Maratona Oscar: No Ritmo do Coração/ Cesar Augusto Mota

Maratona Oscar: No Ritmo do Coração/ Cesar Augusto Mota

Quer um filme no qual a comédia e o drama caminham bem e sem forçar a barra? E com atores que se entregam ao máximo a seus papéis e com mensagens importantes sendo transmitidas? ‘No Ritmo do Coração’ (CODA), produção independe adquirida pela Apple TV+ e veiculada no Brasil pela Amazon Prime Video, vem como um forte candidato na atual premiada de premiações, tendo como principais credenciais os prêmios na categoria Júri, Público e Direção no Festival de Sundance 2021.

Acompanhamos Ruby Rossi (Emilia Jones), uma adolescente de 17 anos e única pessoa que escuta em uma família de surdos. Ela se divide entre o trabalho de pesca da família no início do dia e sua vida escolar. Sua vida começa a mudar quando entra para o coral da escola e descobre seu talento musical. O professor Bernardo Villa Lobos (Eugenio Derbez) ou senhor V, carinhosamente conhecido, a incentiva a entrar para uma conceituada faculdade de música, e ela passa a se ver em uma encruzilhada, pois os negócios da família estão ameaçados e ela terá que se decidir se continua como CODA (children of deaf adults, ou filha de adultos surdos, em tradução livre) ou se corre atrás do seu sonho.

O roteiro e direção, ambos de Sian Heder, se preocupam em retratar uma história de maneira espontânea, genuína e séria, sem apelar para a emoção do público. Nada é forçado, as expressões corporais dos atores surdos são demasiadamente importantes e nos deparamos com uma belíssima narrativa, de que há várias formas de expressar seus sentimentos, ou que uma mesma música pode ser cantada a públicos direcionados seja a um grande amor, ou à família.

A desenvoltura de Emilia Jones é impressionante, tamanha entrega da atriz para o papel, além da montanha-russa de emoções pela qual sua personagem passa. Ruby está entre os dilemas da adolescência, bem como os percalços do dia a dia do trabalho com o pai e o irmão na pesca, e os planos para o futuro. Uma história sobre amadurecimento, crescimento e independência, além da importância da família na sua formação como pessoa. A interpretação da música ‘Both Sides Now’, de Joni Mitchell, mostra tão bem o equilíbrio vocal de Ruby como a comunicação visual que utiliza durante a performance, num misto de emoção e alegria para quem acompanha.

O curioso é que este filme é um remake de ‘A Família Bélier’, produção francesa de 2014. Nem sempre as refilmagens conseguem conquistar o público e boa parte dessas produções costumam ser rejeitadas pelos fãs de cinema. Mas esse não será o caso de ‘No Ritmo do Coração’, por se tratar de uma obra que transmite emoção, sinceridade e ser bastante imersiva, fazendo o público mergulhar no cotidiano de uma família de uma comunidade surda. A obra merece elogios por contar com um roteiro coeso, elenco comprometido e tudo feito de maneira espontânea e sem extravagâncias. Uma jornada que merece ser vista várias e várias vezes.

‘No Ritmo do Coração’ foi indicado ao Oscar 2022 nas categorias melhor filme, melhor ator coadjuvante (Troy Kotsur) e melhor roteiro adaptado.

Cotação: 5/5 poltronas. 

Por: Cesar Augusto Mota

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