Por: Gabriel Araújo (@gabriel_araujo1)
Sessão de Matinê: “Um Senhor Estagiário”
Um filme que surpreende positivamente é sempre bom. Ir ao cinema sem grandes expectativas, achando que encontrará um ponto comum que, no fim das contas, é quebrado. “Um Senhor Estagiário” é o perfeito exemplo disso, abordando de maneira divertida temas como a reintegração do idoso ao trabalho e o feminismo, típico de um trabalho da diretora Nancy Meyers, que não foge do seu ponto de conforto, mas realiza um filme correto, muito bom.
Na produção, Robert De Niro interpreta Ben Whittaker, um viúvo aposentado que, aos 70 anos, encontra uma chance de voltar à ativa com um programa de estágio sênior na companhia AboutTheFit, empresa de e-commerce de roupas fundada por Jules Ostin (Anne Hathaway), retrato da empresária jovem que não come direito, não dorme direito, não vive direito, não tem tempo para a família, ou seja, está presa ao trabalho em todo o seu tempo, agora também em busca de um novo CEO para sua companhia. A ela, apesar de inicial reticência, o simpático Ben responde diretamente no serviço.
Enquanto o sempre genial De Niro foge dos seus personagens mafiosos para interpretar um senhor divertidíssimo, amigo e ajudante de todos, esbanjando vitalidade, Hathaway incorpora um papel ao qual parece habituada, a da durona sensível, que imediatamente remete ao ótimo “O Diabo Veste Prada”, muito pela chefe grudada ao trabalho – quem sabe, Meryl Streep e sua Miranda Priestley podem ter sido uma inspiração a Anne Hathaway. No fim das contas, a campanha do filme destacando dois atores vencedores do Oscar faz sentido, pois a química De Niro-Hathaway deixa o longa ainda mais agradável.
O filme é extremamente sensível. A conexão entre todos os personagens, especialmente a equipe de estagiários (formada por Adam DeVine, Zack Pearlman e Jason Orley) é sensacional. A vitalidade de De Niro como Ben, sua relação com Fiona (Rene Russo), sua presença de filme são uma lição e tanto, mostrando que, como diriam os “gênios” sobre o jogo de futebol, a vida “só acaba quando termina”.
Abordar o feminismo novamente é outro acerto de Nancy Meyers, com a personagem de Jules, a mulher na função de comandante do capital da família, com seu marido Matt (Anders Holm) fazendo o dono-de-casa, o pai entre as mães da escola (a filhinha, inclusive, é um tópico adorável da produção), um retrato válido para o século XXI. O mundo é moderno, precisa de reflexões acerca disso.
Muitas críticas batem pesado em Meyers pela repetição de tema, pelos cenários sempre iguais, pelos personagens ‘perfeitos’, por algumas cenas estapafúrdias. Sim, existem. Mas falta humanidade a tais críticos, falta olhar para o interior e perguntar o que o espectador vai buscar no cinema. Não são grandes técnicas de filme, não. O público quer se sentir agradável e contente, quer rir e ser surpreendido.
É a proposta de “Um Senhor Estagiário”, longa muito simpático e que arranca boas risadas, com um roteiro leve e um estilo bacana, sem deixar de lado, porém, momentos sensíveis que carregam certo drama. Assisti-lo é como ouvir a um álbum cheio de músicas alegres – nem sempre é necessário, mas seu dia melhora ao fazê-lo. A quem quer se divertir e relaxar, é o filme ideal. São duas horas que passam voando e deixam o espectador bem contente.
Nota: 4/5
Sinopse:
Bem-sucedida dona de um site de moda (Anne Hathaway) é abalada pela notícia de que terá de ter um estagiário. Por uma questão social os idosos precisam voltar a ativa e ela passa a contar com um senhor de 70 anos (Robert De Niro) buscando novos desafios em sua equipe.