Poltrona Cabine: Escobar-A Traição/ Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Escobar-A Traição/ Cesar Augusto Mota

A cinebiografia é um dos grandes atrativos para os cinéfilos, não só por contar uma história real, mas também por mostrar a amplitude e a importância do personagem central em um contexto social. E a bola da vez está com Pablo Escobar, o mais temido traficante do mundo, que já foi chefe do poderoso e forte cartel de Cáli e que manteve um relacionamento perigoso com a jornalista mais famosa da Colômbia, Virginia Vallejo. ‘Escobar: A Traição’ (Loving Pablo) é o mais novo filme do cineasta espanhol Fernando León de Aranoa, que também roteiriza o longa, e traz no elenco estrelas como Javier Bardem e Penélope Cruz.

Inspirado no best-seller de Virginia Vallejo, “Amando Pablo, Odiando a Escobar”, a trama conta com a narração em off de Virginia (Cruz), revelando suas impressões de Hacienda Nápoles, local suntuoso e erguido com as riquezas de Escobar  (Bardem). No local, ela conhece o protagonista, bem como seus planos para o futuro do país e sem dar importância para a origem do dinheiro, nasce um romance. E a partir daí, a vida de Virginia Vallejo vai do céu ao inferno, sofrendo ameaças e sendo alvo de um atentado, que quase a vitimou.

Além de explorar o drama vivido por Virginia, o roteiro não poderia esquecer de retratar as fases mais impactantes e a dimensão do estrago causado por Escobar, como a criação do Cartel de Medellín, a explosão do avião da Avianca, os sicários e os assassinatos em La Catedral. Os fatos retratados são concernentes aos últimos 10 anos de vida de Escobar, que mesmo apoiado por grandes comparsas e praticamente ter a Colômbia na palma de sua mão, um dos méritos de Aranoa foi também mostrar o lado vulnerável e amoroso do personagem central, tendo a família como sua fortaleza e também seu ponto fraco.

A ambientação da época na qual ocorreram os principais acontecimentos que colocaram Escobar em evidência e puseram a Colômbia em colapso é feita de forma cuidadosa, com as filmagens realizadas na própria Colômbia e nos locais reais onde os confrontos com a polícia aconteceram, e isso consequentemente traz mais autenticidade e credibilidade ao filme. O que pesa contra foi o uso da língua inglesa durante a projeção, tendo em vista que a produção é espanhola e búlgara, com atores espanhóis interpretando latinos e em território sul-americano, o que não faz muito sentido.

E nas atuações, temos avaliações díspares. Javier Bardem cumpre bem seu papel como Escobar, conferindo ao personagem um caráter menos jocoso e um pouco mais humanizado, mostrando seu caráter frio, sombrio e também inseguro, pois todo o seu império poderia cair a qualquer momento, mesmo que muito bem assessorado e com todo o armamento em mão. Já Penélope Cruz, mesmo sendo uma atriz de alto nível, teve seu desempenho na trama um pouco prejudicado, não por lhe faltar competência, mas o roteiro que não deixou claro se Virginia era vítima ou cúmplice de Escobar. Nem mesmo com o desfecho da história isso fica claro para o espectador.

Apesar de algumas falhas técnicas, ‘Escobar: A Traição’ é capaz de mexer com os brios dos espectadores mostrando não só a face de uma das figuras mais controversas da América do Sul, que já fez barulho em outros países, inclusive nos Estados Unidos, e ilustrar que o dinheiro pode corromper os mais poderosos. Um ótimo exercício para o cinéfilo, vale assistir.

Cotação: 3,5/5 poltronas.

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