Minhas Apostas Oscar 2020/Anna Barros

Minhas Apostas Oscar 2020/Anna Barros

Minhas Apostas Oscar 2020

Melhor Filme: Parasita
Melhor Diretor: Boon Yo
Melhor Ator: Joaquin Phoenix, Coringa
Melhor Atriz: Renee Zelwegger, Judy
Melhor Atriz Coadjuvante: Laura Dern, Historia de um Casamento
Melhor Ator Coadjuvante: Brad Pitt, Era uma vez em Hollywood
Melhor Filme Internacional: Dor e Gloria
Melhor Roteiro Original: Parasita
Melhor Roteiro Adaptado: Dois Papas
Melhor Montagem: Parasita
Melhor Figurino: Adoráveis Mulheres

Maratona Oscar: Jojo Rabbit/Flávia Barbieri

Maratona Oscar: Jojo Rabbit/Flávia Barbieri

 

Esse ano, os candidatos ao Oscar são de categorias bem diferenciadas. Seja na abordagem do tema, na apresentação da narrativa, nas surpresas ao longo da história, os filmes têm cativado a audiência com abundante inovação. Jojo Rabbit não é diferente.

Jojo Rabbit é surpreendentemente corajoso ao criar um cenário cômico dentro do ambiente lúgubre da Segunda Guerra Mundial; e ainda trabalha com o riso – ainda que de forma sinuosa – com uma das figuras mais monstruosas da história.

O protagonista é um menino de dez anos, Jojo Rabbit (Roman Griffin Davis), hesitante em busca de uma figura paterna, que ele encontra em seu amigo imaginário, o Führer. Tal personagem passeia ora entre os sentimentos infantis de Jojo, ora em forma de guia repleto de inspiração. Waititi, com sua performance encantadora, consegue traduzir a necessidade auto-projetada de uma criança perdida em meio à guerra e a um mundo que ele ainda não conhece verdadeiramente.

O lado sombrio do personagem vai se mostrando à medida que a percepção de Jojo pelos acontecimentos e pela imagem de seu “herói” começa a mudar.  Ele, então, se transforma num personagem desagradável, com nuances muito bem elaboradas.

O Führer se torna uma metáfora quase palpável de que as referências e o discernimento mudam no momento em que amadurecemos dentro de nós, as nossas percepções sobre o mundo.

As cenas em que Jojo descobre o grande segredo da mãe, que guarda uma garota judia nas paredes da casa são a combinação perfeita entre angústia e terror, numa sequência inteligente e bem estruturada.

A interpretação da menina Elsa (Thomasin McKenzie) é de uma força avassaladora. Elsa é a figura questionadora que desdenha dos preconceitos assumidos por Jojo. McKenzie interpreta a personagem com uma incrível integridade, trazendo para o filme a profundidade inteligente que constitui toda a narrativa. Os diálogos fumegam inquietude e raiva.

No entanto, ainda que o filme faça jus à sua indicação, em alguns momentos podemos constatar um desequilíbrio desconfortável entre a grandiosa interpretação de Waikiki e os nazistas rebeldes Rebel Wilson e Sam Rockwell, que não se enquadram nesse acervo cômico.

O centro da história se compõe pela vulnerabilidade do protagonista Jojo.  Roman Griffin Davis realmente convence como criança assustada, amadurecendo sua percepção da vida, crescendo em um mundo caótico. Existe uma polifania entre a criança ingênua e aquela que começa a descobrir as verdades da vida, o que torna o filme suave e denso ao mesmo tempo.

Com tantos concorrentes vigorosos, Jojo Rabbit não está entre as predileções para a categoria de melhor filme. Mas fica o lembrete de que uma história bem construída e criativa pode chegar muito longe.

 

O filme foi indicado as categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante para Scarlet Johansson, Melhor Roteiro Adaptado para Taika Waikiki, Melhor Figurinho para Mayes C. Rubeo, Melhor Direção de Arte para Ra Vicent e Melhor Montagem para Tom Eagles.

Sinopse: Johannes ‘Jojo’ Betzler (Roman Griffin Davis) é um garoto alemão de dez anos que cresceu na Alemanha nazista idolatrando Adolf Hitler e tem um amigo imaginário em forma de Führer (Taika Waititi).

No entanto, quando ele descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) está abrigando uma garota judia chamada Elsa (Thomasin McKenzie) em sua casa, sua percepção sobre Hitler e sobre a guerra começa a mudar.

 

 

Maratona Oscar: O Irlandês/Anna Barros

Maratona Oscar: O Irlandês/Anna Barros

Se um filme de Martin Scorsese, você para para assistir, mesmo sabendo que a película terá 3h30, o que pe muito longo, mesmo para streaming, onde você parar quando quiser. Mas não pare.Veja direto e terá uma experiência muito melhor.

