Maratona Oscar: Não Olhe Para Cima/ Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Não Olhe Para Cima/ Cesar Augusto Mota

O que você faria se soubesse que a Terra e a raça humana estariam prestes a ser extintos pela colisão de um cometa? Como lidar com uma má notícia dessas e de que maneira evitar que o desespero tome conta? ‘Não Olhe para Cima’, de Adam McKay, traz uma história trágica que faz paralelo com a realidade, com uma boa dose de humor. De quebra, a produção da Netflix, presente na temporada de premiações, conta com um elenco recheado de estrelas, como Jennifer Lawrence, Leonardo DiCaprio, Meryl Streep, Jonah Hill e Mark Rylance.

Kate Dibiasky (Lawrence) e Randall Mindy (DiCaprio) são dois astrônomos que descobrem que um cometa está vindo em direção à Terra e que o tempo para desviar sua trajetória é demasiadamente curto. Para isso, eles buscam ajuda de autoridades, principalmente da Casa Branca, mas encontram resistência da chefe de Estado, Janie Orlean (Streep), que não entende ou prefere não enxergar a gravidade da situação. De quebra, Peter Isherwell (Rylance), bilionário e CEO da empresa de tecnologia BASH, decide que é melhor deixar o cometa colidir com a Terra, pois este possui componentes caros e escassos no planeta, o que geraria grandes lucros a ele.

O roteiro, de autoria de McKay, resolve tocar em pontos importantes, como o poder da mídia e sede por audiência, a ganância de grandes empresários e a descrença na ciência por alguns, seja por religião ou ideologias políticas. Nota-se uma grande preocupação da imprensa no que deve ser dito e levado aos telespectadores, e isso se torna mais evidente na orientação que o doutor Mindy teve da produção de um telejornal, e o que ele deve falar. Os efeitos que as redes sociais são capazes de provocar não ficam de lado, e assuntos como vida privada de influenciadores digitais cada vez mais em evidência, seja pelo número de curtidas, compartilhamentos ou comentários nas publicações.

Há outro ponto que ganhou relevância na história e foi tratado de forma meticulosa, o negacionismo. Nota-se isso nos personagens de Streep e Rylance, e em grupos políticos apoiadores da presidente norte-americana, que fizeram campanha ‘não olhe para cima’, desacreditando na iminente catástrofe anunciada pelos astrônomos. Há um embate entre os pró e os anticiência, um cenário semelhante ao que vemos por aqui. E reações que já vimos ou estamos acostumados a ver, com uns indiferentes e outros que beiram ao desespero. O longa permite que o público se identifique ou se lembre de alguém com o devido comportamento.

A montagem e a trilha sonora conseguem provocar uma grande sensação de imersão no espectador, seja quanto às notícias em destaque no momento ou o desespero momentos antes da chegada do asteróide. A fotografia acinzentada e um pequeno ponto de brilho no céu nos faz acreditar que realmente uma catástrofe está para acontecer, e as reações das pessoas também corroboram para isso.

‘Não Olhe para Cima’ é abordado com um humor escrachado e uma alta carga de drama psicológico, há aqueles que riem e outros que preferem não acreditar. Como diz o ditado: seria cômico para não ser trágico, pois nos identificamos com essas reações e está bem próximo de como iríamos nos comportar diante de uma catástrofe iminente. Uma produção de alta qualidade, que vem para fazer críticas pontuais e satirizar o atual  momento em que vivemos. Vale conferir.

Oscar 2022: Não Olhe para Cima concorre nas categorias melhor filme, melhor roteiro original, melhor trilha sonora original e melhor montagem.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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