KARIM AÏNOUZ ENTRA NA COMPETIÇÃO OFICIAL DE CANNES COM ‘MOTEL DESTINO’

KARIM AÏNOUZ ENTRA NA COMPETIÇÃO OFICIAL DE CANNES COM ‘MOTEL DESTINO’

Seleção do thriller erótico, filmado inteiramente no Ceará, marca  um recorde no cinema nacional: é a sexta vez que o diretor  exibe um longa-metragem no prestigioso festival francês

O cineasta Karim Aïnouz vai retornar pelo segundo ano consecutivo à competição oficial do Festival de Cannes (14 a 25 de maio). Desta vez o diretor desembarcará na cidade francesa com “Motel Destino”, longa-metragem filmado inteiramente no Ceará, seu estado natal; em 2023, concorreu com “Firebrand”, seu primeiro projeto em língua inglesa. O thriller erótico que marca a sexta passagem de Aïnouz pelo evento, um recorde no cinema nacional, traz como protagonistas Iago XavierNataly Rocha – selecionados por teste entre mais de 500 atores – e Fabio Assunção.

“É sempre muito emocionante ter um filme selecionado para o Festival de Cannes. Embora seja a minha sexta vez aqui, parece a primeira. Foi lá que estreei com ‘Madame Satã’, há mais de 20 anos, exibi na Quinzena dos Realizadores ‘Abismo Prateado’ e fui premiado com ‘A Vida Invisível’ na mostra Un Certain Regard. Foi no festival que dividi com o grande público ‘Marinheiro das Montanhas’, um filme tão pessoal sobre a história dos meus pais, e também ‘Firebrand’”, celebra o diretor. 

Elemento recorrente na filmografia de Karim Aïnouz, o erotismo é o pano de fundo deste oitavo longa de ficção do diretor.  Ele apontou suas lentes para as cores fortes e vibrantes do litoral nordestino, que dão a tônica visual-narrativa da nova obra.

“Hoje meu coração está em festa. Retornar ao festival com um filme que marca a minha volta ao Brasil, depois de tanto tempo longe e de quatro anos de um governo fascista, é uma comemoração dupla, uma volta dobrada para casa. ‘Motel Destino’ é um filme insaciável, sedento e sensual. Nesse retorno, me dei o prazer de explorar novas possibilidades estéticas e dramatúrgicas. Sob o sol implacável do Ceará, ousei sonhar um filme novo, com muito suor, tesão, alegria e a vitalidade própria de quem tem fome de existir”, diz o diretor.

O estabelecimento de beira de estrada que dá título ao novo filme é, segundo Karim, “o principal personagem do enredo e o local onde se entrecruzam questões crônicas da realidade brasileira”. O longa é um retrato íntimo de uma juventude que teve seu futuro roubado por uma elite tóxica e esmagadora, contra a qual a insubordinação e revolta são, não raramente, a saída possível.

“Me interessa muito falar de desejo e revolta, temas de absoluta relevância no Brasil contemporâneo. ‘Motel’ é uma saga do encontro de um rapaz em fuga, totalmente vulnerável, com uma mulher aprisionada pelas dinâmicas de um casamento abusivo. Unidos pelo destino, seus caminhos se cruzam e a história se desenrola”, resume Aïnouz.

Motel Destino” é uma produção da Cinema Inflamável e Gullane, coproduzido internacionalmente pela francesa Maneki Films e pela alemã The Match Factory, em associação com Brouhaha Entertainment e Written Rock Films (UK). O filme também é coproduzido por Globo FilmesTelecine e Canal Brasil e conta com o patrocínio da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. No Brasil, o filme será distribuído pela Pandora Filmes e pela Gullane + enquanto The Match Factory responde pelas vendas internacionais.

A narrativa nasceu da parceria de Karim com o Laboratório de Cinema da Porto Iracema das Artes, escola de formação em artes da Secretaria de Cultura do Ceará, gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar, com sede em Fortaleza. O diretor é um dos criadores do laboratório, o CENA 15, onde atuou como tutor durante nove anos e do qual hoje é mentor. Foi lá que ele  convidou o roteirista cearense Wislan Esmeraldo para desenvolver o roteiro do projeto. Mais tarde, Mauricio Zacharias se juntou ao processo, repetindo a parceria realizada com o cineasta em “Madame Satã” e “O Céu de Suely”.

“Eu me inspirei bastante na pornochanchada e no cinema noir. Posso resumir ‘Motel Destino’ como um thriller erótico, mas ele é, antes de tudo, uma história de amor. O amor entre um jovem periférico que vive à revelia de um sistema que o quer morto e uma mulher que resiste aos atentados do patriarcado contra a sua própria vida”, adianta Aïnouz.

Por trás das câmeras, a diretora de fotografia Hélène Louvart, renomada por seus trabalhos em “A Vida Invisível” e “Never Rarely Sometimes Always”, captura com sutileza as nuances visuais do filme. A montadora Nelly Quettier, reconhecida por “Beau Travail” e “Lazzaro Felice”, imprime uma precisão rítmica à narrativa. O diretor de arte Marcos Pedroso, de “Madame Satã” e “Praia do Futuro”, agrega uma rica expressão artística à obra. A produção foi liderada por Janaina Bernardes (Cinema Inflamável) e Fabiano Gullane e Caio Gullane (Gullane). Além dos três protagonistas já mencionados, Renan CapivaraYuri YamamotoFabíola LíperIsabela Catão e Jupyra Carvalho completam o elenco. 

Antes de “Motel Destino”, Karim rodou mais recentemente “Firebrand” – com Alicia Vikander e Jude Law – no Reino Unido, “Marinheiro das Montanhas” e “Nardjes A.” na Argélia, “A Vida Invisível” (2019) no Rio e “Aeroporto Central” (2018) em Berlim. Com filmagens divididas entre Brasil e Alemanha, “Praia do Futuro” (2014) foi o último projeto realizado por Karim em solo cearense, embora a maior parte da trama tenha sido ambientada na cidade europeia. 

Sinopse

Sob o céu em chamas numa beira de estrada do litoral cearense, o Motel Destino é palco de jogos perigosos de desejo, poder e violência. Uma noite, a chegada do jovem Heraldo transforma em definitivo o cotidiano do local.
Sobre a Cinema Inflamável

A Cinema Inflamável é uma empresa independente de produção sediada em Fortaleza, focada na criação de conteúdo original para cinema e televisão. Seu principal objetivo é fomentar projetos ousados e singulares do Nordeste do Brasil, desenvolvendo uma filmografia local para uma audiência global. Fundada pelo diretor Karim Aïnouz e a produtora Janaina Bernardes, a empresa recebeu o apoio da ANCINE (Agência Brasileira de Cinema) em 2017 para o desenvolvimento de 5 longas e 2 séries com realizadores cearenses. Em plena expansão e crescimento, a empresa está produzindo um novo grupo de jovens diretores e roteiristas para prosseguir com sua missão de criar uma filmografia vital e vibrante.

Sobre a Gullane

A Gullane é uma das maiores produtoras e incentivadoras do mercado audiovisual brasileiro, além de uma das principais exportadoras de obras independentes. Fundada em 1996 pelos irmãos Caio Gullane e Fabiano Gullane, já soma em seu catálogo mais de 50 filmes lançados com destaque no cinema nacional e no exterior e 30 séries para televisão e plataformas digitais. Entre os filmes e séries de destaque estão “Carandiru”, “Bicho de Sete Cabeças”, “A Última Floresta”, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”; a franquia “Até que a Sorte nos Separe”; “Que Horas ela Volta?”, “Como Nossos Pais”, “Bingo – o Rei das Manhãs”; as séries “Alice” e “Hard” (HBO), “Unidade Básica – 1a e 2a temporada” (Universal Canal), “Carcereiros” (Globoplay), “Irmãos Freitas” (Space e Amazon Prime), “Ninguém Tá Olhando” e “Boca a Boca” (Netflix), “O Rei da TV” (Star+). Já coleciona mais de 500 prêmios e seleções em importantes festivais de cinema e televisão do Brasil e do mundo como Mostra de Cinema, Festival do Rio, Cannes, Veneza, Berlim, Sundance, Toronto, MIPTV e Emmy. 

Sobre a Globo Filmes

Construir parcerias que viabilizam e impulsionam o audiovisual nacional para entreter, encantar e inspirar com grandes histórias brasileiras. É assim que a Globo Filmes atua desde 1998 como a maior coprodutora e uma das maiores investidoras do cinema brasileiro. Em 2023, completou 25 anos e chegou à marca de mais de 500 filmes no portfólio e mais de 260 milhões de público acumulado. Como produtora e coprodutora, seu foco é na qualidade artística e na diversidade de conteúdo, levando ao público o que há de melhor no cinema brasileiro: comédias, romances, infantojuvenis, dramas, aventuras e documentários. A filmografia vai de recordistas de público, como ‘Minha Irmã e Eu’, maior bilheteria nacional pós-pandemia, ‘Tropa de Elite 2’ e ‘Minha Mãe é uma Peça 3’ – ambos com mais de 11 milhões de espectadores – a sucessos de crítica e público como ‘2 Filhos de Francisco’, ‘Marighella’, ‘Que Horas Ela Volta?’, ‘Pedágio’ e ‘Carandiru’, passando por longas premiados no Brasil e no exterior, como ‘Cidade de Deus’ – com quatro indicações ao Oscar – e ‘Bacurau’, que recebeu o prêmio do Júri no Festival de Cannes.

Sobre o Telecine 

Com 30 anos de programação dedicada ao cinema, o Telecine possui o maior catálogo de filmes do país, construído a partir de curadoria altamente especializada. O acervo contempla a pluralidade da indústria e reúne clássicos de grandes estúdios, do mercado independente e nacional; além de franquias de sucesso e lançamentos exclusivos. Ao longo dos anos, o Telecine ampliou a sua capilaridade de distribuição, permitindo que o assinante consuma em um só local o catálogo completo de filmes e acompanhe, em simulcasting, os seis canais lineares: Premium, Touch, Action, Pipoca, Cult e Fun. É assim que a marca especialista em cinema promove experiências para o público ter o ‘Seu Momento Cinema’ como, quando e onde quiser.  

Sobre o Canal Brasil

O Canal Brasil é, hoje, o canal responsável pela maior parte das parcerias entre TV e cinema do país e um dos maiores do mundo, com 365 longas-metragens coproduzidos. No ar há mais de duas décadas, apresenta uma programação composta por muitos discursos, que se traduzem em filmes dos mais importantes cineastas brasileiros, e de várias fases do nosso cinema, além de programas de entrevista e séries de ficção e documentais. O que pauta o canal é a diversidade e a palavra de ordem é liberdade – desde as chamadas e vinhetas até cada atração que vai ao ar.

Sobre a Pandora Filmes

A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos recentes incluem “A Felicidade das Pequenas Coisas”, de Pawo Choyning Dorji, indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional; e os vencedores da Palma de Ouro de Cannes: “The Square – A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e “Parasita”, de Bong Joon Ho. Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Ruy Guerra, Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo Galvão, Armando Praça, Helena Ignez, Tata Amaral, Anna Muylaert, Petra Costa, Aly Muritiba e Carolina Markowicz.

‘Anatomy of a Fall’, de Justine Triet, leva a Palma de Ouro no Festival de Cannes

‘Anatomy of a Fall’, de Justine Triet, leva a Palma de Ouro no Festival de Cannes

Divulgação

O filme “Anatomy of a Fall”, da diretora francesa Justine Triet, é o grande vencedor da Palma de Ouro da 76ª edição do Festival de Cinema de Cannes. O evento começou no dia 16 de maio e terminou neste sábado (27).

Na trama, uma mulher é suspeita do assassinato de seu marido, e seu filho cego enfrenta um dilema moral como única testemunha.

Justine entrou para a lista seleta de cineastas mulheres que alcançaram tal feito, como Jane Campion, em 1993, com “O Piano” e Julia Ducournau com “Titane”, em 2021.

Em seu discurso, Triet usou o protesto contra as reformas previdenciárias na França que “foi negado e reprimido de forma chocante” e também pediu mais espaço para jovens cineastas.

O Grande Prix, o segundo maior prêmio do festival, foi para “Zone of Interest”, do diretor britânico Jonathan Glazer.

O longa acompanha o comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, e sua esposa Hedwig, em um esforço para construir uma vida de sonho para sua família em uma casa e jardim ao lado do campo de concentração nazista.

Na categoria de atuação, Merve Dizdar e Koji Yakusho, que estrelam “Kuru Otlar Ustune” e “Perfect Days”, respectivamente, foram os vencedores.

Veja todos os preamidos no Festival de Cannes 2023

  • Palma de Ouro – “Anatomie d’Une Chute”, de Justine Triet
  • Grand Prix – “The Zone of Interest”, de Jonathan Glazer
  • Melhor Diretor – Tran Anh Hung, por “The Pot Au Feu”
  • Melhor Atriz – Merve Dizdar, por “Kuru Otlar Ustune”
  • Melhor Ator – Koji Yakusho, por “Perfect Days”
  • Melhor Roteiro – Sakamoto Yuji por “Monster”
  • Prêmio do júri – “Kuolleet Lehdet”, de Aki Kaurismaki
  • Palma de Ouro de Melhor Curta-metragem – “27”, de Flóra Anna Buda
  • Prêmio Camera D’Or da Quinzena dos Cineastas – “Bên Trong Vo Ken Vang”, de Thien An Pham

*Com informações da Reuters

Fonte: CNN Brasil

Leonardo diCaprio encontra ministra dos Povos Indígenas no Festival de Cannes

Leonardo diCaprio encontra ministra dos Povos Indígenas no Festival de Cannes

Em um post no Instagram, DiCaprio disse que “teve a honra” de passar um tempo com a ministra e a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG)

Leonardo DiCaprio se encontra com ministra Sônia Guajajara em Cannes | CNN NOVO DIA

ator Leonardo DiCaprio publicou em suas redes sociais, nesta segunda-feira (23), fotos de um encontro com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL), durante o festival do Cannes, na França.

Em um post no Instagram, DiCaprio disse que “teve a honra” de passar um tempo com a ministra e a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) em um evento em Cannes “para dar apoio aos povos indígenas que lideram a preservação da floresta amazônica”.

“Minha organização Re:wild e nossos parceiros estão com os mais de 900 mil indígenas de 300 povos indígenas do Brasil”, escreveu o ator.

DiCaprio participou do encontro acompanhado da atriz Lily Gladstone, com quem contracena no filme “Killers of the Flower Moon”, do diretor Martin Scorcese.

O thriller foi exibido no festival francês de cinema no último sábado (20) e aborda os assassinatos em série de indígenas no estado americano de Oklahoma, na década de 1920.

O povo Osage registrou uma série de assassinatos entre as décadas de 1910 e 1930 após a descoberta de petróleo nas terras da tribo, nos Estados Unidos.

Leonardo DiCaprio se encontra com ministra Sônia Guajajara em Cannes: “Uma honra”
Leonardo DiCaprio se encontra com ministra Sônia Guajajara em Cannes: “Uma honra” / Leo Otero

Um vídeo publicado no canal do Festival de Cinema de Cannes no YouTube mostra o público dentro do Grande Teatro Lumiere aplaudindo exuberantemente o filme por pelo menos sete minutos, com mais aplausos vindo depois que o diretor Scorsese agradeceu ao público.

