Maratona do Oscar: 45 anos/Pablo Bazarello

Maratona do Oscar: 45 anos/Pablo Bazarello

45 anosExiste uma máxima que afirma que é muito difícil encontrar bons papéis para atores na terceira idade. Isso pode até ser verdade, mas não é impossível. Ainda mais se profissionais dedicados estiverem envolvidos. O roteiro de “45 Anos” aposta justamente nisso. Adaptado do conto deDavid Constantine pelo próprio diretor Andrew Haigh, a história investe na intimidade de um casal, unido pelo tempo do título.

Os veteranos Charlotte Rampling e Tom Courtenay são Kate e Geoff Mercer, casados, em vias de completar 45 anos de união. Para isso, a dupla planeja uma grande festa, com a presença de amigos e familiares. Eles, no entanto, nunca encontraram lugar em suas vidas para filhos. A chegada de uma carta com notícias reveladoras irá estremecer a vivência do pacato casal.

A informação contida na carta diz respeito diretamente ao passado de Geoff, de uma parte de sua vida nebulosa, até mesmo para sua esposa. Tal notícia chega como estorvo para suas vidas. Para ele, traz um passado que talvez nunca tenha esquecido, de verdade. Para ela, a verdade sobre quem seu companheiro verdadeiramente é, e consequentemente, quem ela é (ou se tornou) também.

45 Anos” é cinema adulto em sua melhor forma.  Não depende de uma pretensa aura de arte, que termina por alienar grande parte do público, fazendo a alegria somente de meia dúzia de pseudointelectuais. Filmes como “45 Anos” são cada vez mais raros, pois parecem existir num limbo cinematográfico, espremidos entre blockbusters descerebrados e extremamente mecânicos, ou obras pretensiosas que atendem somente a uma parcela mínima de cinéfilos. O filme é valioso justamente por ser recomendável a qualquer tipo de público, sendo satisfatório de forma equilibrada para todos.

Andrew Haigh acerta em cheio com sua estética e narrativa, que focam e favorecem a trama e as atuações, tornando-as completamente identificáveis. O cineasta cria um problema a ser resolvido, meio sem solução, e não o aponta como sendo específico para a faixa etária de seus protagonistas. Pelo contrário, o curioso é justamente o fato de que este poderia ser um dilema de um casal de 30, 40, 50 anos de idade.

45 Anos” é extremamente psicológico e ao mesmo tempo bastante simplista. Retrata e funciona mais como uma parcela da vida do que propriamente uma obra cinematográfica, tamanho é seu realismo. As atuações da dupla protagonista são um tesouro à parte e vem despertando falatório de prêmios – o que pode significar Oscar. Lá fora, diversos veículos especializados apontam a produção como uma das melhores do ano e fazem campanha para Rampling e Courtenay. A atriz em especial está fantástica. Sua personagem talvez seja a mais difícil, pois funciona como a reação para a ação de Courtenay.

Raramente escrevo aqui sobre finais perfeitos de filmes, pois é muito difícil terminá-los – talvez a parte mais difícil e geralmente frustrante de um longa seja seu desfecho. “45 Anos” é um desses raros casos de finais perfeitos, mesmo que não necessariamente feliz.

 

Maratona do Oscar: O Regresso/Gabriel Araújo

Maratona do Oscar: O Regresso/Gabriel Araújo

Por: Gabriel Araújo (@gabriel_araujo1)

Sessão de Matinê: “O Regresso”TheRevenant-Poster

Desponta como um dos favoritos ao Oscar do próximo domingo (28) o mais recente filme de Alejandro G. Iñárritu, “O Regresso”. Premiado como melhor diretor pela Academia no ano passado, por “Birdman” (que ainda levou roteiro original e melhor filme), o mexicano aposta em uma história real estrelada por Leonardo DiCaprio para abocanhar novas estatuetas – está na disputa por 12 delas.

