capaz de superar tudo, até mesmo o preconceito e formas diferentes de enxergar o mundo? O longa oferece diversas opções ao espectador, como uma bela fotografia, curiosidades sobre a Croácia e a Bósnia, a representação fiel dos dois países e um paralelo entre as culturas, além das questões humanas debatidas ao longo dos setenta minutos de exibição.
“A Perfect Love History (Where Nothing Goes Wrong or Does It?)” é sinônimo de deleite, entretenimento e reflexão, um filme inicialmente imprevisível e que entrega muito.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota