Maratona do Oscar: O Quarto de Jack/Pablo Bazarello

Maratona do Oscar: O Quarto de Jack/Pablo Bazarello

o quarto de jack

Ideias inovadoras para um longa-metragem são cada vez mais raras. Geralmente surgem por gêneros, visando quebrar seus padrões. O que temos, na maioria dos casos, são temas reciclados e o diferencial se encontra em suas entrelinhas – personagens originais dentro de uma história corriqueira. Por isso, devemos tirar o chapéu para uma ideia verdadeiramente original, ainda que, por muitas vezes, de tão anestesiados pela mesmice, nem consigamos reconhecer a originalidade ao nos depararmos com ela.

E você pode dizer, ideias do tipo são postas em prática a todo momento no cinema de arte. Isso é verdade, mas conseguir confeccionar algo acessível ao grande público, e não apenas feito para meia dúzia de pseudointelectuais, é uma tarefa muito mais árdua.  É por isso que Hollywood se volta constantemente para obras literárias como fonte de suas “novas ideias”. Uma das mais interessantes em tempos recentes veio do trabalho da romancista Emma Donoghue e seu livro “Room”, ou “O Quarto de Jack”.

Mas nem mesmo isso é garantia de sucesso. Um livro elogiado muitas vezes não se traduz em um filme querido. Veja o exemplo de algo como “A Fogueira das Vaidades” (1990) ou “O Código Da Vinci” (2006). Um filme é a harmonia de várias partes soltas, que precisam funcionar de maneira coordenada. Tudo parece funcionar muito bem em “O Quarto de Jack”, a começar por sua história. O segredo aqui é ter Donogue, a autora do livro, se transformando na roteirista do filme. Algo que já havia se mostrado muito eficiente com Gillian Flynn e seu “Garota Exemplar” – como contraponto, é só dar uma olhada em “Lugares Escuros”, que não teve Flynn, a autora, no roteiro.

O Quarto de Jack”, na realidade, possui uma trama da qual o quanto menos soubermos antes de assistir ao filme, melhor. Vale dizer o básico: uma mãe cria seu pequeno filho de cinco anos, chamado Jack, num espaço mínimo, o tal “quarto” do título. No local, a jovem e seu filho possuem tudo o que necessitam para sobreviver, menos a liberdade. Nem o motivo de como foram parar ali vale mencionar. É algo que o espectador irá descobrir aos poucos, tirando das conclusões esta experiência única.

Sufocante e desesperador, “O Quarto de Jack” é ao mesmo tempo belo, inocente, melancólico e trágico. O filme funciona em três atos, igualmente satisfatórios e dignos de horas de discussões. O primeiro ato é o terror. O segundo, a vitória. E o terceiro, as consequências devastadoras, porém, esperançosas. “O Quarto de Jack” é o paraíso para psicólogos, que poderão estudar minuciosamente os personagens principais, donos de traumas talvez irreparáveis.

O termo mais correto para definir esta produção é coragem. Coragem de vender algo tão forte ao grande público, em doses balanceadas de doçura e de teor politicamente incorreto – para dizer o mínimo.  Voltando para a harmonia na qual a obra precisa funcionar, devemos mencionar a direção detalhada de Lenny Abrahamson, um nome para ficarmos de olho. Cineasta irlandês de 49 anos, Abrahamson começou a carreira em 1991, mas só conseguiu destaque no cinema em 2014, com o excelente drama musical “Frank” (aquele filme no qual Michael Fassbender aparece durante toda a projeção com uma cabeçorra de papel machê).

Abrahamson dá o passo além, entregando um filme mais sério e poderoso. Não por menos, seu “O Quarto de Jack” está indicado para quatro categorias no Oscar 2016 (ainda sobrando uma indicação para ele como diretor) e se encontra como número 130 na lista dos melhores filmes de todos os tempos na opinião do grande público da “bíblia” IMDB. E, é claro, jamais poderia deixar de mencionar as atuações definidoras, e a alma do filme, de Brie Larson e Jacob Tremblay. Enquanto foi um crime não indicar o pequeno Tremblay ao Oscar, Larson (tão boa em “Temporário 12”) finalmente é reconhecida por seu talento.

 

https://youtu.be/uUa–AemxYo

 

Pablo Bazarello é colunista convidado, editor do blog parceiro Pipoca Gigante.

