Vencedores dos Oscars 2021

Vencedores dos Oscars 2021

Numa noite de um Oscar mais intimista por causa da pandemia do coronavírus, houve a entrega dos prêmios da Academia numa estação de trem de Los Angeles, no último domingo, dia 25. Não houve surpresas quanto a Melhor Filme e Melhor Direção para Nomadland, mas aconteceu uma grande com Melhor Ator. Eram favas contadas que o prêmio seria póstumo para Chadwick Boseman e Antony Hopkins por Meu Pai, venceu. Ele nem estava online no momento. Encontrava-se em sua fazenda no País de Gales e agradeceu hoje pela manhã, pelo Instagram, o prêmio recebido e fez um tributo a Chadwick.

Glenn Close não ganhou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante mesmo tendo sido indicada oito vezes e a vencedora foi a coreana vovó de Minari, Youn Yuh-jung.

Daniel Kaluya venceu o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante e fez um discurso emocionado por seu papel como Fred Hampton em Judas e o Messias Negro.

Estava torcendo muito por Mank e Gary Oldman. Não deu para ele, mas fiquei feliz que Mank ganhou Melhor Design de Produção e Melhor Fotografia. Não saiu de mãos abanando, levou duas estatuetas douradas.

Eu fiquei muito feliz com os dois prêmios de O Som do Silêncio, um filmaço disponível na Amazon Prime de Melhor Som e Melhor Edição. Riz Ahmed estava deslumbrante na entrega dos prêmios.

O Melhor Filme Internacional foi Druk, do cineasta dinamarquês que perdeu a filha quatro dias antes das filmagens e fez uma homenagem à ela.

O último prêmio entregue foi de Melhor Ator, talvez com a intenção de homenagear Chadwick, mas não combinaram com os votantes da Academia que deram o prêmio, mais que merecido, para Hopkins.

Foi uma bela noite que despertou inveja porque os presentes não usaram máscaras pois os americanos foram vacinados e testados exaustivamente antes da entrega dos Oscars.

Melhor filme

  • Nomadland (Em cartaz nos cinemas)

Melhor direção

  • Chloé Zhao, de Nomadland (Em cartaz nos cinemas)
Equipe de Nomadland
Legenda da foto,Nomadland ganhou alguns dos principais prêmios, como melhor diretora, melhor atriz e melhor filme

Melhor ator

  • Anthony Hopkins, de Meu pai (Now, Google Play)

Melhor atriz

  • Frances McDormand, de Nomadland (Em cartaz nos cinemas)

Melhor ator coadjuvante

  • Daniel Kaluuya, de Judas e o messias negro (Em cartaz nos cinemas)

Melhor atriz coadjuvante

  • Youn Yuh-jung, de Minari (Em cartaz nos cinemas)
Yuh-Jung Youn
Legenda da foto,Yuh-Jung Youn foi premiada como melhor atriz coadjuvante

Melhor filme internacional

  • Druk – Mais uma rodada, Dinamarca (Now, Apple TV, Google Play)

Melhor roteiro adaptado

  • Christopher Hampton e Florian Zeller, por Meu pai (Now, Google Play)

Melhor roteiro original

  • Emerald Fennell, por Bela vingança (Estreia nos cinemas prevista para maio)

Melhor figurino

  • Ann Roth, por A voz suprema do blues (Netflix)

Melhor trilha sonora

  • Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste, por Soul (Disney+)

Melhor animação

  • Soul (Disney+)

Melhor curta de animação

  • Se algo acontecer… te amo (Netflix)

Melhor curta-metragem de ficção

  • Dois estranhos (Netflix)

Melhor documentário

  • Professor polvo (Netflix)

Melhor documentário de curta-metragem

  • Collete

Melhor som

  • Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortés e Phillip Blath , por O som do silêncio (Amazon Prime Video, Now, Google Play, Apple TV, Looke)

Melhor canção original

  • Fight for you, de Judas e o messias negro (Em cartaz nos cinemas)

Melhor cabelo e maquiagem

  • Sergio López Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson, por A voz suprema do blues (Netflix)

Melhores efeitos visuais

  • Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley e Scott Fisher, por Tenet (Now, Apple TV, Google Play, Looke)

Melhor fotografia

  • Erik Messerschmidt, por Mank (Netflix)

Melhor edição

  • Mikkel E.G. Nielsen, por O som do silêncio (Amazon Prime Video, Now, Google Play, Apple TV, Looke)

Melhor design de produção

  • Donald Graham Burt e Jan Pascale , por Mank (Netflix)
O tapete vermelho foi montado do lado de fora da Union Station de Los Angeles
Música no Oscar 2021

Música no Oscar 2021

93 Oscars KA Poster Vert 1080x1350-Navy.jpg

A cerimônia de entrega do Oscar ocorre neste domingo (25) e, como sempre, não se restringe às clássicas categorias de atuação, direção e produção. Como parte fundamental das obras, a música também marca presença na premiação da Academia, e agora trazemos uma breve prévia sobre o que esperar das categorias e apresentações musicais.

