Ganhador do Oscar de direção deste ano, Del Toro divide a tarefa de avaliar os 21 títulos da competição com a produtora chinesa Sylvia Chang, a atriz dinamarquesa Trine Dyrholm, a cineasta francesa Nicole Garcia, o diretor italiano Paolo Genovese, a diretora polonesa Malgorzata Szumowska, o diretor neozelandês Taika Waititi, o ator austríaco Christoph Waltz e a atriz britânica Naomi Watts. Mas, como na edição passada, apenas um dos concorrentes ao Leão de Ouro deste ano é dirigido por uma mulher, “The nightingale”, da australiana Jennifer Kent.
A baixa representatividade feminina se estende a todas as artes, não somente ao cinema – lembrou Paolo Barata, presidente do Festival de Veneza, o braço audiovisual da Biennale de Veneza, fundação que também promove eventos culturais, como as bienais de artes plásticas e de arquitetura. – Assim como em outros departamentos da instituição, nós avaliamos o mérito do trabalho do artista, independentemente de seu gênero. É um problema estrutural da produção artística, é preciso facilitar o acesso das mulheres à produção. Cotas não são a solução, apenas escondem o problema.
Diferentemente de outros festivais internacionais, como Cannes e Locarno, que firmaram o compromisso de promover e defender a paridade de gêneros, Veneza permanece indiferente a pressões externas. Del Toro, que atualmente está produzindo cinco longas-metragens, três deles dirigidos por mulheres, afirmou que a desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres é um “problema da nossa cultura, em geral”, e que precisa se encarada como tal.
Por Anna Barros
Crédito da foto: Tony Gentile/REUTERS
Fonte: Jornal O Globo