É muito provável, aliás, que o próprio DiCaprio, em sua quinta indicação, enfim leve o Oscar. Não que tenha feito a atuação de sua vida. Vivendo no oeste americano o caçador de peles dos anos 1820 Hugh Glass, Leonardo não aparece tão bem quanto em filmes como “O Lobo de Wall Street”, mas, diante de uma concorrência não tão desleal quanto nos outros anos e de um papel difícil, onde pouco fala e precisa transmitir o sentimento ao público com caretas e ações tensas, se arrastando e grunhindo, tem tudo para voltar para casa com um troféu.

“O Regresso” é altamente concentrado em cenas de impacto. Logo na abertura, uma luta sanguinária entre os caçadores de pele comandados por Glass e índios trabalhando para os franceses. Não para por aí. Ao longo do filme, a personagem de DiCaprio pulará em águas congelantes, será abandonado por seus parceiros e praticamente enterrado vivo, terá delírios com a ex-mulher morta e com o filho, será soterrado por neve, comerá tripas de um bisão, se abrigará dentro de um cavalo, se arrastará pela floresta, enfrentará índios loucos, pulará de um penhasco num cavalo e (especialmente) lutará numa cena incrível com um urso gigantesco. Tudo em nome de sobrevivência e vingança contra o vilão que desonra o grupo ao qual pertence, mente para chefe e parceiro e trai Glass, John Fitzgerald (Tom Hardy). E aqui mal há spoilers – na dúvida, cheque o trailer.

É até mesmo complicado apresentar o enredo de um filme cansativo de três horas com tantos sacrifícios do protagonista, o que nos leva a cair na vala de comentar apenas a atuação de DiCaprio. Não só dele é feito “O Regresso”. Tom Hardy, por exemplo, é outro com excelente trabalho, mas a ele restou o segundo plano – não que seja algo ruim, já que o leva a também brigar por um Oscar, como melhor ator coadjuvante, ainda que não seja favorito, pois esbarra num filme um tanto quanto raso.

A maior beleza do longa de Iñárritu está nas tomadas e cortes de imagens, apesar de todas as dificuldades de filmagem, sempre em locais verdadeiramente gelados e com luz natural. Há pouco de artificial na produção. Dirigido minimalista e competentemente por Iñárritu, Emmanuel Lubezki deve voltar a brilhar – premiado por melhor fotografia no Oscar em 2014 (“Gravidade”) e 2015 (“Birdman”), tem tudo para sentir o gosto do triunfo pela terceira vez consecutiva.

Mesmo com tamanha beleza fotográfica, o roteiro desequilibra o filme e peca. É arrastado e cansativo. O tempo passa e você segue na apreensão do que acontecerá a seguir com Hugh Glass. O sofrimento nunca acaba e, assim, o espectador se esgota – na sequência final, se decepciona com a melancolia total.

Tudo bem que a produção pode novamente coroar Iñárritu e enfim levar o excelente Leonardo DiCaprio ao Olimpo, mas quem assiste a “O Regresso” deixa a sala de cinema com sensações mistas – uma, de ter visto um filme bom tecnicamente e recheado de belezas incríveis, com boas cenas de ação e um ‘quê’ poético; outra, de cansaço. Só não pinga suor por ter passado as três longas horas no ar condicionado. Era melhor, realmente, que o fôlego tivesse sido tirado pelas mesmas três horas do mesmo DiCaprio num “O Lobo de Wall Street”. Antes de “O Regresso”, tenha uma boa noite de sono e tome um longo suspiro. Você logo se verá maravilhado, mas cansado. Cuidado com os cochilos.

Nota: 3/5

Sinopse:
1822. Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) parte para o oeste americano disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, fica seriamente ferido e é abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que ainda rouba seus pertences. Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue sobreviver e inicia uma árdua jornada em busca de vingança.

Jobs em DVD

Jobs em DVD

Depois do sucesso nos cinemas. O filme do Steve Jobs começou a ser vendido em DVD.

O DVD custa 40 reais.

