Por: Gabriel Araújo (@gabriel_araujo1)
Sessão de Matinê: “O Agente da U.N.C.L.E.”
“O Agente da U.N.C.L.E.” é um filme bacana, e nada além. A expectativa a respeito de um novo longa de Guy Ritchie após alguns trabalhos frustrados e seus dois ‘Sherlock Holmes’ era grande, e ele dá uma resposta interessante. Muitos gostam do estilo, outros não, o que deve gerar críticas mistas, mas, no fundo, The Man from U.N.C.L.E. deixa seu recado.
O filme trata-se de uma adaptação para a telona de série homônima, sucesso dos anos 60. Naufragou nos cinemas dos Estados Unidos, arrecadando apenas US$ 13,5 milhões além do orçamento, de US$ 75 milhões. Nem Henry Cavill e Armie Hammer, nem Guy Ritchie impulsionaram a produção nas bilheterias, apesar da qualidade das cenas de ação e do bom humor típico das produções de espionagem.
Quanto à história, vivida durante a Guerra Fria, Napoleon Solo (Cavill) é um agente da CIA que parte atrás de Gaby Teller (Alicia Vikander), filha de um cientista nuclear sumido que reaparece em Roma. Gaby também é observada pelos russos da KGB, de onde vem Illya Kuryakin (Hammer). No fim das contas, EUA e Rússia, na forma dos dois agentes geralmente solitários, precisam se unir e trabalhar contra uma rede de ex-nazistas com potencial para construir armas nucleares na Itália (parêntese: o autor do texto sentiu grande saudade de Roma com as imagens).
Solo e Kuryakin são água e fogo no estilo. Este é o grandalhão, o homem forte; aquele, o grã-fino mulherengo. Mas são queijo e goiabada no momento do trabalho, grandes agentes. Gaby é bem definida no próprio filme: acaba por ser a “mamãe” de ambos, a protegida controladora.
Há de se destacar a presença de Elizabeth Debicki, como a bela e misteriosa Victoria Vinciguerra. Um nome forte do filme é Hugh Grant, um inglês simpático, Alexander Waverly. Aparece pouco, não faz muito, não brilha ou compromete. Apenas está lá, não deixando de ser um astro a mais na produção, como bem é Grant.
A trilha sonora é sensacional, e vai desde Nina Simone a grandes nomes da música da Itália, onde a maior parte do filme se passa. As músicas se encaixam bem nas cenas, e o brasileiro que se atentar verá o genial Tom Zé (sim!) entre os nomes da trilha. Sua música “Jimmy, Renda-se”, cantada num inglês divertido, do álbum ‘Tom Zé’ (1970), marca presença.
Outra coisa que pode surpreender é a presença de um grande astro do futebol na telona. Quem vos escreve só notou nos créditos, e ficou um tanto quanto intrigado. Se deixasse para as pesquisas para escrever o texto, teria passado batido que David Beckham (sim!), ex-craque de Manchester United, Real Madrid, Seleção Inglesa, PSG, Los Angeles Galaxy e Milan faz uma ponta no longa, como um segurança.
O filme não é revelador, nem vai além de um típico ação-comédia de espiões. Não é uma produção para ganhar um Oscar, mas não é de se dispensar numa tarde ou noite. Tem seu valor, sim, ao contrário do que muitas críticas pesadas afirmam. O roteiro é interessante, a fotografia bacana. Vale olhar para os lados positivos, como a ótima química entre os astros e uma bacana perseguição Trabant-Wartburg em Berlim Oriental, ou as risadas que a parte de humor causa, e relevar os anticlímax da atração Gaby-Illya nunca concretizada e da perseguição final um tanto quanto fraca. O copo meio-cheio é melhor que o meio-vazio.
(Vale dizer, ainda, que o filme abre precedentes para uma possível continuação. É saber se o estúdio, após a bilheteria fraca deste, se interessará em fazê-la).
Nota: 3,5/5
Sinopse:
Na década de 1960 os até então inimigos mortais Napoleon Solo (Henry Cavill), agente da CIA, e Illya Kuriakin (Armie Hammer), espião da KGB, são obrigados a cooperarem. A grande missão da improvável dupla EUA-Rússia é combater a terrível organização T.H.R.U.S.H., que desenvolve armas nucleares.