Amor (Amour)
Dirigido por Michael Haneke. Com: Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert, Alexandre Tharaud, William Shimell.
Respirei fundo algumas vezes antes de começar a escrever essa crítica ao filme Amor. Uma grande obra de arte e uma ode ao sentimento que dá título ao filme, ouso dizer que é um dos
melhores filmes que já assisti (se não o melhor). Porém intenso e incômodo.
Nos primeiros minutos de filme somos capazes de perceber a delicadeza de seus detalhes, mas a intensidade característica do brilhante Michael Haneke. O longa austríaco nos leva para dentro do apartamento do casal de idosos Georges (Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva). Consequentemente, passamos a viver seus dramas e sentir as dores do homem que se vê forçado a cuidar daquela que foi o grande amor de sua vida. Sozinho, como sempre foram. Apenas ele e ela.
Todo o filme acontece naquele cenário confuso de corredores, portas e cômodos vazios. Apenas uma única cena nos tira daquele cenário. Acredito que não tenha transcorrido nem 2
minutos, mas encarar um plano aberto de uma plateia de teatro te encarando fixamente foi uma experiência cinematográfica minimamente incomoda. E se encerram aqui minhas observações “negativas” ao filme.
Cores, texturas, quadros, planos, sons e silêncios completamente irretocáveis. Amor nos transporta para angústia de nos depararmos conosco. De questionarmos a morte, o tempo e o quanto somos capazes de nos dedicar ao outro. Amor humaniza e devasta.
O longa contrasta cenas intensas de gritos, dor e delírio, com a simplicidade do amor no olhar de Georges enquanto Anne diverte-se com os movimentos de sua cadeira de rodas.
Anne é uma felizarda por ter tido a oportunidade de envelhecer com uma linda história. E que tudo aquilo que “não precisa ser visto” é apenas a assinatura do tempo ao final de sua vida.
Nota da editora: Michael Haneke é o mesmo diretor de A fita branca, que não ganhou Melhor Filme Estrangeiro, mas desta vez pode ser a grande barbada da categoria.
Sinopse: Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) são um casal de aposentados, que costumava dar aulas de música. Eles têm uma filha musicista que vive com a família em um país estrangeiro. Certo dia, Anne sofre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado. O casal de idosos passa por graves obstáculos, que colocarão o seu amor em teste.
http://www.youtube.com/watch?v=ld8Yi7NOFhY
Thaty Moura é jornalista, produtora e analista de mídias sociais. Contribui com o Poltrona de Cinema de vez em quando. É blogueira também e tem um blog chamado Microcâmera.