Poltrona Cabine: John Wick-Um Novo Dia para Matar/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: John Wick-Um Novo Dia para Matar/ Cesar Augusto Mota

9rlrt2uContinuação de “De Volta ao Jogo”, o filme “John Wick: Um Novo Dia para Matar”, protagonizado por Keanu Reeves, retoma de onde havia parado no último longa, e também mostra que será difícil o personagem-título se manter aposentado.

Após um longo e sangrento conflito com a mafia russa, John Wick consegue recuperar seu carro, mas ao estacioná-lo é surpreendido por Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio), um assassino com quem mantém uma antiga promessa. Wick terá de assassinar a irmã de Santino, Gianna D’Antonio (Claudia Gerini) para que este venha a assumir um cargo importante dentro de uma organização secreta.

John Wick não terá uma tarefa fácil, o segurança pessoal de Gianna promete vingança caso o assassinato ocorra, e também há um contrato aberto feito por Santino, de 7 milhões de dólares, pela morte de Wick, deixando a trama ainda mais tensa e emocionante.

Se na primeira parte nos deparamos com um ritmo mais lento, na segunda temos cenas bem mais dinâmicas, com perseguições, lutas frenéticas e cenários de encher os olhos, dentre eles um corredor de espelhos, causando apreensão e confusão no espectador quando Wick corre atrás de Santino, além das belas paisagens de Roma que enriquecem o enredo. É um excelente trabalho de Dan Laustsen na direção de fotografia.

Do primeiro para o segundo filme notamos diferenças de comportamento do protagonista. Se em “De Volta ao Jogo” temos um John Wick mais incisivo e disposto a liquidar todos os que estavam em seu caminho, em “Um Novo Dia para Matar” o personagem-título é mais contido e defensivo, mas sem perder o perfil complexo e os dramas internos que vivencia, como a morte da esposa. Poderia o personagem ter sido mais explorado nesta sequência, mas esse mostra-se eficaz na proposta ao qual se engaja, e somos brindados com cenas mais sangrentas e cruéis.

Se temos um filme equilibrado, também há a aparição de Laurence Fishburne, mesmo que por pouco tempo, marcando um reencontro com Keanu Reeves desde os tempos de “Matrix”. Por falar nesse filme, o diretor Chad Stahelski foi dublê de Neo, personagem de grande sucesso na carreira de Reeves. Stahelski é um especialista em gênero de ação e apostar em cenas de ação com a câmera estática é um de seus trunfos no filme. Um trabalho de destaque.

“John Wick: Um Novo Dia para Matar” tem a distribuição de Paris Filmes e estreia no dia 16 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

Maratona Oscar: Até o Último Homem

Maratona Oscar: Até o Último Homem

2396_capaO filme de Mel Gibson é baseado em fatos reais. O longa foi indicado em seis categorias do Oscar. Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som e Melhor Edição.

Desmond Doss é um homem religioso e sofre junto com a sua família devido ao alcoolismo do pai, Tom Doss. A doença de Tom afeta diretamente a relação com sua esposa, Bertha Doss e com os filhos, Desmond e Harold.

Tom é um ex – soldado do Exército americano que sempre deixou claro para os seus filhos que não seguissem a carreira militar devido aos grandes traumas psicológicos que ele sofreu durante as guerras em que participou, mas os seus filhos não seguiram o seu conselho. Harold virou soldado do Exército e Desmond médico.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército precisava de mais homens para a Batalha de Okinawa e nessa abertura dos militares para a inscrição de civis, Desmond Doss se habilita á serviço dos Estados Unidos da América. Desmond é direcionado para a companhia de atiradores. Doss que segue os princípios de sua religião passa por quase todos os testes antes da guerra, mas se recusa a pegar numa arma para atirar e isso revolta os comandantes do Exército que fazem de tudo para tirar o rapaz religioso do serviço militar.

Doss acaba sendo preso por não seguir todas as normas estabelecidas pelo Exército e é julgado. Demond Doss ganha o julgamento e consegue a permissão para ir a Batalha de Okinawa como médico e sem ter uma arma.

Por: Vitor Arouca

BAFTA 2017: ‘La La Land’ se destaca e leva 5 estatuetas; Confira ganhadores

BAFTA 2017: ‘La La Land’ se destaca e leva 5 estatuetas; Confira ganhadores

Emma Stone e Damien Chazelle levam prêmios no BAFTA 2017 (Crédito: Ben Stansall/AFP)
Emma Stone e Damien Chazelle levam prêmios no BAFTA 2017 (Crédito: Ben Stansall/AFP)
Foi realizada em Londres, neste domingo (12), a 70ª edição do EE British Academy Film Awards 2017, evento que premiou os melhores atores, diretores e filmes de 2016. As estatuetas foram entregues pela British Academy of Film and Television Arts e a cerimônia contou com a apresentação de Stephen Fry.

