Poltrona Séries: Mindhunter-1ª Temporada/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Séries: Mindhunter-1ª Temporada/ Cesar Augusto Mota

Se você é fã de drama policial e gosta de acompanhar investigações sobre os mais bárbaros crimes, essa série da Netflix, sucesso de público e crítica nos Estados Unidos, é uma ótima opção. ‘Mindhunter-Caçador de Mentes’ faz uma espécie de estudo do comportamento dos serial killers, bem como mostra a ligação construída entre os investigadores e investigados, de certo modo íntima. Uma obra diferenciada em comparação ao que o serviço se streaming já trouxe até hoje para o público.

Dirigida por Joe Penhall e com produção de Charlize Theron e David Fincher, a série é inspirada no livro ‘Mindhunter: o primeiro caçador de serial killers americano’, que aborda a história real dos ex-agentes do FBI John Douglas e Robert Ressler, também autores do livro. Juntamente da doutora Ann Burgess, eles lançam um projeto de pesquisa sobre as mentes dos assassinos, criando posteriormente o termo serial killer, popular nos dias atuais. Os três realizam uma série de entrevistas com os criminosos para fazer a polícia americana e a sociedade compreenderem os reais motivos para os condenados praticarem delitos, sejam eles dos mais ou menos brutais. A série aborda não só a interação dos dois policiais, como constrói as identidades dos assassinos e todos os passos dados por eles em seus crimes são reconstituídos.

O roteiro prioriza os diálogos nos 10 episódios exibidos em detrimento da ação, com simples interrogatórios no início e com os policiais assumindo o lugar dos criminosos. O ritmo da narrativa é cadenciado e o impacto está nas palavras, seja na descrição dos crimes e nos depoimentos dos assassinos, revelando todas as atrocidades e sofrimento das vítimas. O psicológico dá o tom, gerando várias interpretações e provocando muitas dúvidas nas mentes dos espectadores. Não só um entretenimento ocorre ao longo dessa primeira temporada, mas constantes debates e estudos e o motivo para condenados serem tratados até mesmo como celebridades, algo que ocorre nos Estados Unidos e em alguns casos no Brasil também.

O plano visual também chama a atenção, com imagens em tons pastéis e ausência de sangue nas cenas. Quem esperava muita violência se depara um clima bem mórbido, tudo é retratado de maneira bem delicada, sem exageros e nada é jogado na tela. O trabalho de Fincher é bem apurado, e a câmera em close nas entrevistas também contribui para um maior interesse do público, que vai prestar atenção não só nas palavras como nos semblantes dos assassinos.

Apesar da lentidão das interações e dos episódios com longa duração, alguns com 1 hora, “Mindhunter” representa uma novidade e uma experiência diferente das séries policiais que já foram apresentadas. Quem curte o gênero certamente vai curtir, e quem não está acostumado, vale conferir. E esse é um aquecimento, pois a segunda temporada está prevista para maio de 2019, vamos aguardar.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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