Em termos de indicações, o grande destaque é a dupla formada por Trent Reznor (vocalista do Nine Inch Nails) e Atticus Ross. Eles receberam duas nomeações na mesma categoria, Melhor Trilha Sonora: uma por “Mank” e outra por “Soul” (esta, incluindo também Jon Batiste). A animação tem sido apontada como uma das favoritas à estatueta, tendo vencido as categorias equivalentes em premiações como Globo de Ouro, BAFTA e Critics’ Choice.

Reznor e Ross já carregam um Oscar na bagagem, conquistado há dez anos pela trilha de “A Rede Social”.

Também concorrem nesta categoria as trilhas de “Da 5 Bloods” (Terence Blanchard), “Minari” (Emile Mosseri) e “News of the World” (James Newton Howard).

Já na categoria de Melhor Canção Original, a disputa parece estar mais aberta. Sam Ashworth e Leslie Odom Jr. despontam como fortes concorrentes com a faixa “Speak Now”, do longa “Uma Noite em Miami…”, pela qual conquistaram o Critics’ Choice Awards. O Globo de Ouro, porém, premiou a música “Io sì (Seen)”, de Laura Pausini e Diane Warren, do filme “The Life Ahead”, indicando que surpresas podem ocorrer.

Ainda disputam o prêmio as canções “Fight for You” (Judas e o Messias Negro, H.E.R), “Hear My Voice” (Os 7 de Chicago, Daniel Pemberton e Celeste) e “Husavik” (Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga, Rickard Göransson, Fat Max Gsus e Savan Kotecha).

As performances musicais, devido às restrições relacionadas à pandemia de Covid-19, ocorrerão em um programa pré-cerimônia dirigido por Questlove, baterista do The Roots. Todos os indicados a Melhor Canção Original marcarão presença. Divirta-se!

Maratona Oscar: Judas e o Messias Negro/Juliana Goes

Maratona Oscar: Judas e o Messias Negro/Juliana Goes

O Oscar 2021 está chegando, e um dos grandes destaques é o filme “Judas e o Messias Negro”. Dirigido por Shaka King e indicado em seis categorias, incluindo a de melhor filme, o longa é inspirado em fatos reais.

Sinopse

Em 1968, o jovem ativista Fred Hampton tornou-se presidente da filial de Illinois dos Panteras Negras, que lutavam pela liberdade e o fim da brutalidade policial e do massacre de pessoas negras. Ele estava inspirando uma geração a se levantar e não ceder à opressão, o que o colocou diretamente na linha de fogo do governo, do FBI e da polícia que para destruir a revolução, tiveram que fazer isso por fora…e por dentro. Diante da prisão, William O’Neal recebe uma proposta de acordo do FBI: se ele se infiltrar nos Panteras Negras e fornecer informações sobre Hampton, ele ficará livre. O’Neal aceita o acordo. Agora, um companheiro de luta para os Panteras Negras, O’Neal vive com medo de que sua traição seja descoberta, mesmo quando ele ascende nos Panteras Negras. Mas, à medida que a mensagem ardente de Hampton o atrai, O’Neal não pode escapar da trajetória mortal de sua traição final. Embora sua vida tenha sido interrompida, o impacto de Fred Hampton continuou a reverberar.

O que a crítica diz…

Ainda não tive a oportunidade de assistir o filme, porém, de acordo com a crítica especializada, o longa traz uma história que impacta, ao mostrar a luta dos negros pelos seus direitos, no auge dos anos 60/70. Ou seja, a trama acompanha a evolução dos panteras negras, como fizeram para ganhar voz, e assim, chegar no nível de respeito.

O filme mostra como funcionava esse movimento, como conseguiu crescer e alcançar muitas pessoas. Portanto, o roteiro acompanha o desenvolvimento dos panteras negras, desde as conquistas até as derrotas.

O personagem William O’Neal acaba sendo preso. Ele faz um acordo com um agente do FBI para ser um informante deles, com o objetivo de se infiltrar nos panteras negras.

William acaba fazendo amizade com o líder do movimento, então o filme mostra o lado, do FBI, que era racista, na época, e o dos panteras negras. Contudo, o longa fala de traição, amizade e racismo.

Maratona Oscar: O Tigre Branco/Anna Barros

Maratona Oscar: O Tigre Branco/Anna Barros

Você começa assistindo pensando ser uma nova versão de Quem quer ser um milionário e vê que não é. O Tigre Branco conta a trajetória de um indiano que quer vencer na vida e começa como um motorista sendo sempre fiel aos patrões e se metendo em encrencas, chegando a assinar uma confissão de atropelamento, sendo que a culpada era a mulher do patrão.