“Obrigado aos Osage”, disse Scorese, acrescentando “todos os envolvidos com o filme – meus velhos amigos Bob, Leo, todos nós juntos” e descreveu a filmagem do filme como uma experiência “muito viva”.

Visivelmente emocionado, Scorsese chegou a dizer que teve uma experiência “incrível” e “comovente” ao agradecer ao público.

(Da esquerda) Robert De Niro e Leonardo DiCaprio contracenam em "Killers of the Flower Moon", de Martin Scorcese.
(Da esquerda) Robert De Niro e Leonardo DiCaprio contracenam em “Killers of the Flower Moon”, de Martin Scorcese. / Melinda Sue Gordon/Apple TV+

Os gritos e aplausos aumentaram para DiCaprio, De Niro e Lily Gladstone, que estavam presentes na estreia. Jesse Plemons, Tantoo Cardinal, Cara Jade Myers, JaNae Collins e Jillian Dion também estrelam “Killers”.

O filme de três horas e meia marca a primeira incursão de Scorsese no gênero faroeste e estreou fora da competição em Cannes. Até agora, recebeu críticas positivas.

“Killers of the Flower Moon” estreia nos cinemas com lançamento limitado em 6 de outubro e amplo em 20 de outubro. Também estará disponível para transmissão no Apple TV+ após seu lançamento nos cinemas.

Fonte: CNN Brasil

‘Triangle of Sadness’, de Ruben Ostlund, leva a Palma de Ouro no Festival de Cannes

‘Triangle of Sadness’, de Ruben Ostlund, leva a Palma de Ouro no Festival de Cannes

Realizador Ruben Östlund repete Palma de Ouro:

O Festival de Cannes chegou ao fim neste sábado (28) premiando o longa “Triangle of Sadness”, de Ruben Ostlund, com a Palma de Ouro, maior honraria do evento francês. O troféu foi entregue numa pomposa cerimônia na qual também saíram vitoriosos, em empates, “Close” e “Stars at Noon”, escolhidos para o grande prêmio, e “Le Otto Montagne” e “EO”, para o prêmio do júri.

“Triangle of Sadness” causou furor ao tecer uma crítica forte e bastante afetada aos super-ricos, fazer piadas com capitalismo e comunismo e levantar bandeiras como a do feminismo, ao acompanhar um casal de modelos e influenciadores que é convidado para um cruzeiro que acaba naufragando.

O diretor desse último, Jerzy Skolimowski, agradeceu nominalmente os seis burros que estrelam seu longa e foram a grande sensação da riviera francesa, arrancando risadas da plateia. “Obrigado, meus burros. I-ó”, disse.

Houve ainda a entrega de um prêmio especial pelos 75 anos do festival, destinado aos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, de “Tori et Lokita”. Os atores que apresentaram os melhores trabalhos desta 75ª edição, segundo o júri, foram Zar Amir Ebrahimi, do filme “Holy Spider”, e Song Kang Ho, de “Broker”.

As honrarias de direção e roteiro foram para Park Chan-Wook, de “Decision do Leave”, e Tarik Saeh, de “Boy from Heaven”, respectivamente, enquanto a Câmera de Ouro, destinada ao melhor estreante de qualquer seção do festival, ficou com Riley Keough e Gina Gammell e seu “War Pony”, com menção especial a “Plan 75”. A Palma de Ouro de curta-metragem foi arrematada por “The Water Murmurs”, enquanto “Lori” recebu uma menção especial.

Encabeçado pelo ator francês Vincent Lindon, o júri que escolheu os vencedores da competição principal foi formado pelo cineasta iraniano Asghar Farhadi, o cineasta americano Jeff Nichols, a atriz e diretora britânica Rebecca Hall, a atriz indiana Deepika Padukone, a atriz sueca Noomi Rapace, a atriz e diretora italiana Jasmine Trinca, o diretor francês Ladj Ly e o diretor norueguês Joachim Trier. ​

Apesar de ter sido bem aceito por público e crítica, “Triangle of Sadness” surpreendeu, afinal, Ostlund venceu a Palma de Ouro não há muito tempo, por “The Square: A Arte da Discórdia”, de 2017. A vitória mais inesperada, no entanto, foi a de Claire Denis, com um filme que desagradou boa parte do público na riviera francesa.

