Por: Gabriel Araújo (@gabriel_araujo1)
Sessão de Matinê: “A Pele que Habito”
Filme de Pedro Almodóvar, que dispensa maiores apresentações, com Antonio Banderas como protagonista. Bom. Nada mais do que bom, e sem “crescer” para tal comentário. Enchê-lo de elogios seria tão estranho quanto seu enredo.
Suspense com doses de loucura, gera uma boa expectativa e apresenta, apesar de seus toques dramáticos, algumas cenas engraçadas. Principalmente com o “Tigre”, que participa pouco, mas genialmente. E faz “um estrago”, já diria a personagem Vera (assista e entenderá).
O enredo é doido e apresenta a história do doutor Robert Ledgard (Antonio Banderas), importante cirurgião plástico (e completo louco) que passou por sofrimentos com esposa e filha, que morrem, a primeira após um acidente de carro e a outra com problemas mentais, agravados por um estupro (ambas não sofrem morte instantânea, diga-se). Transforma um rapaz em uma mulher completa, ainda criando a pele mais forte do mundo, gigantesca obsessão.
Um ponto interessante do filme são os momentos intensos, além do final que chega a surpreender. O início gera dúvidas quanto aos projetos de Robert, porém tudo se esclarece ao decorrer da produção. Mas acredito que maiores detalhes da transformação de Vicente em Vera poderiam ser apresentados. É tudo muito rápido e superficial em tal assunto, que poderia tomar o lugar das inúmeras voltas que o filme dá. Idas e vindas desnecessárias, sem impor um ritmo eletrizante.
Venceu o prêmio da juventude do Festival de Cannes em 2011 e foi indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Merece atenção aos detalhes. É importante que tudo seja bem observado, principalmente as cenas capitais, ou não se entenderá a produção justamente por sua loucura. Feito isso, mostra-se uma película até certo ponto interessante, mas nada de muito especial. Almodóvar já fez coisas melhores.
*Gostaria de mandar um alô especial aos amigos que assistiram ao filme comigo. Cecília, Nathalia, Miranda, Marcelo e Maria Eduarda. Obrigado pelo convite (assistimos há uns 368 anos – talvez menos – mas o texto só sai agora. Sou atrasado).
Sinopse:
Robert Ledgard (Antonio Banderas) é um conceituado cirurgião plástico, que vive com a filha Norma (Bianca Suárez). Ela possui problemas psicológicos causados pela morte da mãe, que teve o corpo inteiramente queimado após um acidente de carro e, ao ver sua imagem refletida na janela, se suicidou. O médico de Norma acredita que esteja na hora dela tentar a socialização com outras pessoas e, com isso, incentiva que Robert a leve para sair. Pai e filha vão juntos a um casamento, onde ela conhece Vicente (Jan Cornet). Eles vão até o jardim da mansão, onde Vicente a estupra. A situação gera um grande trauma em Norma, que passa a acreditar que seu pai a violentou, já que foi ele quem a encontrou desacordada. A partir de então Robert elabora um plano para se vingar do estuprador.