Uma mescla de suspense com ficção científica e que conquistou milhões de fãs pelo mundo. A cada história contada, uma perturbação no subconsciente, uma reflexão profunda sobre como a tecnologia pode causar impacto e estar cada vez mais presente no nosso cotidiano. Black Mirror, série da Netflix, está de volta e em sua 4ª temporada, com seis novos episódios. Após um enorme sucesso com a 3ª temporada, será que Black Mirror conseguiu impressionar e mostrar aos espectadores que o futuro da tecnologia pode ser mais sombrio e sem muitas saídas para seus usuários? Será que os seis episódios fizeram sucesso?
A primeira impressão é a de que o criador da série, Charlie Brooker, não se aprofundou em boa parte das histórias e resolveu aproveitar ideias de episódios anteriores, como a digitalização das lembranças e a captação de imagens da consciência, algo visto no episódio San Junipero, da temporada anterior e ilustrado em “Arkangel” e “Crocodile”, da atual temporada. Faltou um pouco mais de ousadia, de novidade, e não mais do mesmo, como foi percebido nessa atual sequência de seis episódios.
Outra característica importante de Black Mirror e que não foi tão intensa na atual temporada é a de despertar no espectador o que ele tem de melhor e pior em decorrência do uso da tecnologia, que pode ser usada para o bem ou para o mal, uma crítica à sociedade atual, cada vez mais refém de novos aparelhos e suas interações cada vez mais vigiadas e debatidas em grupo. Esse tipo de abordagem não se deu de maneira emergencial e sem tanto alarde com as seis novas histórias, a preocupação foi mais de entreter do que fazer um alerta e transmitir mensagens impactantes e urgentes.
Mas para não dizer que houve somente problemas, a 4ª temporada de Black Mirror apresentou histórias interessantes, como em “USS Callister”, uma divertida paródia de Star Trek com um grau de imersão impressionante, não só os personagens, mas os espectadores poderiam se sentir dentro de uma espaçonave rumo à galáxia e com diversos desafios, de asteroides aos mais possantes monstros, e com um roteiro que dá um enorme salto e traz um desfecho impressionante para todos. Sem dúvida um dos melhores episódios da temporada, ao lado de “Black Museum”, com referência a histórias narradas anteriormente na série, com três histórias em uma, e mergulhando no universo Black Mirror, do misterioso, do imprevisível, do chocante e do curioso.
Apesar de apresentar histórias com tecnologias das mais variadas e com mais mulheres em papéis de destaque, a 4ª temporada de Black Mirror não faz frente à anterior e careceu de mais ousadia e novidade nos roteiros. Esperamos uma nova temporada com mais surpresas, mais choques e, sobretudo, criatividade, e o ponto mais alto da produção. A série já é consagrada e está na boca do povo, e ela pode entregar muito mais.
Avaliação: 3,5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota