Maratona do Oscar: Selma/Alexandre Bragança

Maratona do Oscar: Selma/Alexandre Bragança

Alexandre Bragança fez a resenha do último filme, concorrente ao Oscar de Melhor Filme da nossa maratona. Ele é editor do site Pipoca Gigante. Vamos á resenha!

Crédito da foto: Reprodução da Internet.
Crédito da foto: Reprodução da Internet.

A estreante em longa metragens Ava DuVerney chega esta semana com “Selma – Uma Luta Pela Igualdade”, produção nomeada ao Oscar de melhor filme e melhor canção e que, de quebra, mereceria também uma indicação na categoria melhor ator, ainda que infelizmente não tenha sido desta vez.

“Selma – Uma Luta Pela Liberdade” conta a história por trás da marcha liderada por Martin Luther King Jr. em 1965 pelo direito de voto aos negros. Como parte da campanha, manifestantes pacifistas percorreram a pé os quase 76 quilômetros entre a cidade de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery.

O longa tem seu ponto forte no elenco. Com cada vez mais destaque em Hollywood por suas excelentes atuações (“Interestelar“, “O Mordomo da Casa Branca“, “Jack Reacher: O Último Tiro” e “Obsessão“), David Oyelowo praticamente carrega o filme nas costas. Responsável por dar vida a Martin Luther King Jr., Oyelowo imprime na tela detalhes gestuais, de impostação da voz e de caracterização que chegam a causar arrepio em alguns momentos.

O ator certamente merecia uma indicação. Quem também chama atenção, apesar do pouco tempo de tela, é o sempre ótimo Tim Roth(“A Negociação“). Roth interpreta o repugnante governador racista George Wallace e, com sotaque sulista carregado e atitudes e falas execráveis, Roth diferencia esse de qualquer outro personagem de sua carreira, realizando mais um notável trabalho.

Oprah Winfrey, que também produz o longa ao lado de Brad Pitt, encarna uma cidadã decidida a se registrar para votar. Suas poucas cenas são excelentes, com destaque maior para sua primeira participação, quando dá um show de interpretação ao transmitir pelo olhar toda a dor e a humilhação sentidas na pele pelos oprimidos.

No aspecto técnico, a direção de fotografia se sobressai. Assim como em “Amor Fora da Lei“, Bradford Young entrega mais um excelente trabalho. Diferente do realizado anteriormente, aqui Young utiliza a fotografia no formato digital.

Ainda assim, consegue manter a sua assinatura: trabalha nas baixas luzes, o que exalta ainda mais a sua perícia técnica. Afinal, se fotografar negros em baixas luzes já apresenta desafios em película (devido ao pouco contraste), no digital as complicações crescem exponencialmente.

Nada que impeça Bradford de alcançar cenas de sublime beleza fotográfica, como nas sequências em que Luther King está preso com seu amigo Ralph (Colman Domingo) e, posteriormente, recebe a visita de sua esposa Coretta (Carmen Ejogo).

Todavia, a condução narrativa da diretora Ava DuVernay e o roteiro desenvolvido pelo também estreante Paul Webb deixam o filme com o ritmo um tanto lento, fazendo a projeção parecer levar mais tempo do que de fato leva. Ainda assim, “Selma – Uma Luta Pela Liberdade” é o tipo de produção que, apesar de contar uma história situada em 1965, infelizmente ainda ecoa fortemente nos dias de hoje e precisa ser assistida.

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