Aranha resgata período conturbado em seu país

Aranha resgata período conturbado em seu país

ndicado ao Goya e escolhido para representar o Chile no Oscar, longa de Andrés Wood chega aos cinemas em 16/09Filme é protagonizado por Mercedes Moran e traz em seu elenco o ator brasileiro Caio Blat
Conhecido pelo seu cinema altamente político, o chileno Andrés Wood (“Machuca”, “Violeta foi para o céu”) volta sua câmera, em ARANHA, a um momento marcante da história do Chile, o começo da década de 1970, quando houve o golpe que tirou a esquerda do poder.

O longa, coproduzido com Brasil e Argentina, chega aos cinemas nacionais no próximo dia 16 de setembro, em lançamento pela Pandora.Representante do Chile no Oscar de 2020 e indicado ao Goya como Melhor Filme Ibero-americano, o longa tem ao centro um grupo real de extrema-direita que existiu no país, entre 1970 e 1973, chamado Patria y Liberdad, responsável por diversos atos terroristas, e que se tornou um dos principais apoiadores do Golpe de Estado de Augusto Pinochet. Nesse sentido, o diretor ressalta a atualidade do tema de seu longa, cujo roteiro é assinado por ele e Guillermo Calderón.“Começamos a escrever antes de Bolsonaro, antes de Trump, então, de alguma forma, esse nacionalismo, que estava sendo respirado, se desenvolveu. Eu acho que o filme também apela para aquela raiz ou fibra nacionalista, que todos nós temos em algum lugar, e que, finalmente, quando você dá espaço, esses argumentos, às vezes, não parecem tão loucos, tão irracionais”, diz o diretor em entrevista ao jornal chileno El Dínamo.Ao centro de ARANHA estão três personagens em dois momentos de suas vidas: Inés (interpretada por Valverde e Moran), Gerardo (Fontaine e Alonso) e Justo (Gabriel Urzúa e Felipe Armas) que, na juventude, pertenceram ao Patria y Liberdad.

No meio do conflito com a esquerda, nos anos do governo de Salvador Allende, o trio acaba se envolvendo amorosamente, enquanto participa da luta armada contra o presidente marxista. No entanto, um crime político cometido pelo grupo muda o destino do Chile e acaba separando o trio.Quatro décadas mais tarde, quando ele reaparece, Inés e Justo, agora casados, vivem uma vida burguesa repleta de luxo e dinheiro. Mas Gerardo ainda é obcecado pelas causas do passado e quer, não apenas vingança, mas também trazer o ultranacionalismo novamente à tona. Mas quando ele é preso, em sua casa, com um grande arsenal de armas e munição, Inés, agora uma poderosa empresária, fará de tudo para que o passado não destrua sua vida e sua família.“Seria difícil para qualquer cineasta chileno fazer filme depois dos anos 70 sem tocar nos anos da ditadura no Chile e como ela continua a reverberar nos dias de hoje. O que foi plantando naquele período continua explicando muito do que é o país agora”, disse Woods em entrevista à Variety.O filme, cujo título faz uma alusão ao símbolo do Patria y Liberdad, conta ainda, entre seus talentos, com o brasileiro Antonio Pinto (“Central do Brasil”) na trilha sonora e o chileno M.I. Littin-Menz (“Violeta foi para o céu”) na fotografia.  

Exibido em diversos festivais, o longa colheu críticas positivas por onde passou. “Como um thriller, o filme tem um ritmo ótimo, com a música de Antonio Pinto num papel central”, definiu a Hollywood Reporter. “Wood vê em seus personagens uma maneira de diagnosticar a podridão moral do presente”, escreveu o espanhol El País. Já o argentino Clarín apontou que “a chave para o trabalho de Wood é, novamente, a sociedade chilena em seu classicismo, uma obsessão que se tornou cada vez mais completa e atrativa na obra do cineasta.”  ARANHA entrou na lista do jornal O Globo, como um dos 15 filmes imperdíveis da Mostra Internacional em São Paulo de 2020.O filme traz em seu elenco Mercedes Moran (“O Pântano), María Valverde, Marcelo Alonzo (“O Clube”), Pedro Fontaine (“Tenho medo toureiro”), e Caio Blat. A produção brasileira é assinada por Paula Cosenza (“Casa de Antiguidades”) e Denise Gomes (“Ausência”).


Sinopse


Na década de 1970, Inés, Justo e Gerardo pertenciam a um violento grupo nacionalista que pretendia derrubar o governo de Salvador Allende. Em meio ao fervor desse conflito, eles se envolvem em um apaixonado triângulo amoroso e cometem um crime político que os separa para sempre. Quarenta anos depois, Gerardo surge inspirado não apenas pela vingança, mas também pela obsessão de reviver a causa nacionalista. Quando ele é preso por assassinato e a polícia descobre um arsenal em sua casa, o caso inevitavelmente passa a envolver seus antigos aliados. Mas Inés, hoje uma influente empresária, fará de tudo para impedir que Gerardo revele o passado dela e de Justo, seu marido.
Ficha Técnica

Direção: Andrés Wood

Roteiro: Andrés Wood & Guillermo Calderón

Produção:  Guillermo Calderón, Nathalia Videla, Juan Pablo Gugliotta, Paula Cosenza, Denise Gomes

Elenco: Mercedes Moran, María Valverde, Marcelo Alonzo, Pedro Fontaine, Caio Blat, Gabriel Urzúa e Felipe Armas

Direção de Fotografia: M. I. Littin-Menz

Direção de Arte: Rodrigo Bazaes

Trilha Sonora: Antonio Pinto

Montagem: Andrea Chignoli

Gênero: drama, suspensePaís: Chile, Brasil, Argentina

Ano: 2019

Duração: 105 min.

Sobre a Pandora Filmes

A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos recentes incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e os vencedores da Palma de Ouro de Cannes: “The Square – A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e “Parasita”, de Bong Joon Ho.Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Ruy Guerra, Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo Galvão, Armando Praça, Helena Ignez, Tata Amaral, Anna Muylaert, Petra Costa, Pedro Serrano e Gabriela Amaral Almeida.


Por Anna Barros

Deixe um comentário