Maratona Oscar: Triângulo da Tristeza/Tom Leão

Maratona Oscar: Triângulo da Tristeza/Tom Leão

‘TRIANGULO DA TRISTEZA’: MAIS UMA SÁTIRA SOCIAL EM CIMA DOS SUPER RICOS, COM MUITO HUMOR NEGRO ***

Recentemente, temos visto, na TV e no cinema, filmes e séries que mostram o universo dos muito ricos, e de como eles vivem num mundo paralelo, raramente confrontados com a realidade. É assim na série ‘The White Lotus’ (HBO), e em filmes como ‘O Menu’, por exemplo. E, também, com um dos indicados ao Oscar de melhor filme deste ano, ‘Triângulo da tristeza’ (‘Triangle of sadness’), de Ruben Östlund, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes, ano passado.

‘Triângulo da tristeza’ teria sido mais impactante, se lançado uns dois anos antes. As comparações com certas situações de ‘The White Lotus’, são inevitáveis (fora não ter uma trama de assassinato). E, o filme perde para a série, neste aspecto. Mas, como todos gostam de ver ricos em situações de perrengue, o filme funciona como sátira social, embora o diretor tenha feito isso, de forma melhor, em seu trabalho anterior, ‘A arte da discórdia’ (‘The square’, 2017).

Em ‘Triângulo da tristeza’ (título que se explica nos primeiros 20 minutos), vemos um grupo variado de gente muito rica (não necessariamente refinada, já que o dinheiro veio de várias formas, e não compra nobreza) que fazem uma viagem num cruzeiro de luxo, onde todos os seus desejos são atendidos prontamente. Por exemplo: alguém lá gosta de Nutella, que falta no navio, e logo um helicóptero traz o produto a bordo (!). Quebrando o padrão, está um casal de jovens influencers (ambos, modelos), que ganharam a estadia em troca de promoção. Não são ricos, mas vivem como se fossem.

Tudo vai bem até que o cruzeiro passa por uma tempestade e, depois, é atacado por piratas, deixando apenas alguns sobreviventes numa ilha deserta. Lá, acontece uma pequena revolução: os ricos, que nada sabem fazer sem pedir a um subserviente, ficam nas mãos de uma empregada filipina do navio, que, pelas circunstancias de vida, sabe fazer de tudo um pouco. A virada do jogo é divertida. E, a virada final, ainda mais. Ele só peca por sua longa duração, 2h40.

 O filme (que, no meio do elenco quase todo europeu e desconhecido, tem Woody Harrelson como o capitão do navio), nos conecta com esse mundo, movido a revistas do tipo ‘Caras’ e fotos artificiais em redes sociais. É um mundo que parece mais bonito da foto do que na realidade. E o diretor trata isso com muito (bom) humor negro. 

 TOM LEÃO 

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