Poltrona Resenha: O Rei Leão/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Resenha: O Rei Leão/ Cesar Augusto Mota

Na onda da recriação de grandes clássicos, a Disney traz ao público uma obra que, sem dúvida, encantou o mundo há 25 anos e agora chega sob uma nova ótica, com todos os seus personagens feitos por computação gráfica (CGI). ‘O Rei Leão’, sob a direção de Jon Fravreau (Homem-Aranha: Longe de Casa) vem com uma proposta de inovar, mas será que consegue se aproximar do que foi a original, com uma animação marcada por personagens carismáticos e uma inesquecível trilha sonora?

Logo de cara somos brindados com uma música conhecida do grande público e a icônica cena de Rafiki erguendo um lindo filhote de leão, aquele que será o futuro rei da Terra dos Reinos: Simba. A obra clássica é seguida à risca, desde os primeiros passos do protagonista até sua fase adulta, quando ele redescobre quem é e sua importância no reino e o momento mais agudo, de ter de voltar para casa após ter sido criado em um local distante por Timão e Pumba. O clássico é respeitado, mas a inovação não é capaz de proporcionar o resultado esperado, de uma obra realista e que seja cativante para quem assiste.

Quem acompanha sente a impressão de ver um documentário do estilo National Geographic ou um programa do Animal Planet, tamanho o realismo dos bichos e de seus trejeitos. Uma bela estética, com animação em 3D semelhante à forma humana na vida real. Porém, os personagens não conseguem criar qualquer tipo de conexão com o público, mesmo que sejam humanizados, e sem demonstrar carisma, característica principal da animação de 1994. Além disso, o ritmo é arrastado, não há tantas emoções e as cores vibrantes dos videoclipes com musicais inexistem nessa obra atual.

E quanto aos personagens, Simba até consegue trazer o público para perto na época em que ainda é filhote e está aprendendo tudo sobre ser um líder da alcateia, mas ao se tornar grande, mostra-se um animal sem expressão, muito genérico, e a magia do encontro e convivência com Timão e Pumba não é vista, se resume a um mero passeio pelo novo ambiente com o qual o leão se deparou e permaneceu boa parte de sua vida. O caráter mágico, lúdico e vibrante, presentes em 1994, não são vistos e sentidos em 2019, e uma obra que tinha tudo para ser inesquecível acaba por ser apenas mais uma nas vastas produções da Disney, que investe pesado e sempre se preocupa em levar grandes produtos e entregar os melhores resultados possíveis.

Mesmo com o retorno de um grande clássico sob uma nova estética, ‘O Rei Leão’ ilustra personagens quase humanos e engessados, sem a inocência, espontaneidade e movimentação do original, o que acaba por comprometer a essência das produções da Disney, de contar grandes histórias e proporcionar emoções inesquecíveis para seus espectadores. Uma obra satisfatória, mas que poderia ter entregue muito mais do que prometia.

Cotação: 3/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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