Maratona Oscar: Tick, Tick…Boom!/ Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: Tick, Tick…Boom!/ Cesar Augusto Mota

A luta pela realização de um sonho requer muita disciplina, coragem e persistência, mesmo que as dificuldades sejam de alto grau e a realidade seja cruel para um artista. No drama biográfico ‘Tick, Tick… Boom’, de Lin-Manuel Miranda, contemplamos toda a jornada épica de Jonathan Larson (Andrew Garfield) para alcançar o estrelato, em um cenário não tão favorável, mas certo de suas escolhas.

O ano é 1990, e o jovem Larson está prestes a completar 30 anos. Ele serve mesas em uma lanchonete de Nova York enquanto trabalha em um projeto no qual acredita que irá ser o próximo grande musical dos Estados Unidos. Apesar do otimismo, ele é tomado pela ansiedade por acreditar estar atrasado no tempo e se vê pressionado pelo melhor amigo, que deixa a carreira de ator e passa a ocupar um cargo com estabilidade financeira, além da namorada, que quer deixar Nova York para seguir na carreira artística.

O roteiro utiliza a função metalinguística para homenagear o compositor, como também para ilustrar o teatro musical e a forma de fazer musicais no principal cenário do mundo. A forma como o protagonista lida com a pressão e a ansiedade pela apresentação que considera ser derradeira para suas pretensões fazem os espectadores se sentirem mais imersos na trama, o que os faz compreender que nem sempre o que planejamos sai como esperamos e que é preciso sempre criar mais para se chegar a algum lugar. Todo o percurso feito pelo personagem-central, bem como as barreiras que ele mesmo coloca entre seus amigos e sonhos o fazem dar uma grande reviravolta até perceber que precisava de mais ferramentas para tornar seu desejo de se tornar astro mais palpável.

O filme ganhou consistência pela boa história e direção, que soube mostrar como um musical funciona e que esse novo formato, do início dos anos 1990, veio para ficar. O trabalho complexo realizado por Andrew Garfield não poderia ficar de fora, e é de excelência, com uma atuação digna de Oscar. O ator não só soube trazer o público para perto dele como transmitiu as emoções de seu personagem com originalidade. A capacidade de um compositor de transformar qualquer situação em música é extraordinária, e isso fica ainda mais evidente no monólogo 30/90, quando Larson e sua banda interpretam situações que inspiraram seu musical, como desentendimentos com a namorada Susan e o amigo Michael.

Não há uma idade certa para se realizar um sonho e alcançar o equilíbrio financeiro, mas sim a disciplina, persistência e também um pouco de sorte, de se encontrar as pessoas certas e os lugares certos para que as oportunidades possam se materializar. Uma obra que vale ser apreciada.

‘Tick, Tick…Boom’ concorre ao Oscar 2022 nas categorias de melhor ator e montagem.

Cotação: 5/5 poltronas.

Por: Cesar Auguto Mota

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