O que esperar de um filme com Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci e Harvey Keitel? Sempre o melhor, se é  que isso seja possível. Mas a narrativa é lenta e custa a pegar. Pega no tranco e melhora sensivelmente quando  Al Pacino entra em cena. A história é uma da máfia envolvendo Jimmy Hoffa que já teve seu filme sozinho outrora. Só que deixa a desejar e comparado a O Poderoso Chefão, Bons Companheiros e outros filmes com o mesmo tempo.

Ali se vê a marca de Scorsese: bom roteiro e ação fluida.  E outro adendo: a narração em primeira pessoa.  E mostra três momentos da vida do protagonista, Frank Sherran, vivido por Robert De Niro.  A montagem também é muito boa para poder encaixar três histórias em uma só. O  filme fala de guerra, crescimento na máfia e amizades entre os mafiosos. Além de uma boa contextualização hsitórica com o assassinato do presidente John Kennedy.

De Niro podia dar mais de si, às vezes seu personagem fica ofuscado pelo brilho de Al Pacino e Joe Pesci.

As sequências de silêncio entre Frank e suas filhas, principalmente Peggy que faz vista grossa com a profissão do pai até que uma das mortes a atinge diretamente. Sua filha, Peggy, vivida por Anna Paquin é a única que realmente percebe o que o pai e seus amigos realmente fazem e acaba  ignorando-no com uma determinada observação. O final é simplesmente surpreendente.

Frank vai contando toda a sua vida quando se encontra num asilo, solitário com suas lembranças e pensamentos. A parte psicológica do filme é a melhor, mais que as cenas de violência crua e ação.

Vale a pena assistir! E aguardar as premiações porque O Irlandês concorre ao Oscar. São dez indicações, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor para Martin Scorsese, Melhor Ator Coadjuvante com Joe Pesci e Al Pacino, Melhor Fotografia, dentre outros. Robert de Niro não foi indicado a Melhor Ator. Joe Peci e Al Pacino estão maravilhosos mas devem perder para Brad Pitt em Era uma Vez em Hollywood.

A meu ver, sairá de mãos abanando, não levará nenhuma estatueta dourada.

Sinopse: Conhecido como “O Irlandês”, Frank Sheeran (Robert De Niro) é um veterano de guerra cheio de condecorações que concilia a vida de caminhoneiro com a de assassino de aluguel número um da máfia. Promovido a líder sindical, ele torna-se o principal suspeito quando o mais famoso ex-presidente da associação desaparece misteriosamente.

 

Cotação: 3,5/5 poltronas

 

Maratona Oscar: História de um Casamento/Anna Barros

Maratona Oscar: História de um Casamento/Anna Barros

O filme fala de um casal que decide se separar após a descoberta da traição do marido. Essa poderia ser mais uma história de um casal brigando por um divórcio mas é mais do que isso. Mas vai além disso: há uma discussão de relacionamento profunda entre Nicole e Charlie acrescentando a briga pela guarda do filho, Henry. O filme é tipicamente americano e  parece um Antes do Amanhecer modernizado com um roteiro bem feito e uma direçao bem realizada. Você vê o filme e mesmo eu sendo solteira e nunca ter me casado, me sinto impactada.

As atuações são soberbas. Scarlett Johanson se esforça muito e consegue sua indicação ao Globo de Ouro como Melhor Atriz e torçamos para o Oscar. Adam Driver arrebenta como o marido Charlie. Manipulador, egoísta e egocêntrico que, para não perder em definitivo a guarda do filho Henry, acaba se descascando com uma cebola, perdendo camadas, mesmo, e mostrando seu lado mai sensível e humano. A atuação é magnífica e pode dar arrepios  na pretensões de Joaquim Phoenix como Coringa, também indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator e ao zarão Antonio Banderas por Dor e Glória. A atuação é espetacular, visceral. Outro destaque e pule de dez na categoria Melhor Atriz Coadjuvante é Laura Dern, como a advogada de Nicole que quer tirar o tubos de Charlie e impo~e um discurso de empoderamento feminino e seus direitos. Você vê o filme e já imagina nas premiações que ela irá concorrer. Ela é espontânea, profunda e flui numa dobradinha com Scarlett muitas vezes colocando-na em segundo plano. A atuação de Adam Driver também eclipsa um pouco Scarlett mas ela resiste e brilha também.