Sinopse: De hippie sem foco nos estudos a líder de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Esse é Steve Jobs (Ashton Kutcher), um sujeito de personalidade forte e dedicado, que não se incomoda de passar por cima dos outros para atingir suas metas, o que faz com que tenha dificuldades em manter relações amorosas e de amizade.

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Por: Vitor Arouca

Apostas do Oscar/Anna Barros

Apostas do Oscar/Anna Barros

a grande apostaOs três favoritos a ganharem Melhor Filme são: O Regresso, A Grande Aposta e Spotlight. A meu ver, Leoanrdo Dicaprio finalmente leva o seu Oscar e Brie Larson também na categoria Atriz. Além dessas barbadas, a outra é o documentário Amy, de Assif Kapadia e Divertida Mente, na categoria Animação. Na categoria Atriz Coadjuvante, fica a disputa entre Kate winslet por Steve Jobs e Alicia Vikander por A Garota Dinamarquesa, e Ator Coadjuvante, Mark Ruffalo por Spotlight e Sylvester Staloone, por Creed. Star Wars levará muitos prêmios técnicos e O Regresso menos Oscars do que foi indicado.

Faltam trÊs dias para a grande festa da Academia! Façam suas apostas!!

 

Melhor Filme: Spotlight – Segredos Revelados
Melhor Diretor: Alejandro Inarritu, O Regresso
Melhor Ator: Leonardo Dicaprio, O Regresso
Melhor Atriz: Brie Larson, O Quarto de Jack
Melhor Ator Coadjuvante: Mark Ruffalo, por Spotlight
Melhor Atriz Coadjuvante: Alicia Vikander, por A Garota Dinamarquesa
Melhor Animação: Divertida Mente
Melhor canção original: Writing ´s on the Wall, a de 007 contra Spectre
Melhor roteiro adaptado: Perdido em Marte
Melhor roteiro original: Spotlight
Melhor Filme Estrangeiro: O Filho de Saul, Hungria

Melhor Trilha Sonora: Star Wars, de John Williams

Melhor Figurino: Cinderela

Melhor Documentário: Amy

Melhor Fotografia: O Regresso

Melhor Edição: Star Wars

Melhores Efeitos Visuais: Star Wars

Melhor Edição de Som: Star Wars

Melhor Mixagem de Som: O Regresso

Melhor Direção de Arte: A Garota Dinamarquesa

Melhor Maquiagem e Cabelo: Mad Max: Estrada da Fúria

 

Por Anna Barros

Maratona do Oscar: O Lobo no Deserto/Juliana Góes

Maratona do Oscar: O Lobo no Deserto/Juliana Góes

o lobo no desertoO Lobo do Deserto, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro representando a Jordânia, acompanha a história do menino Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat), caçula dos três filhos do falecido Sheik. Eles convivem numa humilde fraternidade beduína, criando cabras no deserto.  Com cerca de 10 anos de idade, ele aprende as formas de vida no deserto – como usar um rifle, seguir rastros de um camelo – com a ajuda do irmão mais velho Hussein.

As coisas começam a mudar quando um militar inglês, cheio de mistérios, chamado Edward (Jack Fox), chega e pede ajuda para chegar a um poço, o que desperta a curiosidade de Theeb. O problema é que o local do destino é uma perigosa região dominada por ladrões. Hussein fica encarregado de levar o general até lá, e Theeb decidi segui-los, correndo risco e sem poder voltar atrás.

No caminho, os três são surpreendidos pelos ladrões, e consequentemente ocorre um confronto trágico. Com direção de Nji Abu Nowar, o longa ambientado em 1916, no início da Primeira Guerra Mundial, tem um enredo simples, cenas surpreendentes, e ressalta a transição da infância à adolescência, momento de amadurecimento de Theeb. De gênero faroeste, o filme lembra o clássico Lawrence da Arábia.

 

 

Juliana Góes é colunista do Poltrona, jornalista, CEO e editora do blog parceiro Cine Ploc.