Poltrona Cabine: Casal Improvável/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Casal Improvável/ Cesar Augusto Mota

É inegável que as comédias românticas estão cada vez mais em alta.  O gênero já possui um grande nicho no mercado audiovisual, com muitos produtos sendo produzidos e lançados nos serviços de streaming e as salas de exibição apresentando constantemente novidades para seus espectadores. E o que dizer de um longa que começa de forma despretensiosa, mas que traz bons ingredientes e com um resultado acima da média? ‘Casal Improvável’ (Long Shot), de Jonathan Levine (Sexo, Drogas e Jingle Bells) traz dois ícones que até então não se imaginaria que estariam juntos na tela, como Seth Rogen (Vizinhos 2) e Charlize Theron (Atômica).

A narrativa nos mostra Charlotte Field (Theron), uma competente e compenetrada secretária de Estado que sonha ser presidente dos Estados Unidos. Mas ela não contava que o destino lhe reservava um reencontro com Fred Flarsky (Rogen), um jornalista investigativo despojado e que adora falar verdades e usar linguagem chula em suas matérias. Os dois haviam se conhecido inicialmente na época em que Flarsky tinha apenas 13 anos e Charlotte trabalhava como babá, passando posteriormente a cuidar dele. Charlotte, para subir sua popularidade nas pesquisas, precisa de um redator de discursos, e ela enxerga em Flarsky um grande trunfo, pois,  de acordo com seu ponto de vista, ele é engraçado e inteligente.

O roteiro, assinado por Dan Sterling (A Entrevista), aposta na improbabilidade dentro de um contexto político. As duas estrelas do longa, Seth Rogen, e Charlize Theron, ilustram personagens que não são tão incompatíveis assim, ambos são pessoas de grande prestígio em suas profissões, solitários e um nutre um enorme respeito pelo outro. O implausível fica por conta da diferença de classes sociais que é tão enfatizada no longa, sendo Charlotte do ramo da política e Flarsky um jornalista desempregado. E para apimentar, a assistente de Charlotte, Maggie (June Diane Raphael), faz uma pesquisa de opinião com eleitores para saber se a união entre eles seria ou não aceita pela população. Há um certo ar de preconceito por conta das posições sociais e aparências, mas são discussões importantes que fazem a trama se mostrar complexa, dinâmica e atrativa ao público.

Além das diferenças entre os personagens, questões como machismo e sexismo são também destacadas e servem de combustível para a protagonista, disposta a mostrar que é capaz de dar aos estadunidenses tudo o que desejam e que não é só um corpo e um rosto bonito a fim de se dar bem. Do lado de Flarsky, sua posição em relação a democratas e republicanos, tida como antiquada, é bem explorada e desenvolvida em paralelo à trama principal, e serve para ilustrar bem as posições e diferenças de ideologia existente entre os norte-americanos. De quebra, uma leve alfinetada é dada na política local, no que concerne à preservação ao meio ambiente e escândalos de cunho sexual que já abalaram personalidades conhecidas da Terra do Tio Sam, tudo isso feito de uma forma inteligente e escrachada.

O romance entre Flarsky e Charlotte é bem construído, de início ambos batem cabeça, mas aos poucos, com as viagens da secretária de Estado para ganhar confiança e simpatia do eleitorado, eles vão se entendendo e o sentimento de respeito se torna algo mais sério, o que acaba virando o fiel da balança no objetivo principal de Charlotte. Já o humor não cai de ritmo, é eletrizante do início ao fim, com referências hilárias a heróis da Marvel e um sarro de leve a Game o Thrones aparecem na história. As situações cômicas são articuladas naturalmente, e o elenco de apoio dá grande suporte, com destaque para O’Shea Jackson Jr. (Godzilla: O Rei dos Monstros), grande amigo de Flarsky e que dá dicas importantes para o jornalista não pisar na bola e conquistar de vez sua amada.

‘Casal Improvável’ ilustra um filme com comédia e romance bem articulados, atores carismáticos e ótima química em cena e uma dinâmica divertida e prazerosa durante seus 125 minutos de projeção. Uma trama além das expectativas.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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