Sucesso de audiência com duas temporadas na TV Globo, a série Carcereiros ganha versão para as telonas e chega com grandes expectativas. Adaptação da obra homônima de Drauzio Varella, ‘Carcereiros: O Filme’, de José Eduardo Belmonte, preserva o formato já conhecido e vem com novos elementos para fisgar novos públicos e mostrar que o cinema nacional possui capacidade de proporcionar novas experiências e emoções e vai além do gênero comédia.
Nos deparamos logo de início com o cotidiano do carcereiro Adriano (Rodrigo Lombardi), em um presídio de São Paulo, junto a seus colegas e na tentativa de apaziguar os ânimos entre os detentos. Mas o local passa a bombar ainda mais com a chegada de Abdel Mussa (Kaysar Dadour), um perigoso terrorista internacional, preso por explodir uma bomba e matar crianças em uma escola. Duas facções se mobilizam para tomar o local e há uma verdadeira guerra civil, com invasões, correrias. Os carcereiros têm muito trabalho, principalmente Adriano, para controlar tudo e evitar que o local vire um palco sangrento.
As cenas de ação são intensas, os closes utilizados promovem uma verdadeira imersão do espetador no ambiente, e o trabalho feito com o som é de excelência, nos fazendo lembrar de produções hollywoodianas, com o barulho dos tiros ecoando por todos os cantos da sala, além de explosões fortes diante de nossos olhos, provocando sensações desconfortáveis e muita angústia. Os diálogos, bastante afiados e bem elaborados, também colaboram para o aumento de tensão e envolvem o espectador a não tirar os olhos da telona para saber como tudo irá terminar, se a solução para o conflito será de fácil resolução ou se vai haver uma grande surpresa, um deus ex machina.
Além da parte técnica e visual, a produção proporciona debates importantes, sobre a situação precária das prisões do Brasil, além da corrupção e das regalias existentes dentro de celas que comportam presos de classes sociais mais altas. O personagem de Rodrigo Lombardi consegue colocar o dedo na ferida ao tocar nesses assuntos e faz a plateia pensar um pouco sobre a situação do país, que já beira o caos e ainda está longe de encontrar a solução para seus maiores males, a violência e a falta de segurança. São assuntos delicados, mas que precisam e devem continuar a ser debatidos, e a discussão é feita durante o filme sem vertentes políticas ou inclinação para uma determinada ideologia, o que o torna ainda mais atraente, com potencial para atrair públicos de faixas etárias diversas.
Preciso, cirúrgico e com primor visual e técnico, ‘Carceiros: O Filme’ bebe da fórmula hollywoodiana, mas sem perder a essência da série, e se torna um atrativo para quem apoia o cinema nacional e crê que ele tem potencial para alçar voos mais altos.
Cotação: 4/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota
