
Conhecido por retratar em suas obras causas e ações humanitárias que visam apoiar classes fortemente afetadas por sistemas políticos opressores, o cineasta britânico Ken Loach está de volta. Após sucessos como “Eu, Daniel Blake” e “Ventos da Liberdade”, o inglês de 87 anos desta vez ilustra o sofrimento e esperança de refugiados sírios por dias melhores em “O Último Pub” (The Last Oak).
TJ Ballantyne (Dave Turner), proprietário de um bar situado em um vilarejo no noroeste da Inglaterra, luta para manter vivo seu negócio em uma área impactada pelo fechamento de zonas mineradoras, provocando um enorme êxodo da população. Diante desse cenário, refugiados sírios começam a ocupar as casas que ficaram vazias, aumentando a tensão e a união dos moradores sendo colocada à prova. Yara (Elba Mari), uma síria com uma câmera fotográfica na mão, começa uma amizade improvável com TJ e o vilarejo é tomado pelo preconceito com os novos moradores.
Não só conflitos entre uma classe mais abastada e outra menos favorecida podemos constatar, mas também um grande embate entre cristãos e islâmicos, com Ken Loach colocando o dedo na ferida, personificada pelas fotos tiradas pela personagem Yara. É construída uma certa polarização, mas cada grupo irá prender a atenção do espectador e vai mostrar ser possível lutar por seus sonhos e manter firmes seus princípios, apesar das adversidades.
A fotografia, com cores quentes, ilustra o ambiente hostil e pesado que os sírios enfrentam, com tomadas de câmera próximas aos rostos dos refugiados. A amizade entre TJ e Yara é o pano de fundo da história, que se torna um combustível para a narrativa se desenvolver e ganhar mais força. As atuações são sólidas, transmitem autenticidade, e não há furos na história. Tudo é bem amarrado, com um impactante clímax e uma solução plausível.
Um filme impactante, forte e necessário, assim pode ser definido “O Último Pub”, que nos mostra ser possível superar tudo, mesmo com o pouco que se tem.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota