Adaptar um clássico das HQs para as grandes telas requer ousadia e tato do idealizador. E o que dizer da realização de uma animação que traz um super-herói icônico e que utiliza recursos das histórias em quadrinhos na tela, como onomatopeias e balões e com um perfeito equilíbrio entre humor e emoção? Após o sucesso da revitalizada franquia Homem-Aranha com o protagonismo de Tom Holland, a Sony faz mais uma vez parceria com a Marvel Studios e traz a animação ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ com uma nova proposta que utilizará o Cabeça de Teia como escada e apresentará ao público um novo herói. Ser á que funciona?
Logo nos primeiros minutos, temos a apresentação do nosso grande e melhor amigo da vizinhança com a história que todos conhecem, da dificuldade de se socializar na escola e de lidar com seus poderes. Em seguida, é introduzido um novo personagem e de características similares, mas que não possui noção da importância de ser herói. Ele é Miles Morales, um jovem negro do Brooklyn, filho de uma imigrante latino-americana e de um americano negro e que estuda em uma escola de elite, porém se sente deslocado. E no momento de descobertas e de controle de seus poderes, o público se depara com situações cômicas e até mesmo c om um universo de novos aranhas, como Mulher-Aranha, Homem-Aranha Noir, Peni Parker, uma versão anime do herói, e Porco-Aranha, que lembra um pouco um dos personagens do Looney Tunes. Porém, Miles dá de cara com Peter Parker, antes tido como morto, em um confronto perigoso com Wilson Fisk e terá a dura missão de evitar que o multiverso composto por esses Aranhas seja exterminado.
O roteiro, escrito por Phil Lord e Rodney Rothman, se preocupa em trazer ao espectador uma história com arco dramático interessante, com muita ação, grandes vilões, além de não perder o foco no Cabeça de Teia. Ele possui um papel diferente, mas não menos importante, de preparar o jovem Miles para evitar que o Multiverso dos Aranhas seja eliminado, como ser um grande herói. Em momentos mais tensos, questões como amadurecimento e responsabilidade se sobressaem e o protagonista percebe que existem pessoas como ele, com a intenção de fazer o bem e combater o mal. Essa nova abordagem evita um filme ‘mais do mesmo’ e que se perca logo de início, existem novos problemas, mas um universo coeso, com personagens de habilidades e personalidades diferentes, mas que se somam.
Os recursos visuais empregados mesclam traços 2D e 3D, trazendo mais dinamismo e fluidez à narrativa, sem contar nas referências feitas aos elementos presentes nas HQs e uma bela homenagem ao mestre Stan Lee, como ocorre nas live actions. E não poderia ficar de fora a quebra da quarta parede, um recurso presente nos filmes de heróis e anti-heróis e feito em momentos pontuais. É uma animação com novidades, se perder a essência do Homem-Aranha, consagrado no Universo Marvel.
Com nova proposta e personagens carismáticos, vilões com otivações críveis e de uma estrondosa beleza estética, ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ é envolvente, engraçado, reflexivo e com chance de ganhar uma sequência. Os fãs de HQs, de heróis da Marvel e de filmes dinâmicos só tem a ganhar com isso. É torcer para que se concretize.
Cotação: 5/5 poltronas.
Por: Cesar Augusto Mota