Sessão de Matinê: Vai, Garotinho que a vida é sua – Doc sobre Osmar Santos/Gabriel Araújo

Sessão de Matinê: Vai, Garotinho que a vida é sua – Doc sobre Osmar Santos/Gabriel Araújo

Osmar Santos vai muito além de um narrador de futebol. Osmar Santos vai muito além de voz da democracia, de locutor das Diretas. Osmar Santos é um exemplo de vida. E esse é o principal foco da ESPN Brasil em um belo documentário sobre o Pai da Matéria. “Vai Garotinho que a Vida é Sua!” é um panorama de uma história; é o retrato da vontade de viver.

Helvidio Mattos, Roberto Salim, Marcelo Gomes e a equipe da ESPN conseguem emocionar em um filme de apenas uma hora, que não revela muitos detalhes da trajetória tão conhecida de Osmar, mas convoca depoimentos fantásticos de importantes personagens, como Oscar Ulisses, Casagrande, Neto, Edson Scatamacchia, seu irmão Osório, sua mãe Clarice, seu filho Vitor, Wladimir, Juca Kfouri, Paulo Soares, Roberto Carmona, Juarez Soares, Fausto Silva… fãs e amigos de um gênio prestando uma merecida homenagem.

A ESPN divide a vida de Osmar em uma linha: a infância, quando chegou a ser gago, o início no rádio em Osvaldo Cruz e Marília, a chegada a São Paulo, o sucesso, a participação na busca pela democracia com as ‘Diretas Já’, o fatídico acidente provocado por um motorista embriagado, a recuperação e o apoio na pintura para se reerguer. A linha não abrange tudo, mas o tempo é curto e, para uma produção destinada à televisão, cumpre muito bem seu papel.

Quem o assiste não conhece o caso que Osmar teve com uma ouvinte ainda no interior. Não ganha detalhes de sua revolução no rádio na Jovem Pan, ou de sua transferência histórica para a Globo, numa era em que o rádio vivia seu auge: é como se hoje, vá lá, Galvão Bueno fosse trabalhar na TV Record. Não o vê como a voz da Seleção pós-Luciano do Valle e pré-Galvão na TV Globo. Não sabe de sua passagem curta pela Rádio Record no início dos anos 90. Não sabe que a Globo ainda o emprega e tem nele o principal nome de sua equipe esportiva. Mas tudo isso são apenas detalhes, nada que comprometa a ótima produção. Quem quiser saber mais pode ler a ótima biografia “Osmar Santos – O Milagre da Vida”, escrita por Paulo Mattiussi, um livro muito completo.

Destaque, no documentário, para a participação do motorista que colocou Osmar na caçamba de sua picape e o levou à Santa Casa de Lins na noite do acidente. Que, numa noite conturbada no hospital, abriu a carteira e viu quem era o acidentado, para gritar que “Osmar Santos da Globo” estava ali. Para alertar os médicos que fizeram os primeiros procedimentos sem maiores recursos, e para salvar sua vida, como também fez o Dr. Jorge Padura no Hospital Albert Einstein.

O filme da ESPN Brasil é fonte de imagens bonitas e bem inseridas, desde as gravações próprias à recuperação de cenas mais antigas, como as de Osmar na cabine, de um “Grandes Momentos do Esporte”, da TV Cultura, nos anos 90; tem uma fotografia muito interessante e o trabalho jornalístico em sua mais pura forma, escolhendo muito bem os entrevistados e exercendo um bom trabalho de pesquisa.

Osmar foi o maior locutor do rádio paulista, e protagonizou a ‘Era de Ouro’, com ele na Globo, José Silvério na Pan e Fiori Gigliotti na Bandeirantes. Passou por adversidades, mas nunca desistiu. Viveu, sempre. Renasceu e descobriu o novo. Merece aplausos de pé, assim como o documentário. Osmar Santos pode ser mais do que a TV mostrou, e isso já foi muito. Nunca menos. Pois Osmar só soma, só cresce. Um viva eterno ao Pai da Matéria. Vai, Garotinho!

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