CineMaterna

CineMaterna

A CineMaterna é uma empresa sem fins lucrativos. Seus principais objetivos são a troca de experiências entre as mulheres sobre a maternidade e as mães poderem ir ao cinema com os seus (bebês)

Além dos conversas, a CineMaterna organiza sessões especiais de cinema para mães com bebês de até 18 meses. Depois da exibição do filme, as mães são destinadas para o bate-papo em alguma loja parceira da empresa.

Até hoje a CineMaterna atua em 41 cidades e possuí 324 mães colaboradoras.

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Mães assistem o filme e seus filhos brincam

 

Por Vitor Arouca

Plantão Oscar: só três músicas indicadas terão performances

Plantão Oscar: só três músicas indicadas terão performances

lady-gaga-til-it-happens-to-youTalvez para diminuir a duração da festa de entrega dos Oscars ou dinamizar o processo, a Academia só terá a performance de três canções que concorrem à estatueta dourada e não por acaso, a meu ver, as três favoritas a levar o prêmio.

Estarão no palco Lady Gaga defendendo Til it  happens to you, documentário The Hunting Ground, o grupo musical Weeknd com a sua Earned it, de Cinquenta Tons de Cinza, e o favorito Sam Smith com Writing´s on the wall, tema de 007 contra Spectre.

Além da apresentação de Chris Rock, a festa terá uma apresentação dos Foo Fighters. Tudo pela audiência que vem despencando nos últimos anos talvez pelo excesso de horas na transmissão e mesmice na apresentação. A meu ver, o melhor apresentador É Billy Cristal mas gosto de Chris Rock.

 

 

 

 

 

 

 

 

Maratona do Oscar: Carol/Flavia Barbieri

Maratona do Oscar: Carol/Flavia Barbieri

carolCarol é um daqueles filmes sutis, com um roteiro que começa no meio da história. Duas mulheres com vidas diferentes, passando pelos mesmos problemas. Therese Belivet (Rooney Mara) tem um emprego entediante na seção de brinquedos de uma loja de departamentos. Um dia, ela conhece a elegante Carol Aird (Cate Blanchett), uma cliente que busca um presente de Natal para a sua filha.

Com uma história envolvente, o roteiro nos conduz para uma relação charmosa e instigante entre essas duas mulheres, que se aproximam após uma viagem pelos Estados Unidos.

O filme apresenta uma roupagem sedutora em todos os momentos. Nos vestígios de batom de um cigarro, no tilintar de um piano distante, na própria transgressão dessa relação proibida.

Cate Blanchett está impecável (como sempre!) no papel de uma mulher infeliz, que está se divorciando e encontra em Therese Belivet (Rooney Mara) um caminho para novas e apaixonantes emoções. Cate consegue misturar sentimentos que vão desde altivez e elegância combinados com medo e insegurança.

Por sua vez, Mara tem traz um refinamento delicado à sua personagem. Tão merecida a indicação ao Oscar, como foi a de Cate. Ela tem um feitiço afiado e sutil que dança com a personagem de Cate, com uma valsa. As duas se tornam Yan e Ying num amor cerceado pelos limites sociais da época.

O roteirista Phyllis Nagy, soberbamente, adaptou o romance original de Patricia Highsmith de 1952. O filme também traz contornos clássicos e o descontentamento de duas mulheres sob a luz do homoerotismo.

A história lança-se sobre o mistério de como as pessoas homossexuais da década de 50 conseguiam gerir suas vidas e seus segredos, com dignidade.

O filme concorre ao Oscar de Melhor Atriz, para Cate Blanchett, Melhor Atriz Coadjuvante, para Rooney Mara, Melhor Fotografia, para Edward Lachman e Melhor Roteiro adaptado para Phyllis Nagy.

 

 

 

Verde e Rosa no cinema

Verde e Rosa no cinema

A Mangueira campeã do Carnaval carioca terá documentada a história do título.

Dois documentários filmaram o carnaval de 2016 da escola de samba. Os documentários mostram os bastidores. Desde a morte do puxador de samba, Luizito, ano passado até o desfile das campeãs.

“O próximo samba” dirigido por Marcelo Lavandoski tem previsão de ficar pronto em Maio. Em Novembro/Dezembro o filme deve ser lançado nos cinemas e também existe um projeto para ter uma série de TV.

O documentário dirigido por Marcio Debellian ainda não tem nome e projeto para passar nos cinemas.

O enredo fala sobre “Maria Bethânia – a menina dos olhos de Oyá”.

A Mangueira já levantou 19 vezes o caneco de campeã.

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Por: Vitor Arouca