Considerado um termômetro para o Oscar, assim como o SAG Awards e o Globo de Ouro, o BAFTA se destacou pela presença da diversidade entre os premiados, e reforçou a favoritismo de alguns ganhadores para a maior premiação de Hollywood, que ocorrerá no próximo dia 26, em Los Angeles.

“La La Land-Cantando Estações”, faturou 5 entre 11 prêmios possíveis, dentre eles melhor filme, diretor (Damien Chazelle) e atriz (Emma Stone), e Viola Davis levou para casa o prêmio de melhor atriz coadjuvante, assim como no SAG e no Globo de Ouro. As surpresas ficaram por conta de Dev Patel, melhor ator coadjuvante por sua atuação em “Lion: Uma jornada para casa”, e “Kubo e as cordas mágicas” na categoria animação, desbancando “Moana: Um mar de aventuras” e “Zootopia.”

Outros destaques foram as escolhas de “Eu, Daniel Blake”, como melhor filme britânico, e o prêmio de Estrela em Ascensão para Tom Holland, escolhido por voto popular.

Confira abaixo a lista completa com todos os premiados no BAFTA 2017.

Melhor Filme:

La La Land – Cantando Estações

Melhor Filme Britânico:

Eu, Daniel Blake

Melhor Estreia de Roteirista, Diretor ou Produtor Britânico:

Sob As Sombras
Babak Anvari (Roteirista/Diretor), Emily Leo, Oliver Roskill, Lucan Toh (Produtores)

Melhor Filme de Língua Não Inglesa:

O Filho de Saúl

Melhor Documentário:

A 13ª Emenda

Melhor Animação:

Kubo e As Cordas Mágicas

Melhor Diretor:

Damien Chazelle, La La Land – Cantando Estações

Melhor Roteiro Original:

Manchester à Beira-Mar, Kenneth Lonergan

Melhor Roteiro Adaptado:

Lion – Uma Jornada Para Casa, Luke Davies

Melhor Ator:

Casey Affleck, Manchester à Beira-Mar

Melhor Atriz:

Emma Stone, La La Land – Cantando Estações

Melhor Ator Coadjuvante:

Dev Patel, Lion – Uma Jornada Para Casa

Melhor Atriz Coadjuvante:

Viola Davis, Fences: Um Limite Entre Nós

Melhor Trilha Sonora Original:

La La Land – Cantando Estações, Justin Hurwitz

Melhor Fotografia:

La La Land – Cantando Estações, Linus Sandgren

Melhor Edição:

Até o Último Homem, John Gilbert

Melhor Design de Produção:

Animais Fantásticos e Onde Habitam, Stuart Craig, Anna Pinnock

Melhor Design de Figurino:

Jackie, Madeline Fontaine

Melhor Maquiagem e Cabelo:

Florence: Quem é Essa Mulher?, J. Roy Helland, Daniel Phillips

Melhor Som:

A Chegada

Melhores Efeitos Visuais Especiais:

Mogli – O Menino Lobo

Melhor Curta-Metragem Animado Britânico:

A Love Story

Melhor Curta-Metragem Britânico:

Home

Prêmio EE Estrela em Ascensão (Voto Popular):

Tom Holland

Por: Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Toni Erdmann/ Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Toni Erdmann/ Cesar Augusto Mota

toni-erdmann-bannerO Poltrona de Cinema segue com a Maratona Oscar 2017 e hoje vai falar de mais um concorrente ao prêmio de melhor filme estrangeiro. Sucesso de crítica na Europa e vencedor em premiações como New York Film Critics Circle Awards, Festival de Cannes 2016 entre outras, “Toni Erdmann” é um longa alemão sob a direção de Maren Ade e que chega com pompa de favorito.

A produção aborda a tentativa de um pai ter um relacionamento mais próximo com a filha, afetado pela distância e rotina intensa e estressante do trabalho desta. A solução do patriarca é aplicar boas doses de humor com uso de um disfarce espalhafatoso e piadas sutis, tudo para quebrar o gelo, a angústia e a saudade que existem entre ambos. Sem dúvida tudo isso vai render boas risadas e também reflexões, como iremos explicar mais adiante.

Wilfried (Peter Simonischek) é um professor de música sexagenário e solitário que vive com seu cachorro em uma cidade do interior da Alemanha. Ele decide ir a Bucareste fazer uma visita surpresa à filha Ines (Sandra Hüller), que é executiva e está a serviço de uma indústria que prioriza corte de despesas e terceirizações. Sempre atarefada, com o celular na mão e dezenas de compromissos a cumprir, quase não sobra tempo para Inês, nem para dar atenção ao pai.

