Um filme lindo, sublime com atuações esplendidas de Chadwick Boseman, in memoriam, e Viola Davis. Ambos concorrem na categoria de Melhor Ator e Melhor Atriz. Chadwick teria como rival Gary Oldman de Mank e Viola, Frances Mcdormand de Nomadland.

Em meio aos anos 20, regado pelo som do blues e com o racismo disfarçado de boas intenções, o longa se passa no espaço de uma tarde de calor em Chicago, durante a gravação de um álbum da cantora Ma Rainey (Davis, praticamente irreconhecível no papel). A personalidade forte da artista pode ser percebida desde os primeiros momentos do filme, quando se apresenta no palco ao lado de sua banda.
Ma quer colocar o sobrinho para gravar uma música enquanto se relaciona com uma menina que acaba se apaixonando por Levee, vivido por Chadwick Boseman. Os monólogos de sofrimento e desespero de Levee são potentes porque ele está no grupo mas quer fazer carreira solo, vende suas canões para o dono da gravadora e quer parar com isso. Discute com os componentes da banda e quer sugerir a sua música para Ma Rainey, o que ela rejeita. Ela se impõe com patrocinadores e com a gravadora mas mesmo assim se vê um racismo velado com Levee.
O filme se parece muito com uma peça de teatro em seu ritmo e emociona. A história se baseia em fatos reais mas o roteiro se permite um recorte para discutir o racismo estrutural no meio artístico.
Acho barbada Chadwick levar o Oscar apesar de minha torcida ser por Gary Oldman, de Mank e creio que Viola vai disputar pau a pau com Frances por Nomadland. Viola ganhou o SAG de Melhor Atriz. Sua atuação é esplendorosa, emocional e visceral.
O filme me tocou muito. Vale muito a pena ver, ainda mais com um final surpreendente para Levee.
Disponível na Netflix.