No final, percebemos que apesar das brigas e declarações muitas vezes usadas pelos advogado, percebe-se que as duas parte acabam dispostas a se tornarem flexíveis para talvez resgatar seu amor ou preservar a sanidade e um bom ambiente para o filho, Henry.

História de um Casamento concorre ao Oscar, certamente. Será a minha torcida no Oscar tamanha a complexidade e o brilhantismo do filme. Mais um gol de placa da Netflix que também concorre com O Irlandês e O Dois Papas em parceria com Fernando Meirelles. A meu ver, melhor que O Irlandês.

Minha torcida é por Adam Driver como Melhor Ator mas essa categoria é barbada: Joaquin Phoenix deve levar por Coringa. Um dos melhores filme da temporada. Um roteiro muito bom com desempenhos espetaculares. Scarlett Johanson concorre a Melhor Atriz ma deve perder para Renee Zellwegger que está estupenda em Judy.

A meu ver, o único Oscar que levará será o de Melhor Atriz Coadjuvante para Laura Dern, que tem abiscoitado todas as premiações da temporada, inclusive Golden Globes, SAGA Awards e também o BAFTA entregue na noite dete domingo, 2 de fevereiro.

Façam suas apostas e corram para ver História de um Casamento onde facilmente o encontramos no vasto catálogo da Netflix.

 

http://www.youtube.com/watch?v=uZ0GpIBdsWQ

 

Maratona Oscar: 1917/Paula Hermógenes

Maratona Oscar: 1917/Paula Hermógenes

“1917” estreou em muitos países já premiadíssimo. Venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme e Melhor Realizador e está nomeado para dez Oscars.  São todas glorias merecidas.  É um filme de guerra que não é bem sobre a Guerra mas sobre amizade, sobre lealdade, sobre perseverança e resiliência.  O filme nos emociona e nos faz sair do cinema pensativos.

O que poucos sabem, é que a história é inspirada nos episódios que o avô de Sam Mendes, Alfred Mendes lhe contava durante a infância sobre suas experiências na Primeira Guerra Mundial.

Na história, dois militares britânicos, Blake (Dean-Charles Chapman) e Schofield (George MacKay), recebem a missão de entregar uma ordem de um general a outro pelotão de combate, liderado pelo coronel MacKenzie, que está a algumas horas de distância. Os alemães haviam recém retirado as suas tropas daquele território e MacKenzie prepara-se para atacá-los em outro ponto. No entanto, a retirada fora uma armadilha e, portanto, 1600 soldados britânicos que se preparavam para atacar serão mortos em uma emboscada.  Blake e Schofield teriam portanto pouco tempo para realizar uma travessia a pé para evitar a tragédia. Um detalhe muito importante: um dos 1600 soldados em risco era o irmão mais velho de Blake.

1917, portanto, se desenrola exatamente no percurso em território perigoso, cheio de armadilhas montadas pelos alemães e com direito a muitos sustos (inclusive para a plateia)!

Tecnicamente, o filme foi gravado em praticamente um único plano de sequência (sem alternância entre várias câmeras) e tudo se passa no decorrer daquele dia. Arrisco afirmar que  tanto direção como fotografia são absolutamente soberbos e de resultado muito superior ao de seus concorrentes.   Sam consegue nos mergulhar nos territórios ocupados da Franca de 1917 com maestria. Torcemos por Blake e Schofield, nos emocionamos e nos assustamos com o que encontram pelo caminho como se os seguíssemos de bem perto.

Um conselho: este é daqueles filmes para ver no cinema, de preferencia em telas IMAX 3D.  À certa altura parece que estamos mesmo lá e a trilha sonora completa o “fit” sensorial perfeito contribuindo ainda mais para causar esse efeito de imersão, sobretudo nas partes mais tensas e de suspense.

Alguns poderão tentar comparar 1917 a Dunkirk.  Outro conselho: não tente. Ambos são ótimos mas tão diferentes em concepção e realização que o único traço comum remanescente talvez seja a temática de guerra!

“1917” é filme para quem gosta da experiência do cinema.  Quem o vir dificilmente se arrependerá.  Sim, na corrida para os Oscars deste ano temos o campeão do dramalhão (Joker), o azarão (Parasite), o low cost (Marriage Story), o ultra longo e pouco original – apesar de bem humorado (The Irishman), os ultra simpáticos mas não reais concorrentes (Jojo Rabbit, Little Women e Ford vs Ferrari)…e Once Upon a Time in Hollywood que é muito bom mas irregular.  Meu palpite:  há apenas trê concorrentes para filme e direção: Once Upon a time…, 1917 e Parasite.   Meu voto: 1917.  Esperemos pela decisão da Academia.

Enquanto isso, vá ao cinema, que ainda é a maior diversão!