ALAN MOORE E O CINEMA
Talvez os cinéfilos não irão reconhecer este nome, mas os fãs de HQ com certeza sim.
Alan Moore é um dos mais importante e influente escritor de quadrinhos do mundo. E ao lado de Neil Gaiman e Frank Miller, suas obras mudaram a visão que as pessoas tinham sobre as HQs.
O sucesso de suas obras foi tão grande que logo surgiu à ideia de leva-las para o cinema. Coisa que Moore sempre foi contra. Ele acha que toda vez que uma de suas histórias é colocada na tela grande, destrói tudo o que ele queria dizer.
É verdade que a maioria dos filmes baseados em suas HQs é horrível. Mas temos alguns bons filmes sim.
Vamos analisar um por um.
O primeiro filme baseado em uma graphic novel dele foi Do Inferno (From Hell, 2001, direção de Albert Hughes e Allen Hughes, com Johnny Depp, Heather Graham e Ian Holm). Este filme não é ruim, mas confuso. Infelizmente, a ideia de um policial com poderes psíquicos durante a época dos crimes de Jack o Estripador acabou não ficando legal no cinema. E o romance dele com uma das vitimas acabou deixando a história mais confusa ainda.
O próximo filme foi A Liga Extraordinaria (The League of Extraordinary Gentlemen, 2003, direção de Stephen Norrington, com Sean Connery, Peta Wilson e Stuart Townsend). Filme ruim, que nem a presença de Sean Connery conseguiu salvar. A Liga conta a história de um grupo de heróis chamados pela Rainha Vitória para deter um cientista que planeja dominar o mundo. Os heróis são todos personagens da literatura mundial: Allan Quatermain (As Minas do Rei Salomão, de Henry Rider Haggard), Mina Harker (Drácula, de Bram Stoker), Henry Jekyll e Edward Hyde (Dr. Jekyll e Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson), Rodney Skinner (O Homem Invisível, de H.G. Wells), Capitão Nemo (20.000 Léguas Submarinas, de Julio Verne), Dorian Gray (O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde), Tom Sawyer (As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain) e Professor James Moriarty (O Problema Final, de Arthur Conan Doyle).
Os fãs da HQ reclamam (e com razão) de duas coisas: o fato de ter sido incluído um personagem que não existia na obra original de Moore e um dos membros da Liga ser um dos vilões. O personagem incluído foi Tom Sawyer, que foi colocado pelos produtores para atingir o publico americano. E o personagem que trai a Liga foi Dorian Gray.
Este filme tem vários problemas e só não é a pior adaptação de uma revista de Alan Moore por causa do próximo filme da lista.
Constantine (Constantine, 2005, direção de Francis Lawrence, com Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia LaBeouf e Djimon Hounsou) é o tipo de filme que nunca deveria ter sido produzido.
Não só pelo roteiro ruim e péssima atuação dos atores, mas sim porque deturpou totalmente a história em que ela foi baseada.
Aqui vão alguns detalhes que mostram o quanto Alan Moore estava certo por não querer ver seu personagem no cinema: John Constantine é inglês, ruivo, nunca parou de fumar e é um tremendo sacana. No filme ele é americano, moreno, está parando de fumar e tem consciência. Sem contar que Keanu Reeves parece estar atuando com uma má vontade tremenda. Outro personagem que ficou totalmente fora do seu conceito original foi o taxista Chas Krames, interpretado por Shia LaBeouf. Nas HQs ele sabe o que Constantine faz, mas nunca mexeu com magia. Já no filme, ele quer ser treinado por John e acaba morrendo.
Já os dois filmes seguintes são muito bons: V de Vingança (V for Vedetta, 2006, direção de James McTeigue, com Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea e John Hurt) e Watchmen (Watchmen, 2009, direção de Zack Snyder, com Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Jeffrey Dean Morgan e Billy Crudup).
V conta a história de um vigilante que resolve começar sozinho uma cruzada contra um governo opressor na Inglaterra. Já Watchmen mostra uma realidade onde os super-heróis realmente existem e como a população não se sente segura com eles. Ambos os filmes estão na lista de melhores adaptações de HQs para o cinema já feitas.
Somente Moore não gosta deles. Concordo que muita coisa em ambos foi alterada da obra original, mas diferente de Constantine, onde as mudanças deformaram o personagem principal, as adaptações nestes filmes acabaram tornando os filmes muito bons.
No placar geral, de cinco filmes feitos baseados em suas obras, três são totalmente dispensáveis e dois são muito bons.
Mas entendo quando ele diz que certas obras não devem ser adaptadas para outras mídias. Principalmente quando elas são totalmente descaracterizadas da obra original.
