Por: Gabriel Araújo (@gabriel_araujo1)
Ricardo Darín há de ter se esforçado muito em ‘Relatos Selvagens’, mas competir com Ida é muito difícil. O longa, concorrente polonês ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é essencialmente bonito. Guarda uma história forte, apresentada lentamente, mas com o devido grau de, vá lá, emoção.
No filme, que se passa no início dos anos 60, período pós-guerra no Leste Europeu, Anna (Agata Trzebuchowska) está pronta para firmar seus votos como freira. A ela é dado o direito de, dias antes, procurar sua única parente viva, Wanda (Agata Kulesza), complexada tia que a diz que, na verdade, a futura irmã é judia e chama-se Ida.
Juntas, começam uma viagem em busca da real e melancólica história da família, passando por vilarejos que garantem um belo cenário e, acima de tudo, cenas muito bonitas. Sempre em um belo Wartburg que não passa despercebido pelo fã de carros, aliás.
O grande destaque do filme, com certeza, é a fotografia. Não apenas pelo preto e branco, artifício muito bem utilizado e também visto recentemente com sucesso em filmes como Nebraska (2013), mas também por outras interessantes ideias dos diretores de fotografia, Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski.
A produção é apresentada em formato mais ‘quadrado’, em 4:3, muitas vezes destacando em massa o cenário e focalizando as personagens ‘de baixo para cima’, sem grandes movimentações. O sucesso do filme passa por algo bem parado, que, ao contrário da sonolência que causa em outros longas, se encaixa perfeitamente ao contexto de ‘Ida’, ainda que incomode especialmente na primeira parte.
Com boa trilha sonora, recheada de clássicos e jazz nos momentos ideais, o filme europeu tem a exata aleatoriedade para reflexão que buscava o diretor Pawel Pawlikowski, que jura retratar a Polônia de sua infância, num misto de tristeza e beleza.
O total de 80 minutos de ‘Ida’ é arte profunda e, de fato, vale os 96% no ‘Rotten Tomatoes’, os 70 prêmios e, claro, o favoritismo no Oscar.
Nota: 4/5
Sinopse:
Na década de 1960, às vésperas de assumir seus votos como freira no convento onde foi criada, Anna conhece sua única parente viva, a tia Wanda. A partir desse encontro, ela descobre um segredo obscuro de seu passado nos anos de dominação nazista, e vai em busca de respostas e do túmulo de seus pais. Nessa jornada, começa a questionar seu futuro.