O filme mostra todas as mazelas da Índia mas com um roteiro muito interessante e intrincado, tanto que concorre ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. A Índia vive nesse sistema arcaico de castas e vemos diferenças abissais entre as classes sociais mas Balram não desiste de seu sonho mesmo com todas as agruras e humilhações. Ele acaba se dando bem no Vale do Silício Indiano, Bangalore.

A fotografia é belíssima com todos aqueles contrastes da capital Nova Deli e dos vilarejos paupérrimos.

Pode, sim, beliscar o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Ganhou o Bafta de Melhor Ator para Adarsh Gourav.

Disponível na Netflix.

Sinopse: Baseado no best-seller do New York Times, O Tigre Branco conta a história de Balram Halwai (Adarsh Gourav) e sua ascensão meteórica de aldeão pobre a empresário de sucesso, na Índia moderna. Astuto e ambicioso, nosso jovem herói consegue se tornar o motorista dos milionários Ashok e Pinky, que acabam de retornar da América. Tendo a sociedade o treinado para uma única função – a de servir – Balram tornou-se indispensável aos olhos de seus ricos patrões. Contudo, após uma noite de traição, ele entende o quão longe esses senhores estão dispostos a ir para se protegerem. Prestes a perder tudo, Balram se rebela contra um sistema fraudulento e desigual, buscando, de vez, sua autonomia.

Maratona Oscar: Destacamento Blood/Paula Hermógenes

Maratona Oscar: Destacamento Blood/Paula Hermógenes



Spike Lee sendo Spike Lee.

Curiosamente, não sou fã de Spike Lee desde Faça a Coisa Certa.  Provavelmente porque na época não tinha maturidade para entendê-lo.

Com uma filmografia interessantissima, diversa e polêmica, Spike me ganhou com “Infiltrado na Klan” – roteiro espirituosíssimo, genial mesmo.  Eis que menos de um ano depois veio Destacamento Blood.

Antes de irmos ao filme, explico como cheguei a ele.

Resido na Inglaterra – onde tivemos um lockdown de verdade, uma 2a onda da pandemia mas verdadeira ainda e, durante todo esse periodo, Netflix e Amazon Prime foram fieis companhias.   Um belo dia, passeando pelas indicações de lançamentos mais assistidos no UK, reparei que “Da 5 Blood” era de Spike.  Fui direto ao ponto, quer dizer, ao filme!

Devo acrescentar que não sou fã de filmes com temática de Guerra e, que a Guerra do Vietnã não fez parte nem do meu curriculo escolar, já que tive minha educação no Brasil e nem de minha vivência pessoal.  No entanto,  recentemente, o UK havia passado e volta e meia repassa, por debates polêmicos relacionados à discriminação de imigrantes (caribenhos, africanos ou sul-asiáticos) que utilmente serviram ao Império Britânico em diversas guerras pelo mundo.  Logo no início do filme, o recado foi dado…negros e outras minorias enviados ao Vietnã como contingente descartável.  Ali, o filme me fisgou.

De forma ágil e bem humorada, o filme conta uma história afro-americana pouco conhecida e distante do Capitão América.   A história em si é ficçao, mas o fundamento histórico é claro e bem contado. Os diálogos e algumas atitudes contestáveis refletem o passado injusto.  Então Spike sendo Spike:  o filme é uma ótima ficção baseada em fatos reais ou mais ainda: ficção que repara os efeitos de fatos reais em uma geração inteira.

O filme, por fim, nao é um filme de Guerra, mas um manifesto contra um racismo arraigado e secular.  Reconta fatos que de certa forma mancham a reputação americana, que expõem o quão dividida a America realmente é.

O roteiro contou com quatro editores seguindo a formula de sucesso de Infiltrado na Klan.  A oito mãos, Spike promove um revisionismo histórico. Ironicamente, o filme foi lançado em pleno governo Trump e meses antes do episódio George Floyd – que exibiu o quão desigual e racista a nacao ainda é, uma geração inteira após o fim da Guerra do Vietnã.  No fundo, o filme mostra exatamente isso: a escravidão tomou novas formas em uma sociedade que segue essencialmente desigual.

Curiosamente, o filme teve muitos criticos ferrenhos.  Uma chance para o leitor adivinhar a etnia e posicionamento politico destes.  Enfim, o mundo segue mudando.  Novo governo, novas crencas, novos posicionamentos.  Que o resultado recente do julgamento do caso George Floyd ajude a transformar a sociedade americana e, que nao precisemos de mais Spikes e seus filmes no futuro.  E, principalmente, que nao tenhamos mais “Georges” mortos.