Para comemorar os 15 anos do Poltrona de Cinema, a querida Anna Barros me pediu que escrevesse um post sobre meus cinco filmes favoritos. Acho muito difícil fazer uma lista desse nível, porque favoritismo é uma coisa que varia demais de tempos em tempos. Escolhi, em vez disso, escrever sobre cinco filmes que considero muito importantes na minha vida, cada um em seu momento — e alguns deles, resenhei aqui para o blog. Espero que gostem!
Toy Story 2 (1999): é o filme da minha infância. Fui uma criança que cresceu a doses cavalares de Toy Story, especificamente o segundo filme da franquia. Lembro que tínhamos em casa a fita VHS. É muito provavelmente a minha primeira memória de um filme.
Forrest Gump (1994): foi o primeiro grande clássico que assisti no cinema, quando o Cinemark resolveu reprisar alguns clássicos em alta definição em 2014. Já o havia assistido na televisão, mas no cinema foi bem especial. Um filme sensacional com uma fantástica trilha sonora.
007 – Operação Skyfall (2012): sempre digo que 007 é uma de minhas franquias favoritas. E este é meu filme favorito de James Bond.
Todos os Homens do Presidente (1976): este é um filme que me recorda meus tempos de faculdade. É praticamente obrigatório em qualquer curso de jornalismo, o retrato dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post.
Ainda Estou Aqui (2024): não é apenas o filme brasileiro que finalmente arrematou um Oscar, mas uma produção que me ajudou a reconectar com o cinema depois de muito, muito tempo sem ir a uma sessão na telona. Uma gratidão especial por este longa.
Este domingo é mais um dia importante na história de “Ainda Estou Aqui”, já um clássico do cinema brasileiro. Estava assistindo ao jogo entre Fluminense e Red Bull Bragantino na TV Globo agora há tarde quando o narrador Gustavo Villani anunciou: “não perca ‘Ainda Estou Aqui’ no Globoplay”. Sim, o provavelmente mais importante filme brasileiro de todos os tempos finalmente chegou ao streaming.
Foi justamente neste 6 de abril, depois de mais de 20 semanas em cartaz nos cinemas nacionais. Um sucesso estrondoso. Tive o prazer de escrever a resenha do filme neste Poltrona de Cinema alguns dias antes da cerimônia do Oscar em que o longa de Walter Salles, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, conquistou a histórica estatueta de Melhor Filme Internacional — a primeira do Brasil.
Encerrei aquele texto praticamente com uma ordem: “Você muito provavelmente já até assistiu ‘Ainda Estou Aqui’. E se não o fez, por favor, nem termine de ler este post com meus prognósticos e vá correndo procurar um jeito de vê-lo.” Espero que tenha o feito, mas se não conseguiu até agora, por favor, aproveite que ficou ainda mais fácil.
O Globoplay está a um clique de distância e “Ainda Estou Aqui” é bom demais, importante demais, histórico demais para não ser assistido. Ou para não ser revisto. Espero realmente que a presença do filme no streaming o leve a mais e mais espectadores e democratize ainda mais um feito fabuloso do cinema nacional. E claro, faça um favor a você mesmo, clique aqui e assista! O trailer vai logo abaixo, como um gostinho…
Você muito provavelmente já ouviu falar da “cena da sorveteria.” Fernanda Torres, com um olhar tão impactante quanto difícil de se descrever, observa casais felizes em uma sorveteria. Ela interpreta Eunice Paiva em um estabelecimento que costumava frequentar com a família e o marido, Rubens Paiva (Selton Mello), morto pela ditadura militar.
Sim, é muito impactante, e possivelmente a melhor da carreira de Torres. Ela mereceria um Oscar só por isso.
Você muito provavelmente já ouviu falar da cena em que Rubens Paiva olha para Eunice e fala que já volta, ao ser levado de casa pelos agentes do regime. Os dois trocam olhares, e ele não volta mais.
Sim, é muito impactante, e um dos melhores momentos de Mello no longa. Fernanda está brilhante, mas a performance de Selton como coadjuvante, diga-se de passagem, também merece todos os elogios.
Você muito provavelmente já ouviu falar da cena em que o cachorro da família é atropelado e Eunice atravessa a rua e bate no vidro do carro dos agentes da ditadura, clamando por saber o paradeiro de seu marido. Das cenas das reuniões da família. Da participação da Fernanda Montenegro no final. Da música do Eramos Carlos. Da vida de Eunice e Rubens Paiva. Do livro de Marcelo Rubens Paiva. Dos vários prêmios.
A esta altura, você muito provavelmente já ouviu falar de praticamente tudo que envolve “Ainda Estou Aqui”, longa de Walter Salles que concorre a três estatuetas no Oscar deste ano — melhor filme, melhor filme internacional e melhor atriz (Torres). Eu não posso fingir que não. O filme é um mega hit no Brasil, e um grande sucesso internacional, alavancado pela vitória de Fernanda no Globo de Ouro.
Mas ainda que você provavelmente já tenha ouvido falar de todas elas, há coisas das quais não podemos deixar de mencionar nunca. A ditadura militar é uma delas. A memória de um país e de um povo, já tantas vezes retratada no cinema e que mais tantas será. E a partir de agora “Ainda Estou Aqui” também é uma delas, e espero que servindo para alavancar essas produções futuras.
Ele é um grande marco para o cinema brasileiro. Em minha vida como fã nascido quase junto a “Central do Brasil”, talvez a melhor referência prévia, jamais havia visto tamanha mobilização em torno de um filme nacional. E sabe o que é melhor? É muito merecido. Salles faz uma obra com pesquisa redonda e atores em um momento brilhante. A fotografia é linda e cuidadosa. A trilha sonora é genial.
Você muito provavelmente já ouviu incontáveis elogios para “Ainda Estou Aqui”. Sim, todos eles são justos e neste humilde espaço os ecoo. Você muito provavelmente já até assistiu “Ainda Estou Aqui”. E se não o fez, por favor, nem termine de ler este post com meus prognósticos e vá correndo procurar um jeito de vê-lo.
Creio que há grandes chances de vitória na categoria de melhor filme internacional, especialmente após as polêmicas de “Emilia Pérez”. Em melhor filme é mais difícil. Fernanda Torres está muito competitiva na categoria de melhor atriz. Demi Moore (“A Substância”) levou SAG e o outro Globo de Ouro. O cenário está embolado entre as duas, mas hoje vejo leve vantagem para a americana.
Você muito provavelmente já ouviu milhares de “boa sorte ao Brasil” na sua vida. Mas sim, deixo aqui o meu também. Boa sorte, “Ainda Estou Aqui”!
Nota da editora: Ainda Estou Aqui concorre a três Oscars: Melhor Filme, Melhor Atriz para Fernanda Torres e Melhor Filme Internacional.
Gostaria de utilizar o espaço que tenho aqui hoje para recomendar aos leitores que assistam a participação da grande Fernanda Torres no talk show do Jimmy Kimmel, o “Jimmy Kimmel Live!” da ABC, que irá ao ar no próximo dia 16, quinta-feira. Era para ter acontecido esta semana, mas foi adiado por causa dos terríveis incêndios na Califórnia.
A participação nesses talk show noturnos, muito importantes e relevantes nos Estados Unidos, é um sinal de prestígio e uma boa publicidade para Fernanda na corrida pela merecida indicação ao Oscar por “Ainda Estou Aqui”.
O programa passa na televisão norte-americana mas trechos (e muitas vezes conversas inteiras) também são colocadas no YouTube oficial, que podemos acompanhar daqui do Brasil. Espero que seja tão divertido para a Fernanda e para o público quanto as aparições dela em programas brasileiros do gênero, como os de Jô Soares e Fábio Porchat.
Lembro de pouquíssimos brasileiros a terem ido a talk shows de late night americanos — incluindo outros também muito assistidos, como os apresentados por David Letterman, Jay Leno, Stephen Colbert, Jimmy Fallon, Conan O’Brien, Seth Meyers… De cabeça, consigo me recordar de Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Rodrigo Santoro, Gisele Bündchen e alguns pilotos da Fórmula Indy, como Helio Castroneves e Tony Kanaan. A participação é um ótimo sinal para Fernanda Torres.
O longa metragem “Salomé”, dirigido pelo pernambucano André Antônio, se sagrou na última sexta-feira (7) o grande vencedor do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2024, levando oito prêmios que incluem os de melhor longa tanto pelo júri oficial quanto popular e melhor roteiro.
A 57ª edição do festival de Brasília, que recebeu mais de 30 mil pessoas ao longo da última semana na capital federal e cidades-satélite, distribuiu 49 prêmios e duas menções honrosas, segundo informou a organização, em prêmios atribuídos por 32 profissionais do audiovisual.
“‘Salomé’ garante vitória ao cinema queer, acumulando oito Candangos, entre eles os de Melhor Longa pelos Júris Oficial e Popular, o de Melhor Atriz Coadjuvante para Renata Carvalho, Melhor Roteiro, Direção de Arte e Trilha Sonora”, destacou o festival em nota.
Em “Salomé”, indica a sinopse, “Cecília, uma jovem modelo de sucesso, retorna a Recife, sua cidade-natal, para passar o natal com a mãe. Certa noite, um vizinho que ela não vê há muito tempo, João, lhe mostra um misterioso frasco contendo uma substância verde tóxica. Cecília começa a se apaixonar por João, mas também descobre que ele está envolvido com uma estranha seita ao redor da figura de Salomé, a sanguinária princesa bíblica.”
Entre os outros filmes premiados na mostra estão “Suçuarana” (MG, de Clarissa Campolina e Sérgio Borges), “Yõg Ãtak” (MG, rendendo o Candango de melhor direção a Sueli Maxali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna) e o brasiliense “Pacto da Viola” (de Guilherme Bacalhao, com Wellington Abreu conquistando o título de melhor ator).
Mais detalhes podem ser conferidos no site do festival. Veja a seguir a lista de vencedores nas categorias de longa metragem da mostra competitiva nacional:
Melhor Longa-metragem pelo Júri Oficial: “Salomé” (PE), de André Antônio Melhor Longa-metragem pelo Júri Popular: “Salomé”, de André Antônio Melhor Direção: Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero, Luisa Lanna por ‘Yõg Ãtak” (MG) Melhor Ator: Wellington Abreu por “Pacto da Viola” (DF) Melhor Atriz: Sinara Teles por “Suçuarana” (MG) Melhor Ator Coadjuvante: Carlos Francisco por “Suçuarana” Melhor Atriz Coadjuvante: Renata Carvalho por “Salomé” Melhor Roteiro: André Antônio por “Salomé” Melhor Fotografia: Ivo Lopes Araújo por “Suçuarana” Melhor Direção de Arte: Maíra Mesquita por “Salomé” Melhor Trilha Sonora: Mateus Alves e Piero Bianchi por “Salomé” Melhor Edição de Som: Pablo Lamar por “Suçuarana” Melhor Montagem: Luiz Pretti por “Suçuarana” Prêmio Especial do Júri: Ruy Guerra, diretor de “A Fúria” (RJ)