Dentro desse contexto que Wilfried, ou melhor, Toni, entra em ação.
Com uma peruca preta, terno gasto e uma dentadura bizarra, Wilfried dá vida a Toni Erdmann, que se apresenta para Ines e seus colegas como um coach a serviço do chefe da empresa e também embaixador da Alemanha. As aparições de Toni em cada ocasião são extremamente embaraçosas, mas importantes para fazer Ines se questionar acerca da vida que leva e se realmente é feliz, além de revelar as faces e fazer cair aos poucos as máscaras das pessoas que vivem o mundo corporativo, embora este segundo não seja seu principal objetivo.

O trabalho da jovem cineasta Maren Ade é excepcional, com diálogos que fluem bem entre os personagens, além da montagem bem articulada e um roteiro que consegue exigir o melhor de cada intérprete. E a preocupação com as relações humanas e a melhor forma de abordar o relacionamento problemático e frio entre Wilfried e Ines sem dúvida foram as chaves para o sucesso do filme, além das atuações dos protagonistas. Questionamentos como “O que é a vida?” e “Você é feliz?”, feitos pelo alter ego de Wilfried para Ines serviram para nos mostrar que muitas vezes nos esquecemos de certas coisas por estarmos preocupados e focados em outras e que o significado da vida é aquela que costumamos levar.

Tudo isso parece ser trivial, mas válido para mostrar que hoje vivemos um novo conflito de gerações, dos mais velhos alertando os jovens acerca da vida que levam e como enxergam o futuro, além da diretora mostrar que é possível alcançar sentimentos de libertação num cotidiano tão tenso e boa parte violento. Maren Ade consegue entregar ao espectador um trabalho reflexivo e também hilário, com a presença marcante, intrigante e hilariante de Toni Erdmann numa trama de 162 minutos. O cinema alemão acertou em cheio, e vem forte para o Oscar.

E vale registrar que o filme ganhará uma versão hollywoodiana, com Jack Nickolson na pele de Toni Erdmann ao lado de Kristen Wiig. Se a versão norte-americana vai ter o mesmo brilho do original, isso não sabemos, mas sem dúvida “Toni Erdmann” será lembrado por muito tempo e continuará a refletir o que acontece nessa e nas futuras gerações.

Por: Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Eles Só Usam Black Tie/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Eles Só Usam Black Tie/ Cesar Augusto Mota

16463483_926608860808413_5643772087420131942_oCom roteiro, direção e atuação de Sibs Shongwe-La Mer, o filme “Eles só Usam Black Tie” vai mostrar um trabalho diferente de muitos longas africanos já feitos. Em vez de produções de época, ilustrando as condições precárias das cidades e as discriminações sofridas pelas populações predominantemente negras, veremos como são as relações sociais entre brancos e negros de classe alta em Joanesburgo pós-apartheid.

A história começa com uma cena forte, a jovem Emily resolve fazer uma transmissão ao vivo e se enforca com uma corda, para o desespero de seus amigos e toda a cidade. As pessoas que eram mais próximas sofrem muito, e outros se colocam no lugar dela e tentam entender o motivo que a levou a cometer tamanha barbaridade. Além disso, pensam se poderiam ter mudado o transcorrer da história se tivessem tido um melhor relacionamento com ela.

Os personagens são aos poucos apresentados com os nomes em caracteres vermelhos e num fundo escuro, boa parte das cenas em preto e branco e alguns flashbacks em cores. Realmente é uma produção com ótima montage e fotografia de Chuanne Blofield, e destaque também para os monólogos sobre o contexto social dos jovens, da cidade de Joanesburgo e de toda a África do Sul.

Filme ou documentário? Esta produção audiovisual, além de nos oferecer cenas com diálogos entre os personagens, também apresenta depoimentos dos protagonistas acerca do suicídio de Emily, bem como opiniões de uma equipe de reportagem que investiga o ocorrido. Pode isso tudo confundir o espectador, mas o que vemos é uma verdadeira obra-prima, com um excelente material aliado a um debate sobre o racismo ainda predominante na África do Sul e como os jovens lidam com ela.

Os jovens presentes no longa não são vítimas de pobreza, debatem sobre diversos problemas sociais, como consumo de álcool, drogas e outros vícios, bem como a depressão. Diante de todo esse cenário, eles se veem num dilema, a incerteza em relação ao futuro, mesmo que a África do Sul se encontre numa situação melhor que o tenebroso período de segregação racial que marcou o país.

Na medida em que conversam, cenas de festas regadas a bebida e muita badalação vão sendo apresentadas em total sintonia com o que é dito. A perda de esperança que os personagens sentem é latente e capaz de comover o espectador, é uma trama verdadeiramente reflexiva, sensível e perturbadora.

“Eles Só Usam Black Tie” chega ao circuito nacional em 9 de março de 2017, com distribuição da Fênix Filmes.