Novo filme de Aly Muritiba, DESERTO PARTICULAR está no 78º Festival de Veneza

Novo filme de Aly Muritiba, DESERTO PARTICULAR está no 78º Festival de Veneza

Longa, dirigido pelo mesmo diretor de “O Caso Evandro”, discute a afeição masculina no Brasil contemporâneo

Com uma filmografia que inclui trabalhos como “Jesus Kid”, selecionado para o Festival de Gramado, “Para Minha Amada Morta”, exibido em San Sebastian e vencedor de sete candangos no Festival de Brasília, e “Ferrugem” que teve estreia mundial no Festival de Sundance e foi escolhido melhor filme no Festival de Gramado, Aly Muritiba lida em DESERTO PARTICULAR, sua mais nova obra, com aquilo que ele chama de “os afetos masculinos no Brasil contemporâneo.”. O filme fará sua première mundial no Festival de Veneza, na mostra Venice Days, que acontece em setembro.

O longa é protagonizado por Antonio Saboia (“Bacurau”), como Daniel, um policial afastado do trabalho depois de cometer um erro. Ele mora em Curitiba, com um pai doente, de quem cuida com devoção. Taciturno, Daniel fala pouco, e sorri menos ainda,. Seu único motivo de alegria é a misteriosa Sara, uma moça que mora no sertão da Bahia, e com quem se corresponde por aplicativo de celular. O desaparecimento subito de Sara faz com que Daniel resolva cruzar o país em busca de seu amor.

DESERTO PARTICULAR é um filme de encontros. Desde 2016, com o golpe que tirou do poder uma presidenta democraticamente eleita, minha geração, formada depois da Ditadura Militar, enfrenta o momento mais dramático de sua existência. O país afundou numa espiral de ódio que culminou com a eleição de um fascista como presidente. Depois da eleição de Jair Bolsonaro, todas as minorias, mulheres, indígenas, a comunidade LGBTQIA+, negros, entre outros, passaram a ser sistematicamente perseguidas, e o país se dividiu entre o sul conservador e o norte e nordeste progressista. Essa época de ódio me motivou quando decidi sobre o que seria meu próximo filme. Faria uma obra sobre encontros. Nesse momento de ódio, resolvi fazer um filme sobre o amor”, explica o cineasta.

Saboia foi o primeiro escolhido para o filme, e, conforme explica o diretor, lutou muito pelo papel. “Eu não o conhecia, mas ele havia ouvido falar do roteiro e me procurou. Depois de algumas ligações nós enfim nos encontramos e o santo bateu. Olhei pra ele e senti a energia de Daniel. Parei pra ouvi-lo e ela tinha a voz que havia imaginado que Daniel tinha.”

A escolha do outro protagonista foi um pouco mais desafiadora. “Uma amiga, a atriz Natália Garcia, que fez ‘Ferrugem’ comigo, me falou de Pedro Fasanaro. Ao ver suas fotos eu me interessei de cara e resolvi marcar um café entre mim e ele e depois com o Saboia. Eu me apaixonei pela doçura de Pedro, sua voz, seu olhar, me cativaram, mas o mais intenso foi ouvir sua história de vida e perceber o tanto do personagem que já havia ali. Quando enfim Saboia chegou e eles se encontraram eu senti que havia achado minhas parcerias criativos. E é isso mesmo que aconteceu. Criamos, a partir de suas experiências pessoas novas/mesmas personagens.”

Para Muritiba, a cidade de Sobradinho, como cenário, serve como uma metáfora para os personagens. “Sempre me interessei por aquela pequena cidade erguida ao redor de uma enorme represa. Sobradinho é uma cidade rodeada de energia elétrica, mas também levantada sob o signo do represamento, do controle do fluxo das águas. Essa energia decorrente desse represamento movem meus personagens, mas também essa vontade de sair se derramando por aí.” E filmar ali “foi um desafio proporcional à magnitude da represa que há na cidade. Havia toda uma energia no set que com toda certeza contagiou o filme.”

Também diretor de documentários, com filmes como “A Gente” e “Pátio”, e da recente série fenômeno da Globo Play “O Caso Evandro”, Muritiba explica que essa experiência foi fundamental para DESERTO PARTICULAR. “O modo como abordo os espaços e os corpos nos espaços vem do documentário de observação. Aqui, essa experiência foi determinante para o mise-en-scène, mas não só. O compromisso ético com o tema e os objetos (personagens) que tenho quando faço documentários está todo o tempo em pauta nas minhas ficções.”

DESERTO PARTICULAR será lançado no Brasil pela Pandora.

Sinopse

Daniel é um policial exemplar, mas acaba cometendo um erro que coloca em risco sua carreira e rua honra. Quando nada mais parece o prender a Curitiba, ele parte em busca de Sara, uma mulher com quem se relaciona virtualmente.

Ficha Técnica

Direção: Aly Muritiba

Roteiro: Aly Muritiba, Henrique dos Santos

Elenco: Antonio Saboia, Pedro Fasanaro, Thomas Aquino, Laila Garrin, Cynthia Senek

Produtoras: Grafo, Fado Filmes, Muritiba Filmes

Produção: Antonio Gonçalves Junior, Luís Galvão Telles, Gonçalo Galvão Teles e Aly Muritiba

Direção de Produção: Thamires Vieira e Max Leean 

Produção Executiva: Chris Spode, Raiane Rodrigues

Produção Executiva (Portugal): Vasco Esteves, João Fonseca

Direção de Fotografia: Luis Armando Artega

Direção de arte: Marcos Pedroso, Fabíola Bonofliglio

Figurino: Isbella Brasileiro

Montagem: Patrícia Saramago

Caracterização: Britney Federline

Trilha Sonora: Felipe Ayres

Som Direto: Marcos Manna

Desenho de Som: Daniel Turini, Fernando Henna, Henrique Chiurciu

Trilha Sonora Original: Felipe Ayres

Gênero: drama

País: Brasil, Portugal

Ano: 2021

Duração: 120 min.

Biografia

Aly Muritiba é diretor, roteirista, produtor e montador, tendo em seu currículo ficções e documentários. Seus filmes já conquistaram mais de 200 prêmios em festivais de cinema, e foram exibidos em festivais como por Sundance (“Ferrugem”, 2018), Veneza (“Tarântula”, 2015) San Sebastian (“Para minha amada morta”, 2015/ “Ferrugem”, 2018) e Semana da Crítica, Cannes (“Pátio”, 2013). Em Gramado, “Ferrugem” conquistou prêmio de Melhor Filme e Roteiro (co-escrito com Jessica Candal). No mesmo festival, em 2021, “Jesus Kid” será exibido em competição.

Para canais de TV e streaming, Muritiba dirigiu as séries “O Hipnotizador” – S02 (HBO), “Carcereiros” S02 (Globo), “Irmãos Freitas” (HBO-MAX) e “Irmandade” (Netflix) e “O Caso Evandro”(GloboPlay).

‘Ferrugem,’ de Aly Muritiba, leva kikito de melhor filme no Festival de Gramado. Veja todos os vencedores

‘Ferrugem,’ de Aly Muritiba, leva kikito de melhor filme no Festival de Gramado. Veja todos os vencedores

‘Ferrugem’, filme de Aly Muritiba, levou o Kikito de Melhor Longa-Metragem Brasileiro. Foto: Divulgação

O 46º Festival de Cinema de Gramado foi encerrado na noite deste sábado (25), com a premiação dos curtas e dos longas brasileiros, além de filmes estrangeiros. Ferrugem, de Aly Muritiba, venceu na categoria de melhor filme, além de faturar os kikitos nas categorias de melhor desenho de som e melhor roteiro. Já Benzinho foi o longa que recebeu mais estatuetas, com quatro no total.

 Confira a lista de vencedores

Curtas brasileiros:

Melhor Desenho de Som: Fabio Carneiro Leão, por Aquarela

Melhor Trilha Musical: Manoel do Norte, por A Retirada Para um Coração Bruto

Melhor Direção de Arte: Pedro Franz e Rafael Coutinho, por Torre

Melhor Montagem: Thiago Kistenmacker, por Aquarela

Melhor Fotografia: Beto Martins, por Nova Iorque

Melhor Roteiro: Março Antonio Pereira, por A Retirada Para um Coração Bruto

Melhor Ator: Manoel do Norte, A Retirada Para Um Coração Bruto

Melhor Atriz: Maria Tujira Cardoso, Catadora de Gente

Prêmio Especial do Júri: Estamos Todos Aqui, Chico Santos e Rafael Melin

Prêmio Canal Brasil de Curtas: Nova Iorque, de Leo Tabosa

Melhor Filme do Júri Popular: Torre, de Nadia Mangolini

Melhor Direção: Fábio Rodrigo, por Kairo

Longas estrangeiros

Melhor Fotografia: Nelson Waisntein, por AvernoMelhor

Roteiro: Marcelo Martinessi, por As Herdeiras

Melhor Ator: Néstor Guzzini, por Mi Mundial

Melhor Atriz: Ana Bruno, Ana Ivanova e Margarita Irun, As Herdeiras

Prêmio Especial do Júri: Averno

Melhor Filme do Júri Popular: As Herdeiras

Melhor Direção: Marcelo Martinessi, As Herdeiras

Longas brasileiros

Melhor Desenho de Som: Alexandre Rogoski, Ferrugem

Melhor Trilha Musical: Max de Castro e Wilson Simoninha, por Simonal

Melhor Direção de Arte: Yurika Yamazaki, Simonal

Melhor Montagem: Gustavo Giani, A Voz do Silêncio

Melhor Ator Coadjuvante: Ricardo Gelli, 10 Segundos Para Vencer

Melhor Atriz Coadjuvante: Adriana Esteves, Benzinho

Melhor Fotografia: Pablo Baião, Simonal

Melhor Roteiro: Jéssica Candal e Aly Muritiba, Ferrugem

Melhor Ator: Osmar Prado, 10 Segundos Para Vencer

Melhor Atriz: Karine Teles, Benzinho

Menção Honrosa: A Cidade dos Piratas

Prêmio Especial do Júri

Melhor filme do Júri Popular: Benzinho, de Gustavo Pizzi

Melhor Direção: André Ristum, A Voz do Silêncio

Prêmios da Crítica

Melhor filme em curta-metragem brasileiro: Torre

Melhor filme em longa-metragem estrangeiro: As Herdeiras

Melhor filme em longa-metragem brasileiro: Benzinho

Melhores filmes

Melhor curta-metragem brasileiro: Guaxuma, de Nara Normande

Melhor longa-metragem estrangeiro: As Herdeiras, de Marcelo Martinessi

Melhor longa-metragem brasileiro: Ferrugem, de Aly Muritiba

Fonte: Gaúcha ZH