007 contra Spectre

007 contra Spectre

Por: Gabriel Araújo (@gabriel_araujo1)

Spectre_posterSessão de Matinê: “007 contra Spectre”

O aguardo novo filme da saga 007 enfim chega aos cinemas. Após o fantástico ‘Skyfall’, de 2012, Daniel Craig volta a viver James Bond numa produção que certamente divide opiniões. ‘007 contra Spectre’, no caminho rumo ao fim da linha de Craig como o agente mais famoso das telonas (resta um filme em seu contrato), pode ser interpretado de várias maneiras distintas, com a certeza de que, porém, não supera o longa anterior.

Obviamente há falta de ação na nova empreitada de Bond. Em comparação aos outros três de Craig, este é, de fato, o menos movimentado, o que não significa que seja ruim. Um filme de James Bond sempre consegue suprir os gostos de todos, com suas doses de ação, aventura e, claro, o velho humor britânico.

No 24º filme da mais longa saga do cinema, 007 vai ao México em ação pessoal para assassinar um mafioso com um obscuro anel com a inscrição de um polvo, que vem a ser conhecido como símbolo da rede Spectre (não citada nos filmes desde 1971, em ‘Os Diamantes são Eternos’), na qual Bond se infiltra em uma reunião em Roma (local sempre belo para as filmagens), comandada por Ernst Stavro Blofeld (Christoph Waltz), o vilão da vez.

Enquanto isso, em Londres, M (Ralph Fiennes) tem o MI6 desafiado pelo novo chefe de segurança britânico, Max (Andrew Scott), um antipatizante dos 00. Praticamente sozinho na tarefa, Bond se junta à filha do Mr. White (de Casino Royale e Quantum of Solace), Madeleine Swann (Léa Seydoux) para concluir sua missão de exterminar Spectre.

É interessante como o novo 007 aborda os filmes anteriores, fazendo conexões entre os outros três longas de Daniel Craig, desde os vilões aos aliados, e assim desperta a atenção pessoal de Bond, que mesmo numa trama em que aparentemente não teria importância, vistas as ações do comando de Londres, leva a si o protagonismo da tarefa, como deve ocorrer.

O roteiro é cuidadoso, e chega a lembrar de filmes antigos do agente, com situações desconexas da realidade, uma marca do século passado que parecia ter sido adaptada ao mundo real e moderno com Daniel Craig. É tão cuidadoso que em determinados momentos abandona algumas personagens e as cenas de ação tão conhecidas das produções.

Monica Bellucci, apesar do enorme ‘bafafá’ em torno de sua participação, faz uma aparição curta como Lucia Sciarra. Não espere muito. Já Christoph Waltz é outro ponto discreto – talvez o vilão mais escondido de toda a saga, só aparecendo com constância a partir da metade do filme, mas sem chegar aos pés, por exemplo, do Silva (Javier Bardem) de Skyfall.

Depois da beleza que foi o filme de 2012, muito provavelmente o melhor de todos os 24, uma expectativa foi criada sobre Sam Mendes por algo semelhante, e por isso muitos podem se sentir insatisfeitos com Spectre. A leve queda, porém, é compreensível. Pode ser comparada à música: dificilmente um artista emenda dois álbuns antológicos. Muitos nem chegam a dois discos geniais. Que 007 reencontre o caminho – se possível, fechando com chave de ouro a era Daniel Craig, que apresentou a melhor interpretação de Bond entre todos.

Musicalmente o filme é uma decepção. Músicas históricas marcaram a saga de 007, como ‘Live and Let Die’, de Paul McCartney, e mesmo ‘Skyfall’, de Adele. O escolhido para o novo tema foi Sam Smith, que parece acreditar ser o rei do falsete e faz uma canção que em nada combina com James Bond, ‘Writing’s on the Wall’. Se ganhou a “disputa” com Noel Gallagher para isso, era melhor ter ficado em casa. Consegue competir com ‘Die Another Day’ (Madonna) em ruindade. Alguns não devem nem ter vontade de continuar a ver o filme com uma música tão fraca logo na abertura – o que não anula a qualidade musical de Sam Smith, como o tema de 2002 não anulou a de Madonna.

Aos fanáticos por 007, que gostam até de Roger Moore lutando sobre o teleférico do Pão de Açúcar ou de Pierce Brosnan surfando num tsunami, 007 contra Spectre será um prato bem servido – não tão bom quanto Skyfall, mas melhor, por exemplo, que Quantum of Solace. Já aos que esperam sempre mais e mais de James Bond, com um filme melhor que o outro em sequência, provavelmente haverá decepção.

Nota: 3,5/5

Sinopse:
Uma enigmática mensagem do passado de James Bond (Daniel Craig) o coloca numa investigação sobre uma misteriosa organização criminosa. Enquanto M (Ralph Fiennes) enfrenta duras batalhas políticas para manter o serviço de inteligência funcionando plenamente, Bond dedica-se a desvendar o que é Spectre.

2 comentários sobre “007 contra Spectre

Deixe um comentário