Assim que o nome da cineasta foi anunciado para o grande prêmio do júri, o auditório da premiação foi tomado por vaias vindas dos fundos da sala. O público também começou a aplaudir no meio do discurso da diretora para interrompê-la. Na sala ao lado, onde membros da imprensa e da indústria assistiam à transmissão ao vivo, as vaias foram avassaladoras.

“Stars at Noon”, um thriller sensual ambientado na Nicarágua, foi um dos mais mal recebidos dentre os longas da competição. Denis, vale dizer, já dirigiu Vincent Lindon anteriormente, o que suscitou queixas de que ela poderia ter sido favorecida a despeito da recepção de seu filme.

“É muito raro um grupo de nove pessoas, de personalidades e culturas diferentes, se reunir por 15 dias e não ter nenhum desentendimento”, se limitou a dizer Lindon em conversa com a imprensa logo após a cerimônia. Normalmente, os jornalistas podem fazer perguntas sobre os premiados ao júri, o que não aconteceu nesta edição.

​Em compensação, o belga Lukas Dhont foi ovacionado ao tomar a palavra. Seu longa, “Close”, era aposta certa para vencer a Palma de Ouro, por juntar tudo o que pesa na entrega de uma prêmio como este —ambição artística, qualidade técnica e consciência social.

Antes da cerimônia de encerramento do Festival de Cannes, alguns prêmios paralelos e de fora da mostra principal já haviam sido entregues. Na Um Certo Olhar, o grande vencedor foi “Les Pires”, de Lise Akoka e Romane Gueret. Outros contemplados foram “Joyland”, com o prêmio do júri; “Metronom”, em direção; Vicky Krieps, de “Corsage”, e Adam Bessa, de “Harka”, com as melhores atuações; “Mediterranean Fever”, em roteiro, e “Rodéo”, com o Coup de Coeur, espécie de prêmio de consolação.

A Associação Internacional de Críticos de Cinema, a Fipresci, entregou seus troféus a “Leila’s Brothers”, na competição oficial, “The Blue Caftan”, na Um Certo Olhar, e “Love According to Dalva”, na Quinzena dos Realizadores. Já a Palma Queer, destinada a filmes com temática LGBTQIA+, foi para “Joyland”, entre os longas, e “Will You Look at Me”, entre os curtas.

O Brasil, que nesta edição de Cannes teve apenas uma participação simbólica, saiu sob a promessa de, quem sabe, retornar ao evento com candidatos fortes –o país foi contemplado, na figura de “O Casamento”, de Maíra Bühler, com o fundo Hubert Bals, que ajuda projetos cinematográficos a saírem do papel.

Fonte: Folha de São Paulo

Galeria

“Elvis” estreia em Cannes ovacionado pelo público

Na última quarta-feira, 25, o público do Festival de Cannes aplaudiu de pé durante 10 minutos ao assistir a primeira apresentação de “Elvis”. O longa é a nova superprodução do diretor Baz Luhrman (Moulin Rouge e O Grande Gatsby) e conta a história do “Rei do Rock and Roll”, interpretado por Austin Butler. Tom Hanks também faz parte do elenco, no papel de Tom Parker, empresário do cantor, e Olivia DeJonge dá vida a Priscilla Presley.

A cinebiografia acompanha décadas da vida do artista e sua ascensão à fama, a partir do relacionamento do cantor com seu controlador empresário “Colonel” Tom Parker. A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário por mais de 20 anos em parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a perda da inocência de Elvis ao longo dos anos como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis encontrará Priscilla, fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida. 

O filme está previsto para estrear nos cinemas brasileiros em 14 de julho.

Fonte: Site